2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 05
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 05
A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais, por Sara Monteiro
Sara Monteiro é designer gráfica licenciada e mestre em Design de Comunicação pela ESAD – Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Realizou a dissertação A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais: Análise dos Rótulos Produzidos de 1920 a 2014 no âmbito do Mestrado em Design de Comunicação em 2014.
MESTRADO EM DESIGN DE COMUNICAÇÃO – ESCOLA SUPERIOR DE ARTES E DESIGN, MATOSINHOS, 2014
SARA SOUSA MONTEIRO
ORIENTADORA D.ER MARGARIDA AZEVEDO
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 05
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 04
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 03
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro – CAPÍTULO 02
A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais, por Sara Monteiro – CAPÍTULO 01 Sara Monteiro Voltar ao menu Teses e
2014 – A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais – Sara Monteiro
Publicidade de empresas conserveiras em Matosinhos
Mascato – Extra Portuguese Sardines in Pure Olive Oil – Peeled and Boneless
Cronologia de marcas de conservas da Pinhais – Matosinhos
RESUMO
Palavras chave
Embalagem, Conservas, Rótulo, Património, Espólio
O presente trabalho de investigação, no âmbito do Design de Comunicação, em particular na área da Embalagem, pretende analisar e dar a conhecer os rótulos aplicados sobre embalagens da indústria conserveira, originárias do espólio da conserveira Pinhais & C.ª L.ª, sediada, desde 1920, em Matosinhos. As embalagens estudadas do vasto e antigo património ainda existente e disponível foram produzidas entre 1920 e 2014, por uma das quatro fábricas que prevaleceram, no centro conserveiro do norte do país, cujas unidades fabris já rondaram as cinquenta unidades.
A embalagem encarada como factor primordial de conservação de alimentos e sedução de públicos e em particular os rótulos, são testemunhos de uma transformação social e estética evidenciada na ilustração e nos grafismos adoptados.
Representativo de uma memória e de um património estético e cultural relevante no contexto dos estudos de embalagem, o espólio da conserveira em análise pela sua riqueza e diversidade de embalagens, em particular os grafismos vintage, afigura-se-nos de grande riqueza imagética que deve ser valorizado e reinterpretado podendo inclusive estar na base de linguagens gráficas mais contemporâneas a adoptar pela empresa.
ABSTRACT
Keywords
Packaging, Canning, Label, Heritage, Assets
The present research work, in the context of Communication Design, in particular in the area of Packaging, intends to analyze and to divulge the labels applied on packaging of the canning industry, originating in the assets of the cannery Pinhais & C.ª L.ª,headquartered, since 1920, in Matosinhos. The studied packaging of the vast and ancient heritage still existing and available, specially the labels, were produced between 1920 and 2014, by one of the four factories that prevailed in the north canning center of the country, which once possessed about fifty units.
The packaging seen as a paramount factor of the conservation of food and seduction of public and in particular the labels, are a testimony of a social and aesthetics transformation evidenced in the illustration and graphics adopted.
Representative of a memory and a cultural and aesthetic heritage relevant in the context of the packaging studies, the assets of the cannery in analysis for their richness and diversity of packaging, in particular the vintage graphics, seems to us of a great imagery wealth that should be valued and reinterpreted and can even be the basis of graphical languages more contemporary to adopt by the company.
AGRADECIMENTOS
Na concretização deste projecto e ao longo do seu desenvolvimento, houve um conjunto significativo de pessoas e instituições que pelo conhecimento, ajuda e apoio partilhados, foram fundamentais para a sua realização e a quem fico muito grata.
Um primeiro agradecimento vai para a professora Margarida Azevedo, que orientou o presente projecto, tornando acessível o seu conhecimento, o seu rigor e amizade. Agradeço também, à Conserveira Pinhais & C.ª L.ª, em particular à gerência pela disponibilização do seu tempo e partilha do espólio da empresa, e aos seus funcionários que com o detalhe das suas memórias enriqueceram o presente trabalho. À Escola Superior de Artes e Design e aos docentes que acompanharam e influenciaram a minha formação académica. Aos meus pais, que me proporcionaram uma formação superior, e que me apoiam incondicionalmente. E, aos demais amigos e familiares que de uma forma ou de outra estão sempre presentes.
