“Setúbal: il porto, la pesca e le industrie” - 1968. Vicenzo Floridi

“Setúbal: il porto, la pesca e le industrie”, pubblicato su Bollettino della Società Geografica Italiana, Nº 4-6, pp. 173-225,. Roma, 1968. Vicenzo Floridi

VINCENZO FLORIDI - O porto, a pesca e a indústria 

Capítulo 4. Indústrias. (tradução do italiano)

A actividade industrial mais representativa de Setúbal é a das conservas de peixe, indústria ligada à frota local de sardinhas por laços muito estreitos de dependência mútua (86), e que remonta a 1880, ano em que foi fundada a primeira fábrica de sardinhas fundou o petróleo da cidade (87), e talvez também de Portugal inteiro, por iniciativa de um industrial de Lorient, F. Delory, que, como muitos outros compatriotas, tinha sido forçado pela crise pesqueira francesa a olhar no exterior favorável condições para o estabelecimento de novas fábricas. O extraordinário resultado obtido desde o início pela fábrica Delory em Setúbal, e a sua gémea em Olhão, foi logo seguido por inúmeras fábricas que começaram a surgir por toda a parte, multiplicando-se com incrível velocidade em todos os grandes centros marítimos portugueses (88).

(86) De facto, a indústria conserveira processa cavala, carapau, anchova e, sobretudo, sardinha, dos quais absorve geralmente 50-55% do total das capturas do país, sendo o restante destinado ao consumo.

(87) Setúbal, no entanto, não era nova neste tipo de tentativas, ainda que não tivessem tido seguimento: assim, em 1855, na Exposição Universal de Paris, conservas de peixe em óleo preparadas pelo processo Appert por Feliciano A. da Rocha e, dez anos depois, outro setubalense, Manuel José Neto, abriram uma fábrica especializada na produção de enlatados de dourada, pargo e pescada, que eram exportados principalmente para o Brasil (Setúbal e os problemas da sua economia, cit., ver página 50).

(88) De facto, Portugal passou de um total de 76 fábricas em 1896 para 106 unidades em apenas dezasseis anos, e depois para mais de 400 em 1924, enquanto as exportações aumentaram, paralelamente, de uma média de 16.000 toneladas, para o período entre 1901 e 11 de 1910, aos 28.000 da década seguinte e aos 40.500 de 1921-1925.

"Setúbal, no entanto, não era nova neste tipo de tentativas, ainda que não tivessem tido seguimento: assim, em 1855, na Exposição Universal de Paris, conservas de peixe em óleo preparadas pelo processo Appert por Feliciano A. da Rocha..."

Mas o contributo de Setúbal, que na altura detinha a primazia entre os portos lusitanos da pesca da sardinha, foi de facto decisivo, graças à excecional abundância de peixe da sua plataforma continental.

Nos primeiros quinze anos do século as suas exportações, são estimadas no total em cerca de 135.000 toneladas, que correspondiam sozinhas a 48% das do país, enquanto a capacidade teórica de produção anual das suas 42 fábricas, em 1912, era calculada em mais de um milhão  de caixas, equivalente a aproximadamente 19.000 toneladas de conservas de peixe (89).

(89) A produção portuguesa de conservas de peixe sempre foi quase inteiramente destinada à exportação; atualmente, os principais compradores regulares são os países M.E-C. e E.F.T.A., que, em 1965, importaram respectivamente 45.109 toneladas. (equivalente a 54,8% do peso total, incluindo peixe em salmoura) e 15.248 toneladas. A Itália, que há vários anos é um dos maiores importadores, em 1966, comprando 12.669 toneladas de conservas, no valor de 4,5 bilhões de liras, ficou em primeiro lugar, precedendo assim à República Federal da Alemanha, Grã-Bretanha, França e Estados Unidos.

