Sebastian Ramírez

Sebastian Ramírez (1828-1900)

Informação compilada a partir do livro, Sebastian Ramírez (1828-1900), Subsídio documental para uma biografia, de António Horta Correia.
Este e outros títulos de António Horta Correia podem ser adquiridos on-line na editora ARANDIS

1828

Nasce Sebastian Ramirez y Rodriguez, natural da vila de El Almendro, distrito de Huelva, Espanha.

 1849

Sebastian Ramirez chega a Vila Real de Santo António ao atingir a maioridade, teria portanto 21 anos de idade.

 1853

Sebastian Ramirez constituiu uma sociedade comercial com José Mora Gomez  e Silvestre Garcia-Pêgo, “Mora, Ramires & Pêgo”.

1853

José Mora Gomez, Sebastian Ramirez e Silvestre Garcia-Pêgo, “…arrendaram a Luís Cassar  “os baixos da sua morada na Rua da Rainha…destinado a um estabelecimento de negócios…” Sebastian Ramirez e seus sócios, negociaram os mais variados produtos, de diversas origens, como tecidos, fazendas, imobiliário, cereais.

1853

Constituição de dívida de 600$000 reis com garantia de hipoteca, que fez José Guerreiro Abrantes, por fornecimento de fazendas desde 1853, a favor de “Mora, Ramires & Pêgo”, com casa de comércio.

1853

 A sociedade “Mora, Ramires & Pêgo” fez o pagamento de licença comercial nos anos seguintes, até 27 de Janeiro de 1859

 20 de Novembro de 1854

Pouco tempo depois de ter iniciado os seus negócios na sociedade “Mora, Ramires & Pêgo”, comprou três quartas partes de uma casa de El Almendro, e em 2 de Abril de 1856, a quarta parte restante dessa casa. Certamente revestia algum interesse especial a compra desta casa. Em 1855 comprou outra casa em El Almendro, que ainda conservava quando faleceu.

 1 Maio 1855

Neste dia, dois anos antes de findar o arrendamento do estabelecimento, renovaram o contrato com Luís Cassar, agora pelo prazo de dez anos, a findar a 30 de Abril de 1865, acrescentando a área anteriormente ocupada, uma parte de um armazém e quintal contíguos, pertencente à fábrica para estivar sardinhas.

1856

Escritura de  Confirmação de dívida de 275$000 reis, com hipoteca, que fez Bartolomeu Peres Vallelhano, de Castillejos, morador em Tavira, a favor de Sebastian Ramirez  (quitação desta dívida em 1872) 

 19 Maio 1857

Manuel de Oliveira Estevens “dá por arrendamento a Silvestre Garcia-Pêgo e Sebastião Ramires, negociantes, … todas as lojas e fábrica de sardinhas pertencentes a uma morada de Casas Nobres que possui na rua da Rainha nº11...pelo tempo de dez anos…”

 A conceção pombalina de Vila Real de Santo António previa a construção na frente do rio, de doze casas nobres de dois pisos, “agrupando-se duas a duas em cada quarteirão e partilhando duas delas os quarteirões terminais com os respectivos torreões”. O piso baixo dessas casas nobres era destinado a “um estabelecimento industrial derivado dos telheiros instalados pelos catalães em Monte Gordo para a salga da sardinha … Pelo portão da Baixa-Mar … entrava o peixe para o pátio. Debaixo dos telheiros sofria as transformações de fabrico que consistia essencialmente em ser extirpado, salgado e acamado em barricas com sal,” 60 que poderiam ser armazenadas, até à venda, nas outras dependências ou lojas existentes nesses baixos, ou, segundo algumas opiniões, em outra casa, nas traseiras, na Rua da Princesa.
Foi numa destas instalações, a da Rua da Rainha n°11-A, que Sebastian Ramirez e Silvestre Garcia-Pêgo começaram a explorar a salga da sardinha.

 1859

Francisco Ramirez fez o arrendamento de ”uma morada de casas térreas” em VRSA, para sua habitação.

1859

Supõe-se que o sócio José Mora Gomez poderia ter falecido este ano.

1859

Licença de comércio relativa aos anos de 1860 até 1865, foi paga por outra sociedade, com a denominação de “Ramires & Pêgo”.

 1860

Sebastian Ramirez e Silvestre Garcia-Pego, em conjunto com Miguel Gomez Roldan, compraram cinco moradas de casas em Vila Real de Santo António, a João Martins, e sua mulher Maria Molina Martins, de Ayamonte, casas que revenderam quatro anos depois, em 1864 a João António Machado

21 Março 1861

Sebastian Ramirez casa-se com Maria de los Dolores Garcia y Martin, em El Almendro, Espanha

31 Julho 1861

Sebastian Ramirez renovou o contrato, de casas térreas para sua habitação, celebrado em 1959, por mais três anos, até 30 de Setembro de 1865

1861

“Ramires & Pego” comprou metade de uma barca, enviada, duas redes e apetrechos, da pesca da sardinha, por 215$000 reis.

