Os Açorianos e as Pescas, 500 anos de memórias - Fábrica de Conservas Graciosense

Fábrica de Conservas Graciosense

De Manuel Inácio Bettencourt Barcelos

Praia – Ilha Graciosa

Açores

“Esmerado fabrico de conservas de atum, bonito e cavava.
Exportação para o continente e estrangeiro.
Marca registada Barcelos”.
Assim reza a publicidade no “Anuário Comercial – Açores/Madeira”, 1954, pág. 11

Esta então moderna fábrica de conservas de peixe, foi um investimento realizado por Manuel Inácio Bettencourt Barcelos, figura de referência no meio conserveiro regional e nacional do seu tempo, que granjeou reconhecida consideração ao entre os industriais de conservas de peixe, de meados do passado século. (Séc. XX)

A primitiva fábrica situava-se na Rua Fontes Pereira de Melo N.0 30, da antiga vila da Praia da Graciosa, tendo iniciado a sua laboração de conservas de peixe em salmoura no ano de 1937, conforme certificado de prova de caldeira Nº 261, passado em nome de Maximiano Antunes, em 15 de Junho de 1937, emitido pela Secção Industrial de Angra do Heroismo, representante da Direcção Geral das lndústrias. *

*Documento fotocopiado fornecido pela Srª Profª Maria Teodora de Borba.

A fábrica de conservas do Sr. Barcelos, como era conhecida localmente, entrou em funcionamento em 12/04/1954, no local da Arrochela, Rua dos Moinhos de Vento, Praia da Graciosa. O seu fundador, Manuel lnácio Bettencourt Barcelos, terá iniciado a sua actividade de industrial de conserva no final dos anos 30, tendo falecido em 1969. Após o seu falecimento, a fábrica continuou a laborar sob a orientação dos filhos, Manuel da Silveira Bettencourt Barcelos e Virginio da Silveira Bettencourt Barcelos.

Os principais técnicos da fábrica foram Virginia Duarte da Silva, António Cunha Lima (fogueiro), Carlos Manuel Machado da Silva (esterilizador) e Vinício Maria da Silva (mecânico). O primeiro escriturário foi António Pereira Gadanha, a segunda escrituraria e gerente foi Maria Arlete Fernandes Lima. O mecânico e camionista era Mestre Augusto Maria da Silva.

Em termo de postos de trabalho, em plena safra a fábrica empregava 122 homens e 190 mulheres. Os salários daquela época variavam entre 3$00 (0,015 euros) e 1$90 (0,010 euros) à hora. Durante os meses de Inverno, a fábrica empregava de 6 a 12 mulheres, que se ocupavam a preparar latas e a cunhar tampas.

Durante a safra de Verão, cerca de 20 traineiras demandavam o porto da Praia da Graciosa, para descarregarem o pescado destinado a ser laborado nesta fábrica. De entre a frota de pesca, salientam-se os nomes das traineiras “Maria Manuela” e “Diogo de Barcelos”.

Os restos e sobras do peixe, designados por “guano” e que o povo designava por “buana”, eram farinados para serem aplicados como componentes para rações de animais e fertilizantes para terrenos.

Esta ilha tambem participou na pesca do atum, com vários armadores da Calheta e da Urzelina, que possui um antigo porto de pesca, que foi também um porto de exportação da laranja, marcado na sua arquitectura com casas solarengas, atestando a grandeza económica dessa época. Entre outros compradores de fruta salienta-se a casa Dabney & Sons (que acudiu a população da ilha nos anos da grande fome de 1857 e 1858).

A Urzelina foi uma grande produtora de urzela, tambem conhecida como urzelina, que se incluiu no conjunto das plantas tintureiras que, conjuntamente com o pastel Isatistinctória (L.), foram largamente exportadas para Antuerpia do antigo reino da Flandres, desde o século XVII.

Fábrica de Conservas Graciosense

Property of Manuel lnácio Bettencourt Barcelos

Praia – Ilha Graciosa

“Top-class canning of tuna, bonito and mackerel.
Export to the mainland and abroad.
Barcelos registered trademark”.
So runs the advertisement in the “Business Yearbook – Azores Madeira”, 1954, pp. 11

The then modern processing plant was an investment undertaken by Manuel Inácio Bettencourt Barcelos, an important and respected figure in the regional and national canning sector in the middle of the last century. The original factory was located at Rua Fontes Pereira de Melo, 30, in the old town of Praia da Graciosa. It started canning fish in brine in 1937, according to boiler test certificate No. 261, issued on 15 June 193 7 in the name of Maximiano Antunes by the Industry Department of Angra do Heroismo, on behalf of the Directorate-General for Industries.

Senhor Barcelos’s cannery, as it was known locally, began operating on 12 April 1954 in the village of Arrochela, Rua dos Moinho de Vento, Praia da Graciosa. Manuel Inácio Bettencourt Barcelos, it founder, went into the canning business in the late 1930s, and died in 1939. After his death, the business was carried on by his sons, Manuel da Silveira Bettencourt Barcelos and Virginio da Silveira Bettencourt Barcelos.

The cannery’s main employees were Virginia Duarte da Silva, Antonio Cunha Lima (stoker), Carlo Manuel Machado da Silva (steriliser) and Vinício Maria da Silva (mechanic). The senior clerk was Antonio Pereira Gadanha, and the junior clerk was Maria Arlete Fernandes Lima. The mechanic and driver was Augusto Maria da Silva. At the height of the harvest, the factory employed 122 men and 190 women. The wages at that time varied from 3 escudos (0.015 euros) to 1.90 escudos (0.010 euros) an hour. During the winter months the cannery employed from 6 to 12 women to prepare cans and seal lids. During the summer harvest, around 20 trawlers, in particular the Maria Manuela and the Diogo de Barcelos, made for the port of Praia da Graciosa to unload fish for processing at this factory.

The bits and scraps of fish known as ‘guano’, and called ‘buana’ by the locals, were made into flour to be used in pet food and fertilizer. This island also engaged in tuna fishing. There were various shipowners from Calhera and Urzelina, an old fishing port that was also used for the export of oranges.

The booming economy of that period has left it mark on the town’s architecture, in the form of some fine houses. Purchaser of the fruit included Dabney & Sons (which came to the islanders’ aid at the time of the great famine from 1857 to 1858).

Urzelina was a major producer of urzela (canary moss), which was included, along with the pastel Isatis tinctoria (dyer`s woad), in the group of plants exported in large amounts to Antwerp from the 17th century on.

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