Uma afirmação tão brilhante, no entanto, deu origem, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, a uma série de iniciativas infelizes que aumentaram muito o número de estabelecimentos da cidade, elevando-os, em 1920, a nada menos que 120 (90); no entanto, a este desenvolvimento hipertrófico, que não foi acompanhado por um aumento adequado das capturas (91), seguiu-se, por uma concorrência desordenada, um downsizing espontâneo que reduziu o número de fábricas em actividade para 63, sem contudo prejudicar as exportações, o que efectivamente , de 1926 a 1935 subiram para 46% do total exportado de Portugal, mantendo uma média anual de 16.500 toneladas. É interessante notar, no entanto, que nem neste apogeu para a indústria de Setúbal as fábricas funcionavam a plena capacidade, se é verdade que a capacidade potencial de produção era então de cerca de 38.000 toneladas. (2.000.000 caixas). Consequentemente, com o surgimento da crise pesqueira, que ocorreu justamente naqueles anos, a situação já vulnerável de muitos estabelecimentos logo se tornou insustentável, tanto que em dez anos outros vinte desapareceram (92), enquanto as exportações registravam um colapso doloroso, que marca o fim do longo domínio de Setúbal sobre os restantes centros conserveiros, com vantagem exclusiva de Matosinhos, que cedo afirmou a sua supremacia. Foi possível recuperar a posição perdida, que a situação precipitou irremediavelmente no imediato pós-guerra, devido aos resultados mal sucedidos da pesca da sardinha, cuja média anual, até 1955, não atingiu as 5500 toneladas. , como era natural, por uma paralisação geral das fábricas, apesar dos corajosos esforços dos industriais, que tomaram todos os meios possíveis para evitar a ruína extrema, nem sequer hesitando em comprar grandes lotes de peixe, não só nos centros marítimos mais próximos, mas mesmo nos portos do Algarve. No entanto, isso não ajudou a preservar a produção de um colapso desastroso: de fato, mantendo, de 1948 a 1955, uma média de cerca de 5.400 toneladas, não conseguiu sequer igualar a quinta parte do milhão e meio de cixas que pequena cidade industrial poderia ter entrado no mercado de ano para ano. Além disso, o prejuízo decorre não só da redução muito forte das vendas, mas também do aumento mais do que notável dos custos unitários de produção, que praticamente anularam os lucros. De facto, o preço da sardinha, já bastante elevado na praça de Setúbal antes de 1940 (94), na sequência da os custos de importação e a acirrada concorrência em curso entre os industriais pela apropriação das escassas quantidades de pescado no mercado local voltaram a subir, tanto que em 1950 ultrapassou em 34% o de Matosinhos e o praticado em Lisboa (95).

(90) Com a multiplicação das fábricas, a demanda por mão de obra também aumentou,  o que deu origem a uma forte corrente de imigração do campo e centros circunvizinhos, de modo que, em suma, a indústria tem mais de 10.000 empregados, ou seja, dizer quase três vezes mais do que antes da guerra, influenciando muito na expansão demográfica da cidade, que passou, entre  1911 e 11 1920, de 30.000 para 37.000 habitantes.

(91) De fato, na década de 1916-1925, o que a cidade exporta, mantendo-se em um nível médio de 10.000 toneladas. por ano, contribuíram quase 18% menos para o total das exportações portuguesas do que no período anterior.

(92) A longo prazo, a crise enfraquece profundamente a resistência da classe empresarial de Setúbal, favorecendo uma infiltração massiva de elementos estranhos que conseguiram em pouco tempo controlar mais de metade das fábricas sobreviventes, enquanto algumas das fábricas que deixaram de funcionar a partir de 1937 foram transferidas para outros locais, acentuando assim o fenómeno de desmobilização em curso.

(94) A indústria de Setúbal de 1941 a 1946 viu-se obrigada a absorver, à custa das elevadas taxas destinadas ao consumo directo, cerca de 90% do volume de sardinhas desembarcado nas docas do seu porto, para sua produção. Naturalmente, os preços foram significativamente afetados, de modo que durante toda a guerra permaneceram acima da média do país em bons 20%.

(95) Outro peso não desprezível em relação à produção muito limitada passou a ser também a carga de trabalho, que contava então, entre trabalhadores permanentes e adventícios, cerca de 5.000 empregados, cujos salários passaram a afetar o dobro do normal em cada unidade produzida. A concorrência de todos esses fatores dificultava muito qualquer operação comercial, pois não só não era possível firmar contratos importantes estipulados com países importadores, mas às vezes como aconteceu por exemplo em 1950, era necessário renunciar à venda de grandes lotes, em para via preços que não compensavam os custos de produção.

(96) Considere-se, por exemplo, que entre 1951 e 1955 cada uma das fábricas de Setúbal trabalhava em média 60 dias por ano e nos últimos cinco anos (1961-1965) a média era de 140 dias de trabalho por ano.

