Comalpe Conservas de Peixe, S.A. - Vila Real de Santo António

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Comalpe Conservas de Peixe, S.A.

NOME FÁBRICA / FACTORY NAME:

PROPRIETÁRIO / OWNER: resultou da junção das sociedades Pilotos & Capa, Cofaco-Comercial e Fabril de Conservas Lda., Águia-Peixe Conservas SARL, Sociedade de Representações Industriais Sotalgarve Lda. e /ou respectivos sócios

FUNDAÇÃO / FOUNDED: 19 de Novembro de 1976

LABOROU EM / WORKED DURING:

ENCERRAMENTO / CLOSURE:

Nº EMPRESA IPCP / IPCP COMPANY Nº:

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS:

CIDADE / CITY: Vila Real de Santo António

NO MESMO LOCAL FUNCIONOU / AT THE SAME LOCATION WORKED:

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:

TIPO / TYPE: Packers of canned fish in olive oil

FONTES / SOUCES:
– Memórias & Documentos volume I, José Fernandes Piloto, José Joaquim Capa, António José Piloto Capa, de António Horta Correia

 

Em 31 de Maio de 1975, foi deliberado em Assembleia de sócios aprovar a cedência do quinhão social de 250$00, pertença de Dona Laura Piloto Capa Horta Correia, aos restantes cinco sócios. (acta n° 39)

Esta sociedade conseguiu ultrapassar as diversas e periódicas crises da indústria conserveira. Porem, foi o inesperado falecimento de António Capa, em 1938, o acontecimento de consequências mais gravosas para a sociedade. Recordemos que aconteceu num período em que se fizeram fortunas neste sector, sem que nos fosse possível, durante vários anos ter a sociedade a ser administrada, directamente, pelos sócios.

A crise geral das pescas nos anos 60 veio agravar a situação da indústria.

No ano de 1962, a pesca de atum nas armações lançadas na costa do Algarve começou a declinar. A armação do “Barril” foi a primeira a não ser lançada, em 1966, seguindo-se, em 1967, a do “Cabo de Santa Maria”, em 1968 a “Livramento”, e em 1972 a “Medo das Cascas”.

Os industriais conserveiros de Vila Real de Santo António, alguns anos antes do desaparecimento total da pesca nas armações nacionais, para manterem a habitual produção de conservas de atum, indispensável para o equilíbrio financeiro das empresas, começaram a importar, em regime de draubaque, atum fresco vindo directamente das armações lançadas na costa de Marrocos, pertencentes a “Societé Generale de Pecheries et Conserves au Maroc“, de Tanger, e a “Les Madragues Marocaines” de Port-Lyautey, que se distribuía pelos fabricantes locais, mediante acordo prévio onde se fixava as percentagens que cada fábrica iria receber. Mantiveram-se estas importações por vários anos, apesar das dificuldades surgidas, anualmente, na obtenção das respectivas licenças, por pressões da organização corporativa das pescas, a querer defender uma pesca nacional inexistente.

No principio da década de 70, com o fim destas importações por diminuição da pesca em Marrocos, e a decadência gradual da pesca local de sardinha e biqueirão, adivinhava-se a chegada a Vila Real de Santo António da crise que já afectava fortemente outros centros conserveiros.

Os acontecimentos de Abril de 1974, tendo provocado uma subida brusca dos salários e respectivos encargos, e a obrigatoriedade de serem efectivos todos os operários, houvesse ou não matéria-prima para trabalhar 33, tomaram inviável a continuação da exploração da nossa fábrica. Para se conseguir uma exploração fabril rentável, seria necessário modernizar as instalações e equipamentos, e atingir níveis de produção de outra grandeza, o que não estava ao nosso alcance. Como o seu encerramento obrigaria a pagamento de indemnizações avultadas e incomportáveis, tínhamos chegado a uma situação de impasse bastante complicada. Ainda se tentou a mudança para sociedade de responsabilidade limitada, de forma a salvaguardar os bens dos sócios, mas a ideia foi impedida pelas exigências dos bancos.

No decorrer de 1975, fui convidado pelo Dr. José Gomes Cumbrera para estudar a possibilidade e o interesse em participar numa nova empresa local, que abarcasse as duas fábricas da Cofaco, a Parodi, a Aliança e a Capa. Era uma proposta audaciosa, mas que vinha trazer uma hipótese de solução dos nossos problemas, comuns aos outros fabricantes.

Iniciámos, então, uma serie de reuniões entre os representantes dessas empresas, na tentativa de se definir as características da nova sociedade e os passos concretos que seria preciso dar para a conseguir erguer, tendo-se, logo de início, afastado a ideia da simples fusão das empresas.

33 O congelamento dos preços das conservas no mercado interno foi outra medida tomada nesse período. Também foi nacionalizado o “Fundo Corporativo”, propriedade de cada industrial depositado nos Grémios de Industriais, que servia para financiar a warantagem, e que deveria ser devolvido quando fosse cancelado o respectivo alvará. O Fundo Corporativo pertença de Pilotos & Capa era de 471.831$00.

