Gio-Batta Trabucco - Porto Brandão

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Gio-Batta Trabucco

NOME FÁBRICA / FACTORY NAME:

PROPRIETÁRIO/OWNER:

FUNDAÇÃO / FOUNDED: 1896

LABOROU EM/WORKED DURING:

ENCERRAMENTO / CLOSURE:

Nº EMPRESA IPCP/ IPCP COMPANY Nº: 41

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS:

CIDADE / CITY: Porto Brandão

NO MESMO LOCAL FUNCIONOU/AT THE SAME LOCATION WORKED:

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:
Office at Praça Duque da Terceira, 24 -3º Lisboa
Gio-Batta Trabucco – Olhão

TIPO / TYPE: Packers of canned fish in olive oil

FONTES / SOUCES:
– Anúncio Gio-Batta Trabucco – Revista Internacional nº6 – ano 1938

Gio Batta Trabucco: Firma fundada em 1896.

Transformada em Gio Batta Trabucco, Limitada por escritura de 07/08/1921, com sede em Olhão, sucursal em Porto Brandão e escritório em Lisboa (anexo à sucursal de Porto Brandão).

Na década de 50 a fábrica localizava-se na Praça João de Deus (Olhão).

A Gio Batta Trabucco, além da marca Chantecler, foi também foi proprietária das marcas:

– ‘Mercedes’, registada em Portugal, em Dezembro de 1910;

– ‘Monoplane’, registada em Portugal em Janeiro de 1911

– ‘Janus Brand’, registada em Portugal desde Dezembro de 1920 (com adições em 1929 e 1934).

Esta marca foi registada pela empresa Gio Batta Trabucco Limitada, nos E.U.A., em 1940 (pedido realizado em Junho e autorizado em Outubro) 1911.

– ‘Le Canot’– registada em Portugal desde Agosto de 1910.

A Gio Batta Trabucco, Limitada foiproprietária das marcas:

– ‘Nereide’, registada em Portugal em Maio de 1929. Esta marca foi registada internacionalmente a 03 de Setembro do mesmo ano.

– ‘Reveil de l’Eggypte’ – registada em Portugal em 1929.

– ‘Olhão Brand’ – registada em Portugal em 1930.

Informação fornecida pela  Prof. Cláudia Rêga Santos

Texto retirado de:

A INDÚSTRIA DE CONSERVAS DE PEIXE NO ALGARVE (1865 – 1945)

Joaquim Manuel Vieira Rodrigues

“Outra importante empresa com sede em Olhão e uma sucursal em Porto Brandão foi a de Gio-Batta Trabuco, cuja origem remontava já a 1896, mas que a 7 de Agosto de 1921, formou uma sociedade por quotas com um capital social de 200 contos. Os sócios e respectiva quota eram: Gio-Batta Trabuco (140 contos), Angelo Semino (40 contos), Luigi Vaccheri (10 contos) e Juan Gomes Fernandes (10 contos). Os três primeiros certamente italianos, o quarto provavelmente espanhol ou de origem espanhola. A diferença económica do quarteto era por demais evidente. A quota de Gio-Batta Trabuco era representada por todos os maquinismos, ferramentas e utensílios e por uma parte das matérias-primas e produtos manufacturados existentes nas suas fábricas de Olhão e de Porto Brandão. Contudo, a outra parte restante das mesmas matérias-primas e produtos manufacturados nelas existentes ficariam a pertencer, de futuro, à sociedade agora constituída, pelo que Gio-Batta ficaria credor da sociedade pelo valor das referidas matérias-primas e produtos manufacturados, ficando este capital, de futuro, e enquanto não fosse pago, a vencer o juro anual de 6%. Os edifícios onde se encontravam instaladas ambas as unidades de produção não entrariam para a sociedade pelo que continuavam sendo propriedade do Gio-Batta Trabuco[1].”

[1] Gazeta de Olhão, nº 73, 13/11/21, p. 3.