A recuperação moderada que teve lugar a partir de 1956 na pesca da sardinha e conseguiu travar, pelo menos temporariamente, o grave declínio desta indústria, cuja produção e consequentemente ascende a 10.000 toneladas. anual ou ligeiramente inferior (ver anexo B, na página 224), quantidade que, no entanto, é demasiado baixa para proporcionar um benefício real às trinta fábricas existentes, cuja capacidade potencial de trabalho se manteve quase igual à de 1948. De facto, segundo o critério utilizado pelos empresários de Setúbal para a avaliação das safras, segundo o qual um ano é considerado bom se a produção tiver sido superior a 19.000 toneladas. (1.000.000 caixas), média, caso tenha sido incluída entre o valor acima e 11.400 toneladas. (600.000 caixas), e mau, se inferior a 11.400 toneladas, deve-se reconhecer que a partir de 1945 apenas três temporadas, ou seja, as de 1956, 1957 e 1965, voltaram à média, enquanto todas as outras podem ser consideradas más, ou mesmo muito más, como aconteceu, por exemplo, no período entre 1948 e 1955.

Se a permanente fase de depressão na indústria conserveira de Setúbal se deve sobretudo à escassez de pescado, que obriga as fábricas a inactividade durante meses e meses consecutivos (96), tem também um efeito substancialmente negativo num fenómeno comum a todo o país, que é a própria estrutura dessa indústria que, comparada ao ritmo normal de produção, se articula em um número indubitavelmente excessivo de pequenas empresas, necessariamente sempre em conflito umas com as outras. Esta concorrência indisciplinada contribuiu certamente para alimentar um clima de discórdia e desconfiança mútua na classe empresarial, dividida por rivalidades que não lhe permitem atingir aquele grau de coesão indispensável para lidar com os problemas mais urgentes, como, por exemplo, , fixar, com ação unitária, o preço do pescado em relação aos armadores e o preço dos alimentos enlatados em relação aos compradores estrangeiros, cuja concentração progressiva corre o risco de causar sérios danos às exportações, se medidas equivalentes não forem adotadas em breve o domínio da oferta (97). Por outro lado, as características quase familiares das fábricas trouxeram consigo uma série de sérios inconvenientes, incluindo, entre outras, a falta de iniciativa que une a maioria dos proprietários, atrelados aos métodos tradicionais de processamento e, portanto, relutantes. tipos de inovações. E por causa dessa desastrosa inação, não só não foi feito, na maioria dos casos, renovar adequadamente as máquinas e os sistemas, mas não se procurou integrar os ciclos de trabalho das fábricas, manipulando, a exemplo da indústria francesa, produtos hortofrutícolas em períodos de estagnação forçada causada por defesas ou pela falta fortuita de pescado. Por último, procurou-se chegar a um acordo duradouro com a indústria pesqueira, um acordo que, através da adequada criação de uma rede de transporte isotérmico e de armazéns frigoríficos, permitiria uma distribuição mais equitativa do pescado entre os vários centros conserveiros e, portanto, por um lado, uma maior regularidade no abastecimento das fábricas, que assim gozariam uma certa continuidade de trabalho durante o ano e, por outro lado, uma estabilização de preços que também seria muito útil para os próprios pescadores. De facto, nos períodos de maior abundância do pescado são muitas vezes obrigados a vender, na ausência de compradores, grandes lotes de sardinhas às fábricas de farinha de peixe.

Recentemente, alguns industriais de Setúbal propuseram uma solução que, a ser adoptada, dará nova vitalidade não só às fábricas de conservas, mas também à actividade piscatória da cidade, cujo futuro parece hoje seriamente comprometido. Na prática, os empresários também se deveriam tornar armadores, dando vida a uma empresa que com capital próprio criaria, e depois a manteria sob controle direto, uma frota para a pesca de grandes atuns oceânicos (98), frota da qual o país ainda carece hoje . e que poderia resolver brilhantemente o problema do abastecimento da indústria conserveira: sobretudo porque as águas costeiras da África Ocidental, muito ricas em albacora, oferecem esplêndidas possibilidades de pesca aos portugueses, que têm excelentes bases nessas zonas, como o arquipélago de Cabo Verde e Guiné Portuguesa, atualmente utilizados por barcos de pesca japoneses.

