Envoltório provavelmente dos anos da II Guerra ou do imediato pós-guerra (1945-1950).

Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), em Portugal, o comércio de conservas passou a estar totalmente controlado pelo Estado. As exportações só podiam ser feitas por contratos colectivos de vendas controlados pelo Instituto Português das Conservas de Peixe (IPCP). Esta era uma forma de assegurar que as conservas eram vendidas exclusivamente aos beligerantes que assinassem um contrato, numa altura delicada em que Portugal procurava assegurar a neutralidade e o comércio estratégico com Inglaterra e a Alemanha. Os contratos também tinham uma cláusula importante: para vender as conservas, os compradores tinham primeiro de fornecer a folha de flandres ao IPCP. Foi uma forma de manter a indústria portuguesa em funcionamento num período de escassez de matérias-primas.
Havia, porém, uma exceção. Os exportadores podiam manter um comércio livre com vendas por correio postal, até 10 kg, incluindo para fins humanitários. Creio que será o caso deste envoltório, mas não é possível afirmar com toda a certeza.
No final da guerra venderam-se conservas para a Cruz Vermelha, podendo eventualmente ser o caso, mas mais uma vez sem ser possível a confirmação. O próprio envoltório, com as letras do país em grande e o aviso de controlo do Estado aponta para a grande probabilidade de ser mercadoria do tempo da guerra. Não destaca nenhuma marca em concreto. Por tudo isto, diria que é de finais da II Guerra Mundial, pelo que terá mais de 70 anos.

Francisco Henriques – historiador, investigador na Universidade de Lisboa.