Gazeta de Espinho 1901-1909

Jornais - Newspapers

GAZETA DE ESPINHO 1901-1909

Texto retirado do site da biblioteca municipal de Espinho, redigido por Armando Bouçon, Chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Espinho. 

Os jornais de maior divulgação praticamente só tinham correspondentes nas capitais de distrito e também nas estâncias balneares e termais mais importantes, durante a época de veraneio. Nesta praia, um dos correspondentes do Comércio do Porto foi o padre André de Lima, natural e residente em Espinho e que depois veio a ter uma participação mais ativa no jornalismo local, em particular na Gazeta de Espinho.O processo que conduziu à elevação da praia de Espinho a concelho foi marcado por várias lutas políticas entre aqueles que defendiam a autonomia e a edilidade feirense que queria, a todo custo, preservar dentro dos seus limites, uma freguesia que contribuía para os cofres do município com uma receita muita próxima das contribuições totais das restantes trinta e cinco freguesias que faziam parte do concelho. Nesse sentido, a imprensa da Feira desencadeou uma campanha pela integridade concelhia e contra os promotores da autonomia, denegrindo por vezes a imagem de Espinho. Em 1900, o grupo de elementos que desencadeou o processo da independência administrativa resolveu fundar um semanário para defender os interesses do recente concelho, contra os ataques da Câmara da Feira e da sua imprensa. O primeiro nome avançado para título do periódico foi o de Jornal de Espinho, acabando depois por ser atribuído o nome de Gazeta de Espinho.

O primeiro número da Gazeta de Espinho foi publicado no dia 6 de janeiro de 1901. Com uma periodicidade semanal (saía ao Domingo), o jornal apresentou até ao número 678 um formato com as dimensões 46\32 cm e depois 48\34 cm em quatro páginas com cinco colunas nas três primeiras e três na última página. O número 329, de 5 de maio de 1907 apresenta como subtítulo – “Órgão do Partido Republicano”. A partir de 18 de outubro de 1910 adotou o lema “Pela Pátria e Pela República!”.

A parte superior da primeira página era dedicada ao editorial e a temas de política nacional e local, e a inferior aos folhetins em episódios. Na segunda página aparecia o noticiário local que incluía diversos assuntos desde sessões da Câmara, atividade piscatória, o tempo e as marés, diversões e festividades, notícias sobre a feira, os nomes e a proveniência dos veraneantes mais ilustres, artigos de opinião e por vezes uma pequena parte dedicada à poesia e à literatura. A terceira página era preenchida pelas notícias dos correspondentes das freguesias limítrofes e de outras localidades – Anta, Argoncilhe, Caldas de S. Jorge, Canedo, Esmoriz, Feira, Fiães, Gaia, Guetim, Granja, Lamas, Lever, Mozelos, Nogueira da Regedoura, Oleiros, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Douro, Paços de Brandão, Paramos, S. João de Ver, Silvalde, etc. –, horário dos comboios, editais, necrologia e com alguma publicidade. A última página era inteiramente dedicada aos anunciantes. Quando os acontecimentos políticos ou administrativos assim o justificavam, a direção do jornal publicava suplementos.

A coleção da Gazeta de Espinho encontra-se dispersa por três entidades. Na Biblioteca Municipal de Espinho existem exemplares referentes aos anos de 1901 a 1906 e de 1908 a 14 de setembro de 1919. Na Biblioteca Pública do Porto a coleção começa no ano de 1907 e termina em outubro de 1935, data em que foi publicado o último número. As Biblioteca Nacional têm uma coleção que termina no número 215, de outubro de 1932.

Armando Bouçon
Chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Espinho

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