A INDÚSTRIA CONSERVEIRA EM CASCAIS DURANTE A GUERRA - Câmara Municipal de Cascais
Nas vésperas da Grande Guerra, Portugal era o primeiro produtor mundial de conservas. Em 1916 já laboravam 110 fábricas deste produto no nosso país, 54 das quais em Setúbal e 40 no Algarve. As restantes distribuíam-se sobretudo por Buarcos, Sesimbra, Espinho, Matosinhos e Peniche. Na verdade, mercê da deflagração do conflito e da necessidade de produção de alimentos menos perecíveis, esta indústria expandir-se-ia fortemente, passando de terceiro para segundo lugar no valor total das exportações portuguesas.
Cascais não foi imune a esta tendência, como o atesta o Anuário Comercial. Consequentemente, em 1915, a vila parecia contar com duas fábricas de conserva de fruta e sardinhas: a Emile Renault & Commandita e a Sociedade La Bretagne. Desaparecia, assim, a referência à unidade de Luís Apert.
Dois anos depois este periódico já não alude à Emile Renault & Commandita, apontando, todavia, a existência de uma nova unidade similar – a Chancerelle & Cascais – para além de uma fábrica de queijos de tipos estrangeiros.
Em 1918 regista-se, também, o funcionamento de outras duas unidades conserveiras de frutas e sardinhas: A Cascais e a Callé & C.ª.
Desta forma, no ano seguinte, a vila disporia supostamente de sete fábricas deste género, a saber: A Cascais; Avis, Ld.ª; Bonifácio, Santos & C.ª, Ld.ª; Callé & C.ª; Graça & Pascoal, Ld.ª; Sociedade de Conservas, Ld.ª.; e Sociedade La Bretagne. À prosperidade da guerra seguir-se-ia um período de falências, uma vez que o lucro fácil teve irremediavelmente de ceder lugar à profissionalização…
in A INDÚSTRIA CONSERVEIRA EM CASCAIS DURANTE A GUERRA – Câmara Municipal de Cascais
INFORMAÇÃO CRONOLÓGICA
A Comissão Executiva da Câmara Municipal decide abrir concurso para a arrematação da recolha do lixo.
A Comissão Executiva da Câmara Municipal toma conhecimento de correspondência da Subdelegação de Saúde comunicando a falta de higiene da fonte do Zambujal e de um poço junto à estação de Carcavelos. O mesmo sucedia nas fábricas de conservas de peixe da Praça Costa Pinto e da Travessa Frederico Arouca, em Cascais.
A Comissão Executiva da Câmara Municipal defere o pedido de licença definitiva de Alberto de Gusmão Navarro para a laboração de uma fábrica de conservas de peixe na Rua Freitas Reis, em Cascais. Decide, ainda, passar licença a uma fábrica de manteigas e queijo, requerida por Jaime Raul de Brito Carvalho da Silva.
A Comissão Executiva da Câmara Municipal toma conhecimento de correspondência da Administração do Concelho remetendo cópia do alvará da fábrica de conservas na vila pertencente a Luís Apert.
A Comissão Executiva da Câmara Municipal decide ser «agora ocasião de se tomar providências sobre a venda de peixe miúdo, principalmente sardinha e carapau, de forma a evitar-se que se venda por alto preço ou seja todo ou quase todo consumido pelas fábricas de conservas».
A Comissão Administrativa da Câmara Municipal toma conhecimento do requerimento enviado por Bonifácio, Santos e Companhia Ld.ª para o licenciamento de uma fábrica de conservas de peixe em Cascais.
A Comissão Administrativa da Câmara Municipal toma conhecimento de requerimento enviado por Graça & Pascoal, Ld.ª com vista à obtenção de licença para uma fábrica de conservas de sardinha em Cascais.
A Comissão Administrativa da Câmara Municipal toma conhecimento de um requerimento de Freitas & Dinis, Ld.ª solicitando vistoria à sua fábrica de conservas de peixe nas Loureiras, em Cascais.
A Comissão Administrativa da Câmara Municipal toma conhecimento de requerimento enviado pela Sociedade de Conservas, Ld.ª solicitando a concessão de alvará de licença definitiva para laboração de uma fábrica de conservas em Alvide.
A associação entre São Pedro do Estoril e o turismo interno e de saúde seria reforçada em 1927com a
transformação da antiga fábrica de conservas de Carlos Correia em colónia balnear e infantil (para
crianças pobres) gerida pelo jornal O Século.
Cf. João Miguel Henriques, Da Riviera, p.249.
Conceção: Câmara Municipal de Cascais – Departamento de Inovação e Comunicação Divisão de Arquivos Municipais / Divisão de Marca e Comunicação
Coordenação: João Miguel Henriques
Investigação, textos e seleção de imagens: Margarida Sequeira João Miguel Henriques
Colaboração: Isabel Fernandes Paulo Costa
Prefácio: Prof. Dra. Maria Fernanda Rollo
Apoio:
Mafalda Martinho Cristina Neves Conceição Santos
Ana Nogueira
Maria de Lurdes Russo Edite Sota
Fernanda Borges
Imagens: Arquivo Histórico Municipal de Cascais [AHMCSC]
Design gráfico: Sara Aguiar
ISBN 978-972-637-268-4