14 Junho 1862

Sebastian Ramirez e Silvestre Garcia-Pêgo, venderam a James Mason, um armazém no sítio do Pomarão, VRSA

24 Dezembro 1864

Sebastian Ramirez fez mais um contrato, em que renovou o arrendamento anterior feito em 1861, para começar a 1 de Outubro de 1865 e terminar a 1 de Outubro de 1869, de uma casa térrea na rua do Príncipe, para sua habitação.

1865

Sociedade “Ramires & Pêgo” teria sido dissolvida em meados de 1865, possivelmente com o falecimento de Silvestre Garcia- Pêgo

1865

Sebastian Ramirez comprou a João António Guimarães, marítimo, metade de uma barca com todos os seus pertences, denominada “Santo António e Almas”.

1865

O mesmo João António Guimarães, marítimo, vende a Sebastian Ramirez um bote com todos os seus pertences, por 100$000 reis, com a condição do comprador conservar o barco e a arte de pesca.

1865

Sebastian Ramirez prolonga o arrendamento feito em 1857 a Manuel de Oliveira Estevens, (lojas e fábrica de sardinhas na rua da Rainha nº11) “pelo tempo de dez anos a contar do primeiro de Julho do corrente ano”.
A licença de comércio, de 1866 até 1883, foi paga em nome de Sebastião Ramires.

20 Janeiro 1865

Instrumento de protesto que fazem … como 1 ° outorgante Fernando Alvares Barbosa e 2°s outorgantes Sebastião Ramires e seu sócio Silvestre Garcia-Pêgo, por uma carga de peles de elefantes vir danificada.

9 Setembro 1866

Contrato entre Sebastian Ramirez e Manuel Rosa Sénior ”para o fornecimento de oitenta e um milheiros de esparto de boa qualidade”.

1867

Sebastian Ramirez compra morada de casas nobres na rua da Rainha.

1871

Quando Sebastian Ramirez mudou a sua residência da Rua do Príncipe para a Rua da Rainha, em 1871, deveria ter vindo morar para este prédio, local onde, muitos anos depois, seu filho Manuel construiu o Grande Hotel Guadiana.

1874

Sebastian Ramirez foi comprando depois, a partir de 1874, muitas terras no termo de El Almendro, certamente devido a boa situação financeira que desfrutava. Comprou “barros” e “fincas” de mediana e de grande extensão.

1876

Sebastian Ramirez pretendeu construir um quarteirão de casas no prolongamento da Rua da Rainha, e pediu a Câmara Municipal que lhe cedesse os terrenos.

1876

“Sociedade Marítima Comercial”, ficou conhecida como a Sociedade Marítima do Galeão, o galeão n°1 de matricula da Capitania de Vila Real de Santo António, com onze sócios , entre os quais Sebastian Ramirez.

31 Dezembro 1877

Escritura de “confissão de divida e constituição de hipoteca que faz Manuel Sola a Sebastião Ramires, de 200$000 reis, por vários fornecimentos de farinha de trigo vendidos a fiado, em dificuldades e apuros, para se cozer pão”

1878

Francisco Medeiros Ramirez e José Elygio Domingues constituíram, em 1878, uma sociedade comercial denominada “Medeiros & Domingues”.

1879

Sebastian Ramirez criou uma fábrica de tecidos.

1880

A sociedade “Medeiros & Domingues” pediu, em 1880, à Câmara Municipal “a cedência de 55 metros de terrenos baldios ao norte da vila, com frente para a Rua da Rainha, para construir um armazém…com o objectivo da fabricação de conservas alimentícias e tecelagem de linho e juta. Apesar de a escritura ter sido realizada a 30 de Novembro de 1902, retrotraía-se o seu início para 14 de Abril de 1900.

1881

Inquérito Industrial de 1881 no Distrito de Faro, identifica as primeiras fábricas de conserva de peixe em Vila Real de Santo António: “Há em Vila Real três fabricas de conservas de atum, uma intitulada de Santa Maria, outra de S. Francisco e a de que é proprietário Sebastião Migoni…A primeira fábrica que visitamos, denominada Santa Maria e pertencente a “Parodi & Roldan“, foi fundada em 1879 …. Visitamos depois a fabrica denominada S. Francisco, de que e proprietário Francisco Rodrigues Tenório, que a fundou em 1880 … Não pudemos visitar a fábrica de Sebastião Migoni por este estar ausente … “

Setembro de 1883

Requerimento de Sebastião Ramires pedindo que lhe seja concedido o terreno que em 22 de Julho de 1882 foi vendido a João Flores, vista não ter iniciado a construção e ter passado tempo. A Câmara deliberou favoravelmente ao pedido.

15 de Março de 1883

Sebastian Ramirez, a tempo de trabalhar na época da pesca de atum desse ano, comprou a Francisco Rodriguez Tenório a sua fábrica de conservas, que tinha sido fundada em 1880. “armazém com quatro portas e três janelas para a rua do Príncipe ..”, com toda a maquinaria, utensílios e instrumentos que continha, por 2.150$000 reis

9 de Outubro 1883

Sebastian Ramirez vendeu a Francisco Rodriguez Tenório o mesmo edifício que lhe tinha comprado a 15 de Março, mas sem as máquinas, utensílios e instrumentos, por 150$000 reis.