Foi um período difícil, pois vivia-se numa grande incerteza sobre o futuro do país. Sem desanimo, reuníamo-nos, no fim das tardes, no escritório da Cofaco, o António Domingues Guerreiro, pela Casa Parodi, o Rui Martins, pela Sotalgarve (Aliança), e o Dr. José Cumbrera, que representou em tudo a Cofaco, pois o Sr. João Folque e Brito, tinha declarado, logo na primeira reunião, que não participaria nos trabalhos por aceitar tudo o que o seu sócio decidisse. Estes encontros, realizados com grande abertura e sinceridade, contribuíram para um melhor conhecimento mútuo e a uma aproximação indispensável para se levar por diante o projecto comum. Tínhamos a consciência de serem inúmeros os problemas a resolver. Um deles, de muito peso, era a transferência de todo o pessoal das cinco fábricas para a nova empresa, mas muitos outros existiam, como a definição do capital necessário para o seu funcionamento normal, a localização da fábrica e a escolha do equipamento técnico a adquirir. Passo a passo, fomos acordando nas etapas a realizar, sempre com muito realismo.

O ponto principal era, sem duvida, obter a concordância do Governo ao nosso projecto, o que esperávamos conseguir, dado que se evitaria uma grave catástrofe social na nossa Vila. O contacto com o Secretário de Estado das Pescas Eng . Pedro Coelho ficou a cargo do Dr. Cumbrera, que conseguiu obter um acordo de princípio. Porém, para a sua concretização, tomava-se necessário a elaboração de um contrato programa que estabelecesse as regalias e as obrigações das partes, e que pudesse servir para resolver situações idênticas em outros centros.

Uma das mais importantes decisões que então se tomaram, foi a nova sociedade apenas receber a parte dos activos dos sócios que lhe fossem indispensáveis, e não lhe ser transferido qualquer passivo, de forma a iniciar-se livre de todos os encargos que dissessem respeito aos sócios.

Ter-se decidido deste modo, que para alguns dos futuros sócios foi corajoso, teve influência determinante no apoio recebido das organizações sindicais, que, assim, bem entenderam as nossas intenções de criar uma empresa valida, com boas perspectivas de futuro, que assegurasse o trabalho ás centenas de trabalhadores das cinco fábricas. Parece-me ter sido esta a decisão de fundo mais importante que se tomou. Também tínhamos acordado que se escolheriam as melhores marcas e os melhores canais de distribuição, de forma a se aproveitar um valioso património, obtido no decorrer de dezenas de anos da vida das empresas associadas.

O nome a dar a nova sociedade, devido as sucessivas reprovações pela entidade competente das varias propostas apresentadas, acabou por ser um qualquer, sem significado, dada a urgência que havia em ir para diante.

Fiquei incumbido do contacto com a entidade que estava a preparar o contrato-programa, o que se traduziu em inúmeras viagens a Lisboa, durante alguns meses, sempre impaciente, por ver o tempo a passar e a nossa situação por resolver.

Assim decorria o ano de 1976 a par destes trabalhos de preparação do futuro, tinha que gerir o presente, isto é uma fábrica que iria ser encerrada, sem se saber quando … Recordo que só em Julho desse ano obtivemos a concordância final do Governo para o nosso projecto, e se iniciou, então, a fase da formalização da nova sociedade.

“Aos vinte e cinco dias de Setembro de mil novecentos e setenta e seis, reuniram-se na sede da sociedade “Pilotos & Capa”, os seus sócios ( … ).Presidido pelo socio Eng. Joaquim José Capa Horta Correia, usou da palavra o sócio-gerente Dr. António Manuel Capa Horta Correia para apresentar a ordem de trabalhos “Cessação da actividade industrial desta firma, na indústria de conservas de peixe, e participação no capital de sociedade a constituir com as empresas “Cofaco-Comercial e Fabril de Conservas Lda.“, “Águia-PeixeConservas SARL“, “Sociedade de Representações Industriais Sotalgarve Lda.”, e /ou respectivos sócios, . com o capital social de trinta milhões de escudos, subscrevendo a nossa firma ações no valor de três milhões e novecentos mil escudos, sociedade que absorverá a totalidade do pessoal ao nosso serviço e manterá o fabrico e comércio de conservas de peixe em molhos, salmouras e congelados, em conformidade com a reestruturação do sector que o Governo está a proceder”.

Explicados todos os motivos porque interessa proceder a tal operação, foi votada por unanimidade a proposta atrás transcrita e nomear o Dr. António Manuel Capa Horta Correia para representar esta sociedade na outorga da escritura de constituição da nova sociedade “Comalpe – Conservas de Peixe, SARL“, conferindo-lhe todos os poderes indispensáveis para tal, e também nomeá-lo seu representante junto da nova sociedade. A seguir foi encerrada a sessao. ( … )” ( acta n°41)

Capa

Capa – Flat fillets of anchovies in vegetable oil

Ás do Mar

Ás do Mar – Filetti di sgombri all olio di oliva senza pelle

Santamaria

Santamaria – Sardines Portugaises en tomate piquante

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