Júdice Fialho & Cª – Portimão – Fábrica S. José

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Júdice Fialho & Cª – Portimão – Fábrica S. José 

NOME FÁBRICA / FACTORY NAME: Fábrica S. José 

PROPRIETÁRIO/OWNER: João António Júdice Fialho 

FUNDAÇÃO / FOUNDED: 5 July 1892 

LABOROU EM/WORKED DURING: 1917; 1924; 1934; 1948. 

ENCERRAMENTO / CLOSURE:

Nº EMPRESA IPCP/ IPCP COMPANY Nº: 

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS: Rua de São José

CIDADE / CITY: Portimão 

NO MESMO LOCAL FUNCIONOU/AT THE SAME LOCATION WORKED:

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:
Júdice Fialho & Cª – Olhão
Júdice Fialho & Cª – Portimão – São Francisco ou Estrumal
Júdice Fialho & Cª – Portimão – São José
Júdice Fialho & Cª – Portimão – Ferragudo –  Fábrica Frito Velho
Júdice Fialho & Cª – Lagos
Júdice Fialho & Cª – Sines
Júdice Fialho & Cª – Setúbal
Júdice Fialho & Cª – Peniche
Júdice Fialho & Cª – Funchal

TIPO / TYPE: Packers of canned fish in olive oil

FONTES / SOUCES:
– Rodrigues, 1997;
– Duarte, 2003;
– Arquivo do Museu de Portimão. 
– A Indústria Conserveira na Construção da Malha Urbana no Algarve: Das Estruturas Produtivas à Habitação Operária (1900-1960), Armando Filipe da Costa Amaro

O Império Júdice Fialho - por Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes

A fábrica de S. José, na rua de S. José, no local denominado da Esperança em Vila Nova de Portimão, construída de raiz e cuja instalação terminou a 5-7-1892, especializou-se em conservas de sardinha.Segundo a descrição (de 1909) do padre José Vieira na sua obra “Memória Monográfica de Portimão” publicada em 1911, possuía:

«Abrange a fábrica de S. José uma área de 18.000 m2 na qual se contêm: escritório, morada do mestre, tinas, adega de azeite, casas de descabeçar e enlatar, oficinas de soldadores, máquina de ebulição, geradores de vapor, armazéns para depósitos de madeiras, oficinas de carpinteiros, estiva e casas de enxugar o peixe. Pessoal do escritório: gerente, caixa e mais 4 empregados com a média de 1$000 reis diários. Pessoal da fábrica: mestre e contra mestre, mestra e contra mestra com a média de 1$500 reis diários; 20 soldadores, média 1$200; 200 mulheres a 30 reis por hora, media 300 reis», acrescentando o referido autor que «N’um compartimento de 5m x 24m da fábrica de S. José está instalada a oficina das latas vazias. Tem no centro uma árvore de 24m, de comprimento movida por dois electromotores de 4 cavalos cada, e outra junto à parede do nascente com 20m de comprimento movida por dois electromotores de 4 1⁄2 cavalos. Estas árvores dão movimento a duas máquinas onde trabalham 70 operários e produzem 10:000 latas por dia. Média dos salários, 290 reis diários»A fábrica de S. José, continha as seguintes máquinas e equipamentos, segundo o inventário de 1932

«13 mesas de descabeçar; 4 carros de cozer, 3 carros de estufar; 2 cofres de cozer; 1 cofre estufa, 10 mesas de enlatar de pedra, com 130 lugares; 6 cravadeiras Matador; 1 cravadeira Bliss. Na secção de guano, 2 cozedores (dornas) e 4 prensas Mabile para guano, como máquinas diversas eram contabilizadas, 2 burrinhos para alimentação das caldeiras; 1 bomba de vapor para tirar água; 2 depósitos aéreos para água; 2 depósitos rectangulares para lavar grelhas; 3 cravadeiras para frutos; 1 balancé; 3 caldeiras de vapor todas de 7 kgs; 3 motores de vapor e 1 dínamo accionado por um dos motores a vapor».

