PORTUGAL NA EXPOSIÇÃO NACIONAL DO RIO DE JANEIRO EM 1908
Regina Maria Seixas dos Santos
– SIGNIFICADOS E INTENÇÕES –
DISSERTAÇÃO PARA MESTRADO EM RELAÇÕES HISTÓRICAS PORTUGAL, BRASIL, ÁFRICA E ORIENTE
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Nesta Exposição figurariam os nossos produtos agrícolas, como os vinhos, azeites, conservas, cortiças, frutos secos e preparados, os nossos artefactos industriais, como tecidos de linho e algodão, jutas, produtos cerâmicos, faianças, algumas das nossas obras de arte, enfim, uma amostragem representativa de tudo quanto éramos e possuíamos no momento.
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O oitavo capítulo desta secção agrícola promovia os frutos secos e preparados, todo o trabalho que envolvia a sua preparação, as frutas mais utilizadas e as principais localidades onde este labor se desenvolvia. Falava-se das conservas alimentícias, ramo de exploração agrícola e industrial a desenvolver-se bastante, fazendo-se por isso largo comércio, sobretudo com as conservas de peixe (sardinha e atum), muito apreciadas principalmente na França, na Inglaterra, na América do Norte e no Brasil, para onde se exportavam largamente. Referenciavam-se os mais importantes centros de preparação, as principais operações desta indústria, desde que o peixe era pescado, até à conserva final.
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Quanto à indústria de conservas de peixe introduzida em Vila Real de Santo António, dizia-se estar muito desenvolvida e o seu consumo em termos mundiais ser já notável. Em 1905, o peixe ocupava um dos lugares cimeiros na nossa exportação, sendo só precedido pelo vinho, em primeiro lugar, cortiça e rolhas, em segundo lugar e produtos agrícolas em terceiro.
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No entanto, pese embora todas estas vicissitudes, dizia-se que em finais do séc. XIX, algumas das nossas indústrias, como a do fabrico da borracha, a da refinaria do açúcar, a do fabrico dos alfinetes, a dos lápis de escrever, concorriam com as melhores do estrangeiro. Uma das mais prósperas e de maior qualidade era a das conservas, sendo um dos nossos produtos de maior exportação, logo a seguir aos vinhos, às cortiças e aos minérios. Mencionava-se também que as nossas fábricas já iam dispondo de alguns técnicos especializados e que se vinham a modernizar cada vez mais, nomeadamente com a introdução de novas técnicas, onde se começava a utilizar a electricidade.
Enfim, mais uma vez a Exposição era aproveitada para enaltecer as nossas qualidades e assim melhorarmos a nossa imagem aos olhos do mundo inteiro.
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Também a Real Fábrica de Conservas de Matosinhos vinha recebendo muitos prémios em várias exposições internacionais. Intentava-se assim demonstrar e consagrar os méritos das nossas indústrias.
Todas as fábricas se vinham modificando e aumentando a sua capacidade de laboração, adoptando todas as máquinas e melhoramentos mais recentes.
8 – RELAÇÃO DE EXPOSITORES DE FRUTAS SECAS OU PREPARADAS, E CONSERVAS ALIMENTÍCIAS E DISTRITOS DE ONDE PROVINHAM
Brandão Gomes & Cª – Porto
Mascarenhas Pereira & Ramalho – Faro
P. Cavalleri & Cª, Successores _Lisboa
Peixe – Faro
Ramirez & C.a, Successores de A. Ramirez – Faro
Victor Guedes & C.a – Lisboa
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O «Jornal do Comércio» do Rio de Janeiro, tece os mais rasgados elogios à representação portuguesa. Efectivamente, acha que Portugal deve orgulhar-se de si próprio, por bastar-se a si próprio, graças ao trabalho de todos os portugueses. «Foi com effeito, essa a impressão que trouxemos da visita que gentilmente nos concedeu a delegação portugueza, hontem antes de oficialmente inaugurado o Pavilhão cujo estylo recorda as mais immore-douras glorias lusitanas, n ‘uma reconstituição architectónica que muita honra faz também ao architecto nacional auctor d’aquele trabalho.
A delegação portugueza esforçou-se porque a decoração interna dos espaços reservados á installação dos seus productos estivesse á altura do alojamento que, com disvelo fraternal, aqui lhes foi preparado. Os monstruarios foram dispostos nos vastos salões do palacete com muita arte e elegância sendo palpável o esforço de cada expositor – e são milhares-para que o conjuncto da exposição impressione não só pelo valor material dos productos apresentados como também pela sua harmonica disposição ao longo dos quatro vastos salões parallelos que constituem o Pavilhão Manuelino.
…conservas de Brandão Gomes & Ca que occupam uma importante secção,…