Feu Hermanos – Portimão

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Feu Hermanos – Portimão

NOME FÁBRICA / FACTORY NAME:

PROPRIETÁRIO/OWNER: Caetano Feu 

FUNDAÇÃO / FOUNDED:  1902

LABOROU EM/WORKED DURING:  1917; 1924; 1934; 1947; 1948 
De 1910 a 1911 exporta conservas para o Reino de Espanha (in As firmas conserveiras portuguesas exportadoras para o Reino de Espanha (1880-1911) – Prof. Cláudia Rêga Santos – 2021)

ENCERRAMENTO / CLOSURE:

Nº EMPRESA IPCP/ IPCP COMPANY Nº: 63

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS: Rua Dom Carlos I, Portimão 

CIDADE / CITY: Portimão

NO MESMO LOCAL FUNCIONOU/AT THE SAME LOCATION WORKED:

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:
Feu Hermanos – Portimão
Feu Hermanos – Setúbal
Feu Hermanos – Fábrica Espanhola – Olhão

TIPO / TYPE: Packers of canned fish in olive oil

FONTES / SOUCES:
– Rodrigues, 1997;
– Revista de Conservas de Peixe nº25,1948;
– Arquivo do Museu de Portimão.
– A Indústria Conserveira na Construção da Malha Urbana no Algarve: Das Estruturas Produtivas à Habitação Operária (1900-1960), Armando Filipe da Costa Amaro

ARTIGO NO JORNAL PÚBLICO 16.01.01

PORTIMÃO

A antiga fábrica de conservas Feu Hermanos, deu lugar ao Museu Municipal de Portimão. Integrado na Rede Portuguesa de Museus, ocupa uma área de 5000 metros quadrados para dar a conhecer um Algarve, afectivamente ainda próximo, mas que já faz parte da história.

Olhão e Vila Real de St.º António e Portimão foram cidades que deram a conhecer aos ingleses e outros povos a sardinha algarvia, em latas de conserva, muito antes de os britânicos terem descoberto a região para passar férias. O número de fábricas de conservas está reduzido à sua ínfima expressão. Em Vila Real de St.º António, por exemplo, fecharam as unidades fabris, e as novas unidades estão a abrir no lado espanhol, em Ayamonte, aproveitando a experiência dos operários portugueses.

A recuperação da fábrica Feu, situada à beira do rio Arade, por si só poderá ser considerada uma peça museográfica do património industrial. O espaço, embora dedique uma área significativa às artes e ofícios, assenta grande parte da colecção do museu no património industrial. Para isso, contribuíram as colecções, entre outros, dos herdeiros de Júdice Fialho e António Feu. A imagem de Portimão a partir de meados do século XX está exposta num conjunto de cerca de 3000 fotografias, adquiridas pelo município a Júlio Bernardo.

O espólio inclui ainda uma colecção do antigo Presidente da República e escritor Teixeira Gomes, natural de Portimão. Mas há outras figuras – com destaque para o mestre Chico, o último latoeiro a laborar na cidade – que ali têm lugar. A exposição de referência, de longa duração, chama-se “Portimão – Território e Identidade”. Uma mostra que pretende dar uma visão global da evolução da comunidade, em que o mar surge em permanência como um “desafio”, mas ao mesmo tempo uma marca de vida no quotidiano da cidade. A entrada para o museu é feita pelo lado do rio.

A indústria naval está representada através da exposição do galeão Portugal Primeiro, construído nos estaleiros de Vigo, na Galiza, em 1911. Após vários anos ao serviço do industrial de conservas Júdice Fialho, que em 1948 o mandou adaptar a traineira, estava condenado ao abate. Para evitar a perda, a câmara adquiriu a embarcação para a reabilitar, passando a possuir o estatuto de objecto museológico. Pode ser visitado, no lado nascente do museu, junto ao transportador e guindaste.

Dos vestígios do passado, o espólio arqueológico do museu é constituído por materiais das estações arqueológicas de Alcalar, Monte Canelas, Abicada e Monte Mar. No piso inferior, localizado na antiga cisterna da fábrica, é apresentado ao visitante um circuito subterrâneo, com imagens em movimento, captadas no rio Arade e no mar, dando a conhecer a fauna e flora subaquáticas locais.

Do património industrial e etnográfico, a par da indústria conserveira, encontram-se mostras da construção naval, pesca, estiva, litografia, fundição, latoaria, fumeiros, transportes e tipografia. O museu, que viu enriquecido o seu espólio com colecções particulares, fez saber que está “aberto a receber mais doações e acervos”, embora ressalve que não será possível, “naturalmente, expor tudo em simultâneo”.

