Américo Ribeiro

Excerto do filme sobre a obra de Américo Ribeiro, fotógrafo da memória de Setúbal no sec. XX, realizado por Hugo Alves do 12ºF do curso tecnológico de multimédia da escola D. João II, com o apoio de Bruno Ferro do Arquivo fotográfico Américo Ribeiro/Casa de Bocage.

Durante 65 anos, Setúbal posou para a objetiva de Américo Ribeiro, fotógrafo que viu e viveu o Concelho como poucos.

Entre 1927, altura em que, com 21 anos, comprou por 60 escudos a primeira máquina fotográfica, e 1992, ano do seu falecimento, realizou mais de 100 mil instantâneos, adquiridos, quase todos, pela Câmara Municipal.

Carpinteiro e empregado de balcão antes de se dedicar por completo àquela que seria a paixão da sua vida, foi graças ao apoio oferecido pelo proprietário da tabacaria onde trabalhava na época que Américo Ribeiro pôde iniciar a carreira de fotógrafo.

A mudança para repórter-fotográfico deu-se naturalmente, primeiro por intermédio dos jornais O Setubalense e Diário de Notícias, do qual era correspondente já em 1929, a que se seguiram O Século, A Bola, Correio da Manhã, Diário Popular, Diário de Lisboa e Indústria, entre muitos outros.

A íntima ligação com Setúbal, onde nasceu no dia 1 de janeiro de 1906, reflete-se através da proximidade com o povo e, por exemplo, com diferentes coletividades locais, como o Grupo Dramático Juvenil de Setúbal e o Orfeão Cetóbriga. Ultrapassou os 50 anos de sócio do Vitória Futebol Clube e foi um dos mais antigos da Sociedade Musical Capricho Setubalense, da qual chegou a ser diretor.

Momentos da história do Concelho ficaram registados em imagem graças ao olhar de Américo Ribeiro. As visitas de vários presidentes da República Portuguesa e da rainha Isabel de Inglaterra e a queda de um avião britânico em Troia, durante a II Guerra Mundial, são disso exemplos.

A lente do fotógrafo setubalense chegou, inclusivamente, a captar um jantar de militares alemães, oferecido nas instalações de uma fábrica de conservas pelo proprietário local, simpatizante da ideologia nazi.

A qualidade do seu legado fotográfico foi homenageada, ainda em vida, com a Medalha de Honra da Cidade, na Classe Cultura, entregue em 1985 pela Câmara Municipal, e, em 1991, com a Medalha de Mérito Distrital.

Colecionador de máquinas fotográficas, realizou várias exposições e teve o seu trabalho patente em países como a antiga República Federal Alemã, França e Inglaterra.

Américo Ribeiro morreu no dia 10 de julho de 1992.

Fonte: “Setubalenses de Mérito – 120 fotografias”, João Francisco Envia

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