ÍNDICE
RESUMO
ABSTRACT
AGRADECIMENTOS
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
CAPÍTULO 01
26 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMBALAGEM DE CONSERVAS DE PEIXE
28 A conservação de alimentos
29 O processo de conservação de alimentos por Nicolas Appert
31 A indústria conserveira
35 A indústria conserveira em Matosinhos
36 O porto de Leixões
39 Os conflitos mundiais e a indústria conserveira portuguesa
DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO
CAPÍTULO 02
52 A CONSERVEIRA PINHAIS
54 Fábrica de Conservas Pinhais & C.ª L.ª
57 As marcas da Conserveira Pinhais & C.ª L.ª
58 Processo de fabrico tradicional na Pinhais & C.ª L.ª
CAPÍTULO 03
78 A LITOGRAFIA NOS RÓTULOS DE CONSERVA
80 A importância do rótulo na embalagem
85 A ténica de impressão litográfica
92 A litografia e a indústria conserveira portuguesa
CAPÍTULO 04
110 A EMBALAGEM DE CONSERVAS
112 Tipologias e sistemas de abertura das latas de conserva de peixe
ESPÓLIO DA CONSERVEIRA PINHAIS & C.ª L.ª
CAPÍTULO 05
128 ANÁLISE GRÁFICA DOS RÓTULOS DAS LATAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
INDEX DE IMAGENS
O desenvolvimento industrial do concelho de Matosinhos sofreu um forte incremento, a partir dos finais do século XIX, devido à sua proximidade ao mar. A situação geográfica, a abundância de matéria-prima e a facilidade de exportação dos produtos, tornou Matosinhos num centro piscatório relevante, que impulsionou o desenvolvimento de outras indústrias ligadas ao mar, caso da indústria conserveira, a qual se converteu num dos motores de desen-volvimento da região e do país. É nos produtos transformados e em particular nas embalagens de conservas desta indústria, encaradas como objetos de arqueologia industrial, que selecionamos o nosso objecto de estudo.
O forte incremento do consumo de conservas ocorrido nos últimos anos, depois de décadas de declínio e desaparecimento de muitas das empresas conserveiras sediadas no concelho, veio evidenciar a relevância desta indústria para a região e tornar premente a preservação do património, com “a criação de um museu dedicado ao mar, às suas gentes e à industria conserveira” (Couto, p.3), ideia que já tem vindo a ser falada desde a década de setenta, mas que nunca chegou a passar de uma idealização.
Integrada num contexto social, cultural e económico em transformação surge a vontade e a oportunidade de realizar estudos no âmbito do Design de Comunicação, em particular na área da Embalagem. Um trabalho de investigação, arquivo e análise dos rótulos aplicados sobre embalagens da indústria conserveira, originárias do espólio da conserveira Pinhais & C.ª L.ª, sediada, desde 1920, em Matosinhos. As embalagens estudadas foram produzidas entre 1920 e 2014, por uma das quatro fábricas que prevaleceram, no centro conserveiro do norte do país, cujas unidades fabris já rondaram as cinquenta unidades.
De grande importância económica para a região, esta indústria, “leva o nome de Matosinhos para o resto do mundo nas suas pequenas embalagens” (Couto, p.4). Todavia os seus rótulos transportam também um valor cultural e artístico, identitário da região, do seu povo e do seu imaginário. Os rótulos entendidos como elementos distintivos e caracterizadores da embalagem de conserva são o foco principal deste estudo, nomeadamente as suas transformações.Os rótulos das embalagens são testemunhos gráficos de mudanças estético culturais passíveis de serem estudadas e analisadas.
A escolha deste tema surge assim, com a intenção de analisar e documentar o espólio da conserveira Pinhais, dando a conhecer e fomentando o interesse por estes objectos que considerámos parte do património cultural e artístico da região, assim como pelo interesse em explorar o grafismo vintage português, olhando para o que de melhor já foi concebido.
O plano de investigação delineado utiliza o método denominado ‘field of study research’ de Noble e Bestley (2011, p.56-59), que define numa primeira fase o campo de estudo, seguido pela identificação do foco do estudo e por último a metodologia a utilizar. Partindo deste método, estabelecemos um paralelismo com a metodologia de Gillian Rose, a qual, por oposição ao método de Noble e Bestley, parte do foco de estudo, e cria três partições, denominadas ‘campo da imagem em si’, ’campo da produção’ e ‘campo da audiência’. Num primeiro momento, delineamos outras áreas de interesse que seriam importantes para a análise, com o intuito de ter um maior e melhor entendimento do contexto do objecto de estudo – enquadramento histórico social e cultural, contextualização histórica da conserveira Pinhais, técnica de impressão litográfica dos rótulos, tipologias da embalagem de conservas – áreas que procuramos desenvolver nos primeiros capítulos do presente trabalho.
Uma outra fase do projecto passou pela recolha e organização do objecto de estudo, ou seja, das embalagens que compõem o espólio da conserveira Pinhais. Após o registo fotográfico de todas as embalagens e outros materiais gráficos, seleccionamos cinco marcas das quinze existentes, e destas, duas latas de cada marca selecionada, uma versão antiga, que denominamos ‘vintage’ e outra recente que denominamos ‘actual’, para identificar os elementos constantes e analisar as alterações que ocorreram nos rótulos ao longo dos anos.