1930

No Anuário Comercial de 1930 estão referenciadas as principais fábricas em funcionamento, destacando 7 fábricas de conservas:

– Artur Gonçalves (Ginjal)

– Demosthenes Pappalhoardos (Banática)

Geobatta Trabuco, Lda. (Porto Brandão)

– Joaquim Azevedo Sant’Anna (Caramujo)

– Etichaner Roth (Ginjal)

– Motta. Pinto & Baptista Lda. (Ginjal)

– Sociedade Mercantil Luso-Brasileira Lda. (Ginjal)

(Joana Dias Pereira, “A formação da classe operária portuguesa e o caso de estudo almadense”, in Anais de Almada, 13-14, 2010-2011, p. 145 e p. 147)

1940

Neste ano de 1940 encontravam-se 7 fábricas de conservas a laborar no Concelho:

– 2 no Ginjal (fábrica do Moreira ou Gonzalez & Nascimento, Lda e La Paloma)

– 2 na Trafaria (Conservas Praia do Sol, Lda e fábrica de Eduardo José Abecassis)

– 1 no Porto Brandão (Gia Batta Trabucco, Lda)

– 1 em Cacilhas/Margueira (Mota Raimundo & Irmão Lda)

[a laborar durante a década de 1950, embora os aterros para a abertura da variante da EN10 de ligação Cacilhas-Piedade (1948-52), com o afastamento do rio e a inoperacionalidade dos cais de acostagem tenha provavelmente ditado o seu encerramento)

– 1 no Caramujo (Invencível, de César Guerreiro ou a Manuel do Ó?)

“Todas elas eram pequenas unidades sem fabrico interno de latas para as conservas em molhos, à excepção da Gio Batta Trabucco Lda, que tinha fabrico próprio da lata redonda. Duas delas – La Paloma e Mota Raimundo Irmão Lda. respectivamente do Ginjal e de Cacilhas – encontravam-se relativamente mecanizadas, com diversas máquinas operadoras em funcionamento. A resposta local ao fabrico de latas era garantida, no Ginjal, pela latoaria mecânica de Eduardo de Oliveira, também fabricante de latas redondas, mas este fabrico destinava-se sobretudo às conservas de azeitonas e à embalagam de azeite.”

“As unidades mais importantes do concelho de Almada foram a Ramiro Leão & C.ª, conserveira de vários produtos, a fábrica do Moreira, a La Paloma, ambas no Ginjal, e a Invencícel de César Guerreiro, no Caramujo.”

(Jorge Custódio, «Almada mineira, manufactureira e industrial», in Al-madam, n.º 4, Outubro 1995, p. 138)

“ O Rio tejo chegava até à porta dos armazéns onde funcionava a indústria da conserva do peixe em salmoura. Isto simplificava a descarga do peixe fresco, feito pelas varinas. O pescado vinha acondicionado em caixotes e madeira, e era levado à mão, ou à cabeça para o interior dos armazéns. Habitualmente o transporte era feito pela fragata “Maria da Encarnação”, que carregava no Cais da Ribeira em Lisboa, local onde o peixe era comprado, pela empresa “Mota Raimundo & Irmão”, empresa cuja sede se situava no Cais do Sodré em Lisboa. O peixe que era utilizado na produção consistia em sardinha, biqueirão, chicharro e atum. O sal que era necessário para a salmoura, era transportado em varinos para a fábrica. O peixe era limpo das vísceras, logo à entrada do processo de transformação. Depois era colocado em salmoura, durante o tempo necessário, e a temperatura frequentemente controlada para o peie não se estragar. O biqueirão era também descabeçado, ao passo que a sardinha seguia inteira. Após a salga eram colocados em latas, pressionada com uma espincha de madeira, depois prensada. O processo completava-se com a soldadura das latas. O atum depois de limpo e amanhado, ficava convertido numa “manta” sendo de seguida escalado. Após a salmoura, era colocado em barricas de madeira, e as tampas fechadas e as aduelas colocadas. As barricas eram adquiridas na tanoaria de Salvador Raposo e as latas na latoaria da família Oliveira, pequenas indústrias situadas no Ginjal. Todas estas atividades geravam riqueza e empregos para a população e Cacilhas. A fábrica de estiva de peixe chegou a ter mais de trinta trabalhadores, na sua maior parte operárias conserveiras. A gestão da produção, e a parte da tanoaria que consistia na colocação das aduelas e fecho de barricas, assim como a soldadura das latas, estavam entregues a homens.”

[testemunho de D. Augusta Simões, trabalhadora na empresa nas décadas de 1940-50, in Contributos para a História de Cacilhas – As Margueiras. sn.(Almada): O Farol – Associação de Cidadania de Cacilhas | Junta de freguesia de Cacilhas, 2013,pp 37-39

 

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