Excerto de Linhas de Evolução da Indústria Conserveira em Setúbal de Albérico Afonso e Carlos Mouro

A segunda unidade que conhecemos em Setúbal foi montada entre 1836 e 1838 num terreno baldio, na praia do Cadoz (16) ao poente do cais novo. Este terreno fora aforado, em 13 de Janeiro de 1836 (17) pela Câmara Municipal de Setúbal à firma Torlades & Companhia por 6$400 reis/ano, para aí, por conta da mesma sociedade estabelecer-se uma (. . .) fábrica de emprensar sardinha e mais pescarias. Em contrapartida, a Torlades obrigava-se a construir uma doca de abrigo para todas as embarcações, uma vez que pagassem, estas, o estipulado na tabela que a mesma sociedade iria divulgar. A fábrica já deveria estar montada em 1838, pois que a 1 de novembro desse ano, a Torlades assina com Pedro Morano, José Morano e Brás Ortiga, estivadores espanhóis, um contrato de trabalho “na qualidade de proprietários que eram de uma fábrica de emprensar sardinha e outros pescados, formada nesta vila na praia do Cadoz” (18).

(16) A praia de Cadoz compreendia o espaço entre o ribeiro do Livramento e o Largo da Anunciada (Roteiro da Cidade de Setúbal, Tipografia Nova Havanesa, 1891)
(17) Arquivo Distrital de Setúbal, Fundo Notarial,74/329, f. 34-39.
Esta escritura aparece já citada por Alberto Pimentel, Memória sobre a História e Administração do Município de Setúbal. Lisboa, 1877, p. 350.
(18) Arquivo Distrital de Setúbal, Fundo Notarial, 74/332, f. 98v-99.