Os Açorianos e as Pescas, 500 anos de memórias - B. J. Borges

Sociedade Bernardino José Borges – Conservas e Pesca, SA.

A história das conservas de peixe na ilha do Faial remonta a 1936, quando Francisco Marcelino dos Reis, industrial do continente, estava associado a Joaquim Martins, comerciante da praça da Horta, com a armação baleeira, “Reis & Martins Lda” e mandaram construir um edifício na zona do Pasteleiro para instalar uma fábrica de conserva de peixe.

Marcelino dos Reis abriu falência e como devia dinheiro a Joaquim Martins, fizeram acerto de contas, ficando este com a armação baleeira e com o edifício da fábrica de conservas, que passou a Raimundo António Ferreira, industrial de conservas do continente português, que admitiu um sócio, João Mota, de Sesimbra, aos quais depois se associou o genro, Valdemar Marques, que também era de Sesimbra.

João Mota, possuía uma fábrica de salga de sardinha e chicharro na Margueira (Cacilhas), que eram embalados em pequenas barricas construídas em madeira de pinho, sendo exportadas para os Açores desde o início do último século.

A fábrica do Pasteleiro, como era popularmente conhecida, entrou em funcionamento em 1938. Iniciou a sua laboração com tunídeos pescados por Mestre João Silveira Alves.

Como não dispunham de sistema de conservação pelo frio, durante o Verão permaneciam dois navios de transporte de atum atracados no porto da Horta “Rio Agueda” e “Rio Vouga”, pertencentes a “Empresa de Pesca de Aveiro“, propriedade de Eva Salgueiro.

João Mota, era um industrial com experiência no ramo das conservas. Anteriormente havia montado uma fábrica de conservas “Sociedade Industrial do Porto Santo“, na ilha de Porto Santo, arquipélago da Madeira.

Com o falecimento do sócio Raimundo António Ferreira por volta de 1980, os filhos que eram médicos em Lisboa, não se interessando pela fábrica do Pasteleiro, venderam a sua participação a Copeça, que era uma sociedade de armadores de pesca do atum.

Recorde-se que por volta de 1953-55, o porto da Horta tornou-se o mais importante porto das regiões autónomas de desembarque de tunídeos. As ilhas do Faial e Pico possuíam a maior frota de traineiras de atum do pais.

Foi nessa altura que a fábrica “B. J. Borges” conheceu a sua época de ouro de laboração de peixe em conserva, criando importantes postos de trabalho, empregando diariamente 180 mulheres distribuídas por turnos, para dar processamento a enorme quantidade de peixe da ordem das várias toneladas, que diariamente entravam na fábrica para serem transformadas.

As raparigas do Liceu da Horta, em período de férias, aproveitavam essa possibilidade de emprego sazonal, que lhes permitia amealhar algumas economias para as suas despesa pessoais. Era então o único emprego para mão-de-obra feminina· que existia em todo o distrito da Horta.”

Sociedade B. J. Borges – Conservas de Peixe, Lda.

The history of the canneries on Faial dates from 1936, when Francisco Marcelino dos Reis, a mainland industrialist and partner of Horta businessman Joaquim Martins in the whaling fleet Reis & Martins Lda., built a factory in the Pasteleiro district for conserving fish. Marcelino dos Reis went bankrupt and, as he owed money to Joaquim Martins, they settled their accounts in such a way that the latter kept the whaling fleet. The factory went to Raimundo António Ferreira, a cannery owner from the mainland, who took on a partner, João Mota from Sesimbra, whose son-inlaw, Valdemar Marques, also from Sesimbra, later joined them. João Mota had a sardine and horse mackerel salting factory in Margueira (Cacilhas); his products, packed into small pinewood barrels, have been exported to the Azores since the beginning of the last century.

The Pasteleiro factory, as it was popularly known, came into operation in 1938. It started processing tuna caught by João Silveira Alves. As they had no cooling system, during the summer two ships for transporting tuna were moored in the port of Horta. These were the Rio Agueda and the Rio Vouga, which belonged to the Empresa de Pesca de Aveiro, owned by Eça Salgueiro.”

João Mota, a businessman with experience in the conserved food sector, had previously set up a cannery named the Sociedade Industrial do Porto Santo on the island of Porto Santo in the Madeira archipelago.

When his partner, Raimundo António Ferreira, died in about 1980, his children, who were doctors in Lisbon and not interested in the Pasteleiro factory, sold their share to Copetça, a firm of tuna fish shipowners.

In about 1953-55, Horta became the most important tuna port in the autonomous regions, and Faial and Pico had the country’s largest fleet of tuna trawlers.

It was at this time that the B. J Borges factory experienced its golden age, creating vital jobs and employing 180 women shift workers on a daily basis to process the enormous quantity of fish, amounting to several tonnes, that came to the factory every day.

In the school holidays the high school girls in Horta took the opportunity of seasonal employment to earn some pocket money. At the time this was the only job opportunity for a female labor force in the whole district of Horta

in, Os Açorianos e as Pescas, 500 anos de memórias – João A. Gomes Vieira

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