1883

Sebastian Ramirez, iniciou-se no fabrico de conservas de peixe no verão de 1883, na fábrica S. Francisco, embora a sua fábrica definitiva tivesse sido construída no ano seguinte, em 1884

3 Setembro 1888

Testamento de Sebastian Ramirez no qual declara ter 60 anos

1890

No Inquérito Industrial de 1890 está indicado a existência em Vila Real de Santo António de uma litografia de folha-de-flandres, propriedade de italianos “Jutta & Machiavello”. Como não consta do Inquérito Industrial de 1881 a existência dessa litografia, deveria esta sociedade ter sido criada entre 1881 e 1890.

8 de Julho 1890

Macciavello Gaetano vende a 8 de Julho, só ele, toda a litografia “Jutta & Machiavello”, a Gavino Rodrigues Peres e Manuel Francisco de Abreu

3 de Agosto 1890

Veio, depois, fazer a rescisão dessa venda, alegando que a litografia não lhe pertencia só a ele, que também tinha um sócio, o Sr. Giacomo Jutta, e que tinha feito a referida venda apenas por ignorância. E por fim, a 3 de Agosto, venderam os dois sócios italianos a Gavino Rodriguez Perez, Simão Vazquez Velasco, Esteban Rodriguez y Rodriguez, e Sebastian Ramirez Júnior, comerciantes, Manuel Francisco de Abreu, serralheiro mecânico e José Bento Domingues, ferreiro, todos moradores em Vila Real de Santo António, “uma litografia montada em um armazém na Rua da Princesa … com todas as máquinas, utensílios e drogas, a saber … por três contos de reis e com obrigação de pagar a dívida da máquina de litografar”

1890

Poucos dias depois, estes compradores da litografia constituíram uma sociedade denominada “Fábrica Litográfica União Vila-Realense”.

 22 Janeiro 1891

Confissão de dívida de 111$800 reis e hipoteca de casa em Alcoutim, que fez Júlia Maria da Costa, de Alcoutim, a Sebastian Ramirez, por mercadoria levantada da loja.

16 de Fevereiro de 1892

Sebastião Ramires Júnior comprou a Manuel Francisco de Abreu e a José Bento Domingues, os seus quinhões de 375$000 reis cada um, na Fábrica Litográfica Vila-Realense, por 1.000$000 reis, com o acordo dos restantes sócios, ficando deste modo a ser o sócio com maior quinhão.

1893

Escritura de retificação do contrato social, reavaliando, após balanço, o valor da sociedade e aumentando depois o capital com a entrada para sócio de Juan Maestre Cumbrera.

1903

Deliberaram reorganizar a sociedade Fábrica Litográfica União Vila-Realense, pois tinha-se dissolvido com o falecimento do sócio Simão Vazquez Velasco. Procederam a balanço e o valor encontrado de vinte contos de reis, ficou repartido por Sebastian Ramirez Garcia – seis contos, Juan Maestre Cumbrera, Gavino Rodriguez Perez e Catalina Domingues Barbosa de Vazquez, representando os seus filhos menores Alonso e Catalina, – quatro contos cada, e Esteban Rodriguez y Rodriguez – dois contos. Foi remodelado o contrato social, passando a denominação para “Ramirez, Perez, Cumbrera & Cª”.

1916

Sociedade Medeiros & Domingues foi dissolvida no dia seguinte à realização das partilhas dos bens que Sebastian Ramirez e Maria de los Dolores, tinham em Portugal, e “todo o activo e o passivo da dissolvida sociedade fica pertencendo exclusivamente aos outorgantes Frederico Alexandrino Garcia Ramirez e Manuel Garcia Ramirez .. “.

22 de Março de 1900

Falecimento de Sebastião Ramirez

30 de Novembro de 1902

Após o falecimento de Sebastião Ramirez, constituiu-se a sociedade “Ramirez & Cª” com o capital de 75 contos de reis, fornecido em partes iguais pelos sócios Jacinto José de Andrade, com Sebastian Claúdio Ramirez Garcia, Frederico Alexandrino Garcia Ramirez, Manuel Garcia Ramirez e Emílio Garcia Ramirez, com o objectivo da fabricação de conservas alimentícias e tecelagem de linho e juta. Apesar de a escritura ter sido realizada a 30 de Novembro de 1902, retrotraía-se o seu início para 14 de Abril de 1900

1916

A sociedade “Ramirez & Cª” foi dissolvida em 1916, no dia seguinte à realização das partilhas dos bens que Sebastian Ramirez e Maria de los Dolores, tinham em Portugal, e “todo o activo e o passivo da dissolvida sociedade fica pertencendo exclusivamente aos outorgantes Frederico Alexandrino Garcia Ramirez e Manuel Garcia Ramirez

Pela aludida partilha, tinha-lhes sido adjudicado “um armazém para fábrica de conservas situado na Avenida da República desta vila, que confronta pelo norte e sul com ruas sem denominação, nascente com a referida Avenida e poente com rua do Barão do Rio Zêzere,” isto é, o edifício ainda hoje existente, onde funcionou até há poucos anos a fábrica de conservas de peixe.

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