“Os 100 anos da indústria conserveira na Madeira” - Emanuel Janes
“Os 100 anos da indústria conserveira na Madeira” foram o tema de uma conferência proferida pelo historiador Emanuel Janes, na passada terça-feira, no Paúl do Mar. Traçando o percurso histórico desta actividade na Região, desde finais do século XVII, e apontando as diversas fábricas de conservas que foram surgindo na Madeira, o orador começou por referir que, «desde a descoberta da Ilha a pesca é uma actividade económica determinante para os madeirenses. Desde os primórdios do povoamento, os madeirenses aproveitaram as potencialidades marítimas e tiraram do mar o pão para o seu sustento. Do mar vieram, ainda, algumas das suas espécies dar o nome a povoações e apelidos a várias famílias que, ainda hoje, orgulhosamente ostentam (Chicharro, Sargo, Pargo)». Emanuel Janes realçou depois que, «em meados do século XIX, apesar da quantidade e variedade de peixe existente nos mares da Madeira, a faina piscatória ainda era insuficiente. Nesta altura, esta era uma indústria completamente isolada e sem qualquer protecção, o que desencorajava o real investimento nela». É só a partir de 1881 que são concedidos alvarás para estabelecimento de fábricas de conserva de sardinhas no continente português, «sendo que em 1889 foram aprovadas as instruções para os serviços de fiscalização e de polícia de pesca exercida no mar». O historiador apontou ainda que a primeira fábrica que se instalou na ilha foi a da Ponta da Cruz, por volta de 1909, pertencente ao empresário algarvio João António Júdice Fialho. Em 1912, aparece a fábrica do Paúl do Mar, devido essencialmente à abundância de peixe nesta localidade. Especificou ainda que todas as fábricas que exploraram as potencialidades do mar, deram, mais tarde, origem a empreendimentos imobiliários, como é o caso da do Paúl do Mar. Neste caso «os empreendedores tiveram algum sentido de preservação do património histórico madeirense, como é o caso da chaminé da fábrica lá existente (na foto) e que ainda hoje funciona», especificou.
Fonte: Jornal da Madeira / SOFIA LACERDA