No entanto, enquanto não for possível garantir um ritmo de trabalho ininterrupto para as fábricas ao longo do ano, as condições da indústria só piorarão, principalmente se considerarmos que os salários da mão de obra empregada nessa atividade, que se mantiveram até 1964 ao nível dos vigentes em 1912, registaram recentemente um aumento da ordem dos 40%. Desta forma foi possível aliviar em grande medida as condições desfavorecidas dos 3600 indivíduos, de ambos os sexos, que trabalham nas fábricas de conservas de Setúbal, pois dois terços deles são adventícios e, portanto, trabalham apenas nos períodos de actividade máxima, enquanto os empresários garantem um mínimo muito modesto de dias de trabalho semanais aos trabalhadores permanentes (4 para homens e 2 para mulheres), mas que é igualmente muito caro para uma indústria parada durante a maior parte do ano (99) .

(97) O único passo dado neste sentido levou à criação do Instituto Português das Conservas de Peixe, uma instituição de crédito que trabalha a favor do Industrial, com o objectivo fundamental de fornecer os estabelecimentos de fundos líquidos indispensáveis à continuação do obras, antecipando quantias proporcionais ao montante da quantidade de produtos enlatados e aguardando o comprador.

(98) A pesca do atum traria vantagens consideráveis para a indústria conserveira, uma vez que este peixe, quando contratado com a sardinha, pode também ser armazenado por longos períodos em ambientes refrigerados, permitindo assim a criação de grandes estoques e, consequentemente, um ciclo de trabalho anual completo para as fábricas.

(99) Os salários mínimos dos trabalhadores diários variam, de facto, segundo as categorias, de 3 a 6 escudos por hora para os homens e de 2,50 a 3,50 escudos para as mulheres.

VINCENZO FLORIDI - SETUBAL: IL PORTO, LA PESCA E LE INDUSTRIE

4. Le industrie.

L’attivita industriale più rappresentativa di Setúbal e quella del pesce conservato, industria collegata alla flotta sardiniera locale da strettissimi vincoli di dipendenza reciproca (86), e che viene fatta risalire al 1880, anno in cui fu fondata la prima fabbrica di sardine sott’olio della citta (87), e fors’anche di tutto il Portogallo, su iniziativa di un industriale di Lorient, F. Delory, che, alla stregua di molti altri connazionali, era stato costretto dalla crisi peschereccia francese a cercare all’estero condizioni propizie per l’impianto di nuovi stabilimenti. All’esito straordinario ottenuto fin da principio dall’opificio Delory di Setubal, e dal suo gemello di Olhão, fecero ben presto seguito numerosissime fabbriche che cominciarono a sorgere per ogni dove, moltiplicandosi con una rapidità incredibile in tutti i maggiori centri marittimi portoghesi (88).

Ma il contributo dato da Setubal, che deteneva allora il primato fra i porti sardinieri lusitani, fu invero determinante, grazie alla eccezionale pescosita della sua piattaforma continentale.
Nei primi quindici anni del secolo le sue esportazioni, valutate complessivamente in circa 135.000 tonn., corrisposero da sole al 48% di quelle del paese, mentre la capacita teorica di produzione annua delle sue 42 fabbriche, nel 1912, veniva calcolata superiore a un milione di casse, pari cioè a circa 19.000 tonn. di pesce in conserva (89) .

Una cosi brillante affermazione dette pero luogo, specie durante la prima guerra mondiale, a una serie di poco felici iniziative che fecero aumentare moltissimo il numero degli stabilimenti cittadini, portandoli, entro il 1920, a non meno di 120 (90); tuttavia, a questo sviluppo ipertrofico, cui non aveva corrisposto un aumento adeguato del pescato (91), segui, ad opera di una concorrenza disordinata, un ridimensionamento spontaneo che ridusse a 63 gli opifici in attività, senza pero arrecare danno alle esportazioni, le quali, anzi, dal 1926 al 1935 risalirono al 46% del totale esportato dal Portogallo, mantenendosi su una media annua di 16.500 tonn. E’ interessante notare, comunque, che neppure in questo periodo di massimo splendore per l’industria di Setúbal le fabbriche lavorarono a pieno ritmo, se e vero che la capacita potenziale di produzione si aggirava allora sulle 38.000 tonn. (2.000.000 di casse).

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

(86) L’industria conserviera, infatti, lavora sgombri, sugherelli, acciughe e, soprattutto, sardine, delle quali assorbe generalmente ii 50-55% del totale pescato nel paese, mentre il rimanente viene destinato al consumo.

