Ramirez Perez Cumbrera - Vila Real de Santo António

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Ramirez Perez Cumbrera

PROPRIETÁRIO/OWNER:

FUNDAÇÃO / FOUNDED: 1890

LABOROU EM/WORKED DURING:

ENCERRAMENTO / CLOSURE:

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS:

CIDADE / CITY: Vila Real de Santo António

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:
Ramirez Perez Cumbrera – Olhão
Ramirez Perez Cumbrera – Portimão
Ramirez Perez Cumbrera – Setúbal
Ramirez Perez Cumbrera – Vila Real de Santo António

TIPO / TYPE: Latoaria  mecânica

FONTES / SOUCES: AS LITOGRAFIAS EM SETÚBAL ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA OPERÁRIA 1880-1930 – Maria da Conceição Quintas

Esta descrição das industrias que Sebastian Ramirez criou em Vila Real de Santo António, não ficaria completa sem a história da litografia, assim era conhecida a sociedade “Ramirez, Perez, Cumbrera & Cª”, em que teve participação, ainda que indirecta.

No Inquérito Industrial de 1890 está indicado a existência em Vila Real de Santo António de uma litografia de folha-de-flandres, propriedade de italianos “Jutta & Machiavello”. Como não consta do Inquérito Industrial de 1881 a existência dessa litografia, deveria esta sociedade ter sido criada entre essas duas datas.

Os seus sócios, em 1890, com a intenção de aumentar a produção e melhor servir a nascente industria de conservas, compraram em Itália, na cidade de Sampierdamo, uma nova máquina de litografar, por 850$000 reis, tendo pago à vista metade do valor, e o restante a ser pago em cinco prestações trimestrais, de Junho desse ano a Junho do ano seguinte. Após o pagamento da 1ª prestação, deveriam ter concluído que seria difícil satisfazer as restantes, e resolveram vender a litografia. Decorreram uma série de incidentes pouco compreensíveis, com o sócio Macciavello Gaetano a vender a 8 de Julho, 111 só ele, toda a litografia, a Gavino Rodrigues Peres e Manuel Francisco de Abreu, por três contos de reis, com a obrigação de pagarem as quatro prestações da máquina em dívida. Veio, depois, fazer a rescisão dessa venda, alegando que a litografia não lhe pertencia só a ele, que também tinha um sócio, o Sr. Giacomo Jutta, e que tinha feito a referida venda apenas por ignorância. E por fim, a 3 de Agosto, venderam os dois sócios italianos a Gavino Rodriguez Perez, Simão Vazquez Velasco, Esteban Rodriguez y Rodriguez, e Sebastian Ramirez Júnior, comerciantes, Manuel Francisco de Abreu, serralheiro mecânico e José Bento Domingues, ferreiro, todos moradores em Vila Real de Santo António, “uma litografia montada em um armazém na Rua da Princesa … com todas as máquinas, utensílios e drogas, a saber … por três contos de reis e com obrigação de pagar a dívida da máquina de litografar” 112

Poucos dias depois, estes compradores da litografia constituíram uma sociedade denominada “Fábrica Litográfica União Vila-Realense”, com o capital de três contos de reis, distribuídos da seguinte forma:
Gavino Rodriguez Perez e Simão Vazquez Velasco 750$000 reis cada,
Sebastião Ramires Júnior, Esteban Rodriguez y Rodriguez, Manuel Francisco de Abreu e José Bento Domingues 375$000 reis cada um,
com um estatuto social que poderá ser de algum interesse para o estudo dessa época, pelo que o transcrevo, na integra, no Apêndice IX. 113

A 16 de Fevereiro de 1892, Sebastião Ramires Júnior comprou a Manuel Francisco de Abreu e a José Bento Domingues, os seus quinhões de 375$000 reis cada um, na Fábrica Litográfica Vila-Realense, por 1.000$000 reis, com o acordo dos restantes sócios, ficando deste modo a ser o sócio com maior quinhão. 114

No ano seguinte, fizeram uma escritura de retificação do contrato social, reavaliando, após balanço, o valor da sociedade para 6.200$000 reis, repartido pelos quatro sócios de acordo com os seus quinhões, e aumentando depois o capital para 7.750$000 reis, com a entrada para sócio de Juan Maestre Cumbrera, com um quinhão de 1.550$000 reis. 115

Finalmente em 1903, 116 deliberaram reorganizar a sociedade, pois tinha-se dissolvido com o falecimento do sócio Simão Vazquez Velasco.

Procederam a balanço e o valor encontrado de vinte contos de reis, ficou repartido por Sebastian Ramirez Garcia – seis contos, Juan Maestre Cumbrera, Gavino Rodriguez Perez e Catalina Domingues Barbosa de Vazquez, representando os seus filhos menores Alonso e Catalina, – quatro contos cada, e Esteban Rodriguez y Rodriguez – dois contos. Foi remodelado o contrato social, passando a denominação para “Ramirez, Perez, Cumbrera & Cª”, empresa com notável desenvolvimento no decorrer dos anos, que acompanhou o destino da indústria de conservas de peixe em Vila Real de Santo António.

in AS LITOGRAFIAS EM SETÚBAL ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA OPERÁRIA 1880-1930 - Maria da Conceição Quintas

Na década de trinta do século XX, a legislação passa a proibir as indústrias de fabricarem ou negociarem o próprio vasilhame. Assim, desapareceram as pequenas litografias anexadas às fábricas, exceto as de empresas com várias unidades (por exemplo, a Parodi), tendo-se multiplicado as litografias independentes. A impressão da folha-de-flandres e o fabrico do vazio no Sotavento eram monopólio de duas entidades: a Soliva (Sociedade de Litografia e Vazio), em VRSA, e a Ramirez, Perez, Cumbrera Lda., com sede e litografia na localidade mas com latoaria em Olhão.

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