Para estruturar a análise baseámo-nos no modelo de Laurent Gerverau (2007), que divide a análise da imagem em três etapas: a descrição, a evocação do contexto e a interpretação. “(…) a descrição inspirar-se-ia mais nos métodos do historiador de arte, a evocação do contexto, teria a ver com os métodos do historiador e, por último, a análise, tomaria como referência a metodologia do semiólogo.” (Gerverau, 2007, p.45) Também podemos sintetizar estas três etapas com três questões, “o que nos diz a imagem dela própria?”, “o que é que o contexto em que foi criada a imagem nos diz?” e por último, “o que vemos na imagem?”. Tendo em conta que a grelha proposta por Gerverau, pode ser seguida parcialmente ou na integra, optamos por focar a nossa análise nos aspectos formais da imagem.
A flexibilidade da grelha de Gerverau permitiu-nos dividir a nossa análise em; “técnica”, entendida como informações materiais relativas aos documentos considerados (nome do emissor, data de produção, localização, material, técnica utilizada, formatos); “estilística”, onde se questiona a imagem de modo a perceber como é que foi executada (como é o traçado, quantas cores foram utilizadas, intencionalidade de volume); e a “temática”, onde questionamos o tema da imagem. Assim, no caso das ilustrações dos rótulos das embalagens de conservas, analisamos o que foi ilustrado e como foi ilustrado.
No decorrer do estudo enfatizou-se a questão, “como descrever com o que uma imagem se parece?” (Rose, 2002, p.33), com o intuito de encontrar um vocabulário que permita expressar a aparência de uma imagem, conjugando a grelha de Gerverau, com a metodologia de análise da imagem proposta por Gomez (n.d.), modificando e aumentando a lista de tópicos a analisar, de modo a adequá-los ao objecto de estudo. A grelha final adoptada subdividiu-se então em, “Descrição Técnica” (localização do espólio; fabricante; exportador; data; marca; duração da marca; tipo de conserva; peso Neto; mercado de destino; Embalagem; nome do emissor; material; cor; dimensões; peso; tipo de lata; tipo de abertura; Rótulo; impressão; técnica de impressão; cores utilizadas; informação escrita); em “Descrição Estilística” (o ponto; a linha; o plano/espaço; a percepção dos planos; molduras; escala; forma; textura; contraste; tonalidade/cor; incorporação de texto); e “Descrição Temática” (perspectiva; tensão; proporção; distribuição de pesos visuais; lei dos terços; trajecto visual).
Este primeiro campo da análise da imagem, pretende fazer uma descrição o mais pormenorizada possível da imagem. “Longe de se tentar interpretar, deve-se seriar os elementos perceptíveis.” (Gerverau, 2007, p.57) No entanto, como o próprio autor indica os três campos de análise, descrição, evocação de contexto e interpretação, extravasam os limites das suas esferas.
“Apesar de termos examinado o nível morfológico, centrado especialmente no exame dos elementos expressivos tangiveis, não devemos perder de vista que o seu estado não pode estar isento de uma carga valorativa. Neste sentido, convém recordar que, como afirma Arnheim ou Gombich, “ver e compreender” remete para a natureza subjectiva da actividade analítica” (Gomez, n.d.)
Em suma a presente análise, baseia-se numa grelha que apela ao rigor, mas como qualquer análise estará sempre sobre a influência do analista, dos seus conhecimentos e experiências.
Quanto à apresentação da análise optámos por associar a fotografia de cada documento em estudo, ao texto de análise, apresentando as embalagens em questão em tamanho real, pois “o único equivalente da imagem é sempre a própria imagem.” (Gerverau, 2007, p.10)
Também integramos na investigação e trabalho de campo visitas ao Museu de Portimão e ao Museu de Espinho, à Associação Nacional dos Industriais de Conservas (ANICP) assim como ao Núcleo de Amigos dos Pescadores de Matosinhos (NAPESMATE), à fábrica conserveira Pinhais & C.ª L.ª e às empresas de litografia, Rio Caima S.A. e Amorim & Amorim, bem como a consulta dos projectos; ‘Sardinha’ de Filipe Couto, ‘Phosphoros, Rótulos com História’ de Cláudia Castro, ‘Brand Archives’ de Pedro Almeida e destacando pela relevância do seu conteúdo, as publicações ‘Conservas’ e ‘Conservas de Peixe’. A pesquisa de outras fontes escritas, orais e imagéticas, foi efetuada na Biblioteca Municipal Florbela Espanca de Matosinhos, Biblioteca Municipal do Porto, Biblioteca do Museu de Portimão e Biblioteca da ESAD, que consideramos fontes cruciais para uma melhor compreensão do objecto de estudo.
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