(87) Setúbal, comunque, non era nuova a questo genere di tentativi, anche se poi essi non avevano avuto alcun seguito: cosi, nel 1855, all’Esposizione Universale di Parigi erano state premiate le conserve di pesce sott’olio preparate con II processo Appert da F. A. da Rocha, e, dieci anni più tardi, un altro setubalense, certo M. J. Neto, aveva aperto un opificio specializzato nella produzione conserviera di pagelli, dentici e naselli, che venivano esportati principalmente in Brasile (Setúbal e os problemas da sua economia, cit., cfr. p. 50).

(88) In effetti, da un totale di 76 opifici nel 1896 il Portogallo pass() a 106 unita nel giro di appena sedici anni, e quindi a più di 400 nel 1924, mentre le esportazioni aumentarono, parallelamente, da una media di 16.000 tonn, per il periodo compreso fra il 1901 e 11 1910, alle 28.000 del decennio successivo e alle 40.500 del 1921-1925.

(89) La produzione portoghese di conserve di pesce è stata sempre destinata, nella sua quasi totalità, all’esportazione; attualmente, principali acquirenti abituali sono i paesi del M.E-C. e dell’E.F.T.A., I quali, nel 1965, hanno importato rispettivamente 45.109 tonn. (pari al 54,8% dei peso complessivo, compreso il pesce in salamoia) e 15.248 tonn. L’Italia, che da diversi anni è una delle maggiori importatrici, nel 1966, acquistando 12.669 tonn. di conserve, per un importo di 4 miliardi e mezzo di lire, si è portata al primo posto, precedendo In tal modo la Repubblica Federale Tedesca, la Gran Bretagna, la Francia e gli Stati Uniti.

Di conseguenza, col delinearsi della crisi della pesca, sopravvenuta appunto in quegli anni, la posizione già di per se vulnerabile di molti stabilimenti divenne ben presto insostenibile, tant’e vero che in dieci anni ne scomparvero altri venti (92), mentre le esportazioni registrarono un penoso tracollo, il quale segno la fine del lungo predominio di Setúbal sugli altri centri conservieri, ad esclusivo vantaggio di Matosinhos, che non tardo ad affermare la propria supremazia. Ne fu possibile recuperare la posizione perduta, che la situazione precipito in maniera irrimediabile nell’immediato dopoguerra, a causa dei risultati fallimentari della pesca della sardina, la cui media annua, fino al 1955, non raggiunse le 5500 tonn., regi- Alla straordinaria penuria di materia prima fece seguito, come era naturale, una generale paralisi degli stabilimenti, nonostante i coraggiosi sforzi degli industriali, che posero mano ad ogni mezzo pur di evitare l’estrema rovina, non esitando neppure ad acquistare grosse partite di pesce, non solo nei centri marittimi più prossimi, ma persino nei porti dell’Algarve. Nondimeno, ciò non valse a preservare la produzione da un crollo disastroso: essa infatti, mantenendo, dal 1948 al 1955, una media di circa 5400 tonn., non riuscì neppure ad eguagliare la quinta parte del milione e mezzo di casse che l’industria cittadina avrebbe potuto riversare sul mercato di anno’ in anno. Del resto, il danno derivo non soltanto dalla fortissima riduzione delle vendite, ma anche dal più che notevole aumento dei costi unitari di produzione, che giunsero praticamente ad annullare i profitti. In effetti, il prezzo della sardina, già sensibilmente elevato sulla piazza di Setúbal prima del 1940 (94), in seguito alle spese d’importazione e all’accesa concorrenza in atto fra gli industriali per l’accaparramento degli scarsi quantitativi di pesce del mercato locale, sali ancora, tanto che nel 1950 esso superava del 34% quello di Matosinhos e del 36o/c quello praticato a Lisbona (95) .

(90) Con II moltiplicarsi delle fabbriche aumento pure la domanda di mano d’opera, II che dette l’avvio ad una forte corrente di immigrazione dalle campagne e dai centri circostanti, onde, In breve, l’industria conto più di 10.000 addetti, ossia quasi II triplo di prima della guerra, influenzando largamente l’espansione demografica della città, che passo, fra II 1911 e 11 1920, da 30.000 a 37.000 ab.