Esta fábrica, possuía ainda 1 dínamo gerador de 13,5 kw, que fornecia energia eléctrica para iluminação em 1938 de 1682 kw.

O nascimento de um império conserveiro:
“A Casa Fialho”
(1892 – 1939)

Fábrica de São José;
Rua de São José – Vila Nova de Portimão; Processo No 140 – Alvará 4.159; Concessão do Alvará 14 de Outubro de 19231  70.

Em 1892, Júdice Fialho monta a sua primeira fábrica de conservas de peixe, a Fábrica de São José “cuja instalação terminou a 5 de Julho de 1892” 171 (vd. anexo 1), situada a norte de Portimão, junto ao rio. Esta fábrica de Júdice Fialho, foi construída de raiz. A descrição da mesma é feita pelo Padre José Vieira, na sua Memória Monográfica de Portimão da seguinte forma:

“Abrange a fábrica de S. José uma área de 18.000 m2 na qual se contêm: escritório, morada do mestre, tinas, adega de azeite, casas de descabeçar e enlatar, oficinas de soldadores, máquina de ebulição, geradores de vapor, armazéns para depósitos de madeiras, oficinas de carpinteiros, estiva e casas de enxugar o peixe. Pessoal do escritório: gerente, caixa e mais 4 empregados com a média de 1$000 reis diários. Pessoal da fabrica: mestre e contra mestre, mestra e contra mestra com a média de 1$500 reis diários; 20 soldadores, média 1$200; 200 mulheres a 30 reis por hora, media 300 reis”172, acrescentando o referido autor que, “N’um compartimento de 5m x 24m da fábrica de S. José está instalada a oficina das latas vazias. Tem no centro uma árvore de 24m, de comprimento movida por dois electromotores de 4 cavalos cada, e outra junto à parede do nascente com 20m de comprimento movida por dois electromotores de 4 1⁄2 cavalos. Estas árvores dão movimento a duas máquinas onde trabalham 70 operários e produzem 10:000 latas por dia. Média dos salários, 290 reis diários”173. Estas descrições são de 1909, altura da conclusão do livro Memória Monográfica de Portimão (só foi publicado em 1911), o autor escreve, que em Portimão só existem três fábricas, a de São José, a do Estrumal, também conhecida por São Francisco, ambas de Júdice Fialho, e outra igualmente de nome São Francisco, esta propriedade da firma “Feu Hermanos”.

A razão do nome de São Francisco é devido à proximidade que as fábricas tinham com o Mosteiro de São Francisco, que existia nas imediações da zona onde as fábricas estavam implementadas 174.

171 M.M.P., Arquivo Histórico, «5a Circunscrição Industrial», documentos fotocopiados trazidos do Patacão, Processo n.o 140: S. José (Júdice Fialho), Alvará 4.159.

172 VIEIRA, 1911: 89 – 90.

173 VIEIRA, 1911: 90.

174 Cf. MARQUES; VENTURA, 1993: 27 – 29.

 A Indústria Conserveira na Construção da Malha Urbana no Algarve: Das Estruturas Produtivas à Habitação Operária (1900-1960) de Armando Filipe da Costa Amaro – Mestrado Integrado em Arquitectura – Dissertação – Évora 2020. Este documento em anexo, resulta do processo de trabalho para a localização dos edifcios industriais de produção de conservas. Na evidência de falta de trabalhos que identificassem e localizassem, corretamente, a maioria do parque industrial conserveiro, do Algarve, tornou-se premente colmatar essa lacuna. A informação compilada neste anexo é referente às fábricas, a sua localização e às diferentes empresas/proprietários, que trabalharam no mesmo edifício, ao longo do tempo. Tendo o objetivo de determinar, o surgimento e o periodo de tempo em que num determinado local funcionou uma fábrica de conservas.

Portimão

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