O Legado do Invisível de Hugo Nazareth Fernandes
O Legado do Invisível de Hugo Nazareth Fernandes
Publicamos aqui o extraordinário trabalho de Hugo Nazareth Fernandes sobre António Varela. Além de se encontrar publicado na internet, foi editado pela Caleidoscópio. Editor: Caleidoscópio ISBN: 9789896582258
Uma interpretação do caminho silencioso e um pouco à margem deste arquitecto do primeiro modernismo português. Fruto de mais de dez anos de investigação sobre a vida e a obra do arquitecto António Varela (1903-1962), amigo e próximo colaborador de Jorge Segurado e José de Almada Negreiros, neste trabalho são analisados alguns dos seus projectos mais notáveis, nomeadamente, a Fábrica de Matosinhos da Algarve Exportador Lda. e a fábrica da Afurada.
O professor Hugo Nazareth Fernandes, docente do curso de Arquitectura do ISMAT, teve a sua tese de doutoramento distinguida com o 2º Prémio do International Council for Architectural Research (ICAR-CORA PRIZE 2011). A tese, sob orientação do Prof. Doutor Arq. Luis Conceição, fora anteriormente aprovada com Excelência pelo Departamento de Arquitectura, Urbanismo, Geografia e Artes Plásticas da ULHT, em Março de 2010.
Fábrica de Matosinhos da Algarve Exportador Limitada.
“Do ponto de vista urbano, este complexo fabril afigura-se como um conjunto edificado de reconhecido valor para a compreensão do desenvolvimento da cidade de Matosinhos, prolongando-se a sua relevância histórica em aspectos económicos e sociais, e, ainda hoje, apesar de votado ao estado de ruína, permanece indelevelmente desde há mais de meio século como um lugar de memória fundamental para toda a população.
A fábrica de Matosinhos parece constituir-se como a obra mais emblemática de Varela e deve ser valorizada historicamente não só pelo seu carácter pioneiro, que marca, a par da Casa da Moeda, o modernismo industrial português, mas também pela riqueza interpretativa que possibilita a vários níveis. Aqui os valores em presença desdobram-se em aspectos funcionalistas, programáticos, tipológicos e simbólicos.
A década de Quarenta correspondeu no sector conserveiro à adopção de modelos que pudessem responder, por um lado, às progressivas necessidades de produtividade através de espaços mais funcionais e, por outro, a um maior rigor aplicado pela nova legislação aos locais de trabalho, devendo-se em certa parte a António Varela o valor de ter sido o primeiro arquitecto a propor uma nova síntese tipólogica e funcional para este sector da indústria e que iria continuar no caso da fábrica da Afurada. Neste contexto programático, a unidade fabril de Matosinhos, projectada em 1938 e inaugurada em 1939, surgiu como uma proposta pioneira, antecipando, a par de um sistema de produção mais mecanizado, melhorias exemplares na qualidade do espaço de trabalho, tendo-se notabilizado como um modelo exemplar para a época. Esta regeneração do antigo modelo da fábrica de conservas de peixe deveu-se ao espírito inovador do seu autor, contribuindo, deste modo, para a importação neste sector, então basilar, da indústria nacional, de princípios teóricos modernistas, baseados no modelo técnico-funcionalista, paradigma da base doutrinária do Movimento Moderno.”
“Saliente-se que esta fábrica de Varela foi, a seu tempo, um marco exemplar a vários níveis. Em primeiro lugar, porque fixou o estabelecimento do sistema em série e em cadeia, integrando o sistema «Massó» num modelo técnico-funcionalista vincadamente moderno, que parece prolongar a pesquisa programática encetada na fábrica da Algarve Exportador Limitada três anos antes. Em segundo lugar, porque estabelece um diálogo pouco comum no panorama português de uma unidade conserveira moderna e a sua relação com uma envolvente em terreno natural, «não-urbano»13. Em terceiro lugar, porque permite confirmar a qualidade do autor como projectista num programa difícil e aparentemente pouco versátil como o eram à época as unidades de produção deste sector da indústria. Finalmente, porque parece testemunhar da «marca de Varela» numa das suas obras mais vincadamente modernas.”
O Legado do Invisível de Hugo Nazareth Fernandes
O Legado do “Invisível” 1 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL
O Legado do “Invisível” 2 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (continuação)
O Legado do “Invisível” 3 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (continuação)
O Legado do “Invisível” 4 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (continuação)
O Legado do “Invisível” 5 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (continuação)
O Legado do “Invisível” 6 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (continuação)
O LEGADO DO “INVISÍVEL” 7 – A FÁBRICA DE MATOSINHOS COMO OBRA FUNDAMENTAL (final)
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