(91) Infatti, nel decennio 1916-1925, le esportazioni cittadine, pur mantenendosi ad un livello medio di 10.000 tonn. all’anno, contribuirono al totale delle esportazioni portoghesi con quasi ii 18% In meno rispetto al periodo precedente.

(92) A lungo andare la crisi fiacco profondamente la resistenza della classe imprenditrice di Setubal, favorendo una massiccia infiltrazione di elementi! Estranei che riuscirono in breve a controllare oltre la meta delle fabbriche superstiti, mentre alcuni fra gli stabilimenti che cessarono di lavorare dal 1937 In poi vennero trasferiti altrove, accentuando cos\ 11 fenomeno di smobilitazione in atto.

(94) L’industria di Setúbal da il 1941 e il 1946 fu costretta ad assorbire, a scapito delle grosse aliquote destinate al consumo diretto, circa ii 90% del volume delle sardine sbarcate sulle banchine del suo porto, onde poter sorreggere la sua produzione; naturalmente I prezzi ne risentirono In modo sensibile, sicché per tutta la durata della guerra essi si mantennero al di sopra della media del paese di un buon 20%.

(95) Un altro peso non indifferente nei confronti della limitatissima produzione divenne pure II carico di mano d’opera, che contava allora, fra maestranze permanenti ed avventizie, circa 5000 addetti, 1 cui salari passarono ad incidere In misura doppia del normale su ciascuna unItà prodotta. II concorso di tutti questi rattori rese quanto mai difficile ogni operazione commerciale, poiché non solo non fu possibili dare esecuzione ad importanti contratto stipulati con i paesi importatori, ma talvolta come accadde ad esempio nel 1950, fu necessario rinunciare alla vendita di grossa partite, per via dei prezzi che non compensa vano i costi di produzione.

 

La discreta ripresa verificatasi a partire dal 1956 nella pesca della sardina e riuscita a rallentare, almeno provvisoriamente, la grave decadenza di quest’industria, la cui produzione e risalita, di conseguenza, alle 10.000 tonn. annue o poco meno (vedi allegato B, a pag. 224), quantitativo comunque troppo scarso per procurare un reale beneficio alla trentina di stabilimenti oggi esistenti, la cui capacita potenziale di lavoro e rimasta pressoché pari a quella del 1948. Infatti, secondo il criterio in uso fra gli imprenditori di Setúbal per la valutazione delle annate, in base al quale un anno e da considerare buono se la produzione ·e stata superiore alle 19.000 tonn. (1.000.000 di casse), medio, se essa e stata compresa fra la cifra anzidetta e le 11.400 tonn. ( 600.000 casse), e cattivo, se al di sotto delle 11.400 tonn., bisogna riconoscere che dal 1945 in poi soltanto tre stagioni, e cioè quelle del 1956, 1957 e 1965, sono rientrate nella media, mentre tutte le altre possono essere considerate cattive, o addirittura pessime, come e avvenuto, ad es., per il periodo compreso fra il 1948 e il 1955.

Se la permanente fase di depressione in cui versa l’industria conserviera di Setúbal à da addebitare principalmente alla penuria di pesce, che costringe le fabbriche all’inattività per mesi e mesi consecutivi (96), influisce pure in modo sostanzialmente negativo un fenomeno comune a tutto il paese, e cioè la struttura stessa di questa industria, la quale, rispetto al ritmo normale di produzione, risulta articolata in un numero senz’altro eccessivo di piccole aziende, necessariamente sempre in lotta fra loro. Questa concorrenza indisciplinata ha certo contribuito ad alimentare un clima di discordia e di diffidenza reciproca nella _classe imprenditrice, divisa da rivalità che non le consentono di raggiungere quel grado di coesione indispensabile ,per venire a capo dei problemi più urgenti, come, ad es., quello di fissare, con azione unitaria, il prezzo del pesce nei confronti degli armatori e il prezzo delle conserve nei confronti delle ditte estere acquirenti, la cui progressiva concentrazione rischia di arrecare gravi danni alle esportazioni, se non verranno presto adottate misure equivalenti nel campo dell’offerta (97). D’altra parte, le caratteristiche quasi familiari degli stabilimenti hanno portato con se una serie di gravi inconvenienti, fra cui, non ultimo, un’assenza d’iniziativa che accomuna gran parte dei proprietari, legati a metodi di lavorazione tradizionali, e perciò restii a ogni genere d’innovazioni. E a causa di questo immobilismo disastroso non solo non si è provveduto, nella maggioranza dei casi, a rinnovare adeguatamente macchinari ed impianti, ma non si è neppure cercato di integrare i cicli lavorativi delle fabbriche, manipolando, sull’esempio dell’industria francese, prodotti ortofrutticoli durante i periodi di stasi forzata determinata dal defesoo dalla fortuita mancanza di pesce. Ne, infine, si è tentato di raggiungere un accordo duraturo con il settore peschereccio, accordo che,. Mediante l’opportuna creazione di una rete di trasporti isotermi e di magazzini refrigerati, consentirebbe una piu equa distribuzione del pesce fra i vari centri conservieri, e perciò, da un lato, una maggiore regolarità nei rifornimenti delle fabbriche, le quali godrebbero in tal modo di una certa continuità di lavoro nel corso dell’anno, e, dall’altro, una stabilizzazione dei prezzi che tornerebbe molto utile anche agli stessi pescatori. Questi, infatti, nei periodi di maggiore abbondanza del pescato si vedono spesso costretti a svendere, in mancanza di acquirenti, grosse partite di sardine alle fabbriche di farina di pesce.

Ultimamente alcuni industriali di Setúbal hanno prospettato una soluzione che, se adottata, dara nuova vitalità non soltanto agli stabilimenti di conserve, ma anche all’attività peschereccia cittadina, il cui futuro appare oggi gravemente compromesso. In pratica, gli imprenditori dovrebbero farsi anche armatori, dando vita ad una società che con capitali propri creasse, mantenendola poi sotto diretto controllo, una flotta per la grande pesca oceanica del tonno (98), flotta di cui il paese è ancor oggi privo, e che potrebbe risolvere brillantemente il problema dei rifornimenti dell’industria conserviera: tanto più che le acque costiere dell’ Africa occidentale, ricchissime di albacore, offrono splendide possibilità di pesca ai portoghesi, che posseggono in quelle zone delle ottime basi, come l’arcipelago del Capo Verde e la Guinea Portoghese, attualmente usate da pescherecci giapponesi.

Comunque, fintantoché non si riuscirà ad assicurare alle fabbriche un ritmo di lavoro ininterrotto per tutto l’anno, le condizioni dell’industria non potranno che peggiorare, tanto più se si pensa che i salari della mano d’opera impiegata in questa attività, rimasti fino al 1964 al livello di quelli in vigore nel 1912, hanno registrato in questi ultimi tempi un aumento dell’ordine del 40%. Ne con ciò si è riuscito a sollevare di molto le condizioni disagiate dei 3600 individui, d’ambo i sessi, che prestano il proprio lavoro presso gli stabilimenti conservieri di Setubal, poiché due terzi di essi sono avventizi e quindi hanno lavoro solo nei periodi di massima attività, mentre alle maestranze permanenti gli imprenditori garantiscono un minimo molto modesto di giornate lavorative settimanali ( 4 per gli uomini e 2 per le donne) , ma che è ugualmente molto oneroso per un’industria ferma durante gran parte dell’anno (99).

(96) Si pensi, ad es., che fra il 1951 e il 1955 ciascuna delle fabbriche di Setúbal lavoro in media per 60 giorni all’anno e nell’ultimo quinquennio (1961-1965) il media à stata di 140 giornate lavorative annue.

(97) L’unico passo fatto In questo senso ha portato alla costituzione dell’Istituto
Portoghese delle Conserve di pesce, istituto di credito che funziona a favore degli Industrial!, con lo scopo fondamentale di provvedere gli stabilimenti del fondi
liquidi indispensabili per la ·prosecuzione del lavori, antistando somme proporzioniate all’ammontare del quantitativi di conserve prodotti e In attesa di acquirente.

 

(98) La pesca del tonno comporterebbe, per l’industria conserviera, notevolissimi vantaggi, per il fatto che questo pesce, al contrarlo della sardina, può essere conservato anche per lunghi periodi in ambienti refrigerati, consentendo perciò la creazione di grand! scorte, e, di conseguenza, un ciclo lavorativo annuo completo per le fabbriche. 

(99) Le retribuzioni minime degli addetti giornalieri vanno infatti, a seconda delle categorie, dal 3 ai 6 scudi l’ora per gli uomini, e dal 2,50 ai 3,50 scudi per le donne.

Scroll to Top