O edifício dispõe de equipamentos e sistemas técnicos que permitem a integração de pessoas portadoras de deficiência. O auditório, com funções polivalentes, tem capacidade para 180 lugares.

PÚBLICO 16.01.01

 A Indústria Conserveira na Construção da Malha Urbana no Algarve: Das Estruturas Produtivas à Habitação Operária (1900-1960) de Armando Filipe da Costa Amaro – Mestrado Integrado em Arquitectura – Dissertação – Évora 2020. Este documento em anexo, resulta do processo de trabalho para a localização dos edifcios industriais de produção de conservas. Na evidência de falta de trabalhos que identificassem e localizassem, corretamente, a maioria do parque industrial conserveiro, do Algarve, tornou-se premente colmatar essa lacuna. A informação compilada neste anexo é referente às fábricas, a sua localização e às diferentes empresas/proprietários, que trabalharam no mesmo edifício, ao longo do tempo. Tendo o objetivo de determinar, o surgimento e o periodo de tempo em que num determinado local funcionou uma fábrica de conservas.

Feu Hermanos


Texto retirado de:

A INDÚSTRIA DE CONSERVAS DE PEIXE NO ALGARVE (1865 – 1945)

Joaquim Manuel Vieira Rodrigues

Mais completa, porém, é a estatística da empresa Feu Hermanos, embora não possuamos elementos para os anos de 1942 e 1943 (Quadro LXXXIII).

       Notas:
a) Exportações efectuadas anteriormente a Set. de 1939;
b) inclui exportações efectuadas anteriormente a Set. de 1939
 Fonte: AFH, Caixa 10, doc. 634 e Relatórios da Firma Feu Hermanos, de 1940, 1941 e 1944.
A exportação total de 1940 foi equivalente a 108.781 caixas de 1/4 club 30mm (a 19kgs. peso líquido)
A exportação total de 1941 foi equivalente a 126.300 caixas de 1/4 club 30mm (a 19kgs. peso líquido)
A exportação total de 1944 foi equivalente a   63.137 caixas de 1/4 club 30mm (a 19kgs. peso líquido)

Os principais mercados desta importante firma conserveira portimonense foram, entre 1935 e 1945, a Alemanha, os EUA, a Bélgica, a França, a Holanda e a Inglaterra. Registe-se o facto surpreendente de exportações para um mercado tão longínquo como Singapura, com exportações interessantes em 1939, 1940 e 1941. Moçambique, em 1940 e 1941, registou igualmente um crescimento nas exportações em relação a anos anteriores.

Até 1941, todavia, a Alemanha foi principal mercado das conservas fabricadas por Feu Hermanos, embora, a partir daquele ano não existam registos da exportação para aquele país, não se tendo, certamente, deixado de se fazer.

As notas que acompanham o quadro anterior são, de facto, elucidativas pela preocupação de afirmar que as exportações para a Alemanha e países por esta ocupados tinham sido realizadas antes da eclosão da Guerra.

Em 1944, já, portanto, próximo do fim do conflito e da sua derrota, a Alemanha posicionou-se, ainda, como o segundo mais importante mercado importador desta empresa, logo após a Inglaterra.

Outro importante mercado foi os EUA até 1941, um cliente, aliás, desde, pelo menos, 1926 (Anexo II. Quadro II), embora a partir daquele ano e até 1944 a exportação tenha sofrido uma quebra apreciável. Durante a guerra tornar-se-ia, porém, um excelente mercado para as anchovas.

Os anos de 1939 a 1941 foram os anos áureos da firma, quer pela quantidade de conservas exportadas, quer pelo valor recebido. Valor que entre 1938 e 1941 cresceu de uma forma muito significativa atingindo 156,6% (Quadro LXXXIV).

Notas:
a) excluídas as exportações da Empreza Exportadora Lusitânia, Lda. e Soc. Comercial Algarve, Lda;
b) Incluídas as exportações com despachos efectuados em nome de J. Wimmer & Cª. A este agente alemão foram entregues no total 84.752 caixas no valor de 29.209.569$00, dos formatos 1/2 alto 40mm, 1/4 americano 30mm e 1/4 club 30mm. AFH, caixa 10, doc. 637, Portimão 30/3/42.

A Inglaterra paulatinamente veio, desde 1935, consolidando a sua posição de importante comprador de conservas da empresa. Pela ausência de elementos de análise estatística para 1942, 1943 e 1944, é difícil avaliar a evolução deste mercado durante a guerra. Em 1944, mercê, certamente, dos condicionalismos do conflito, tornar-se-á o principal mercado da Feu Hermanos.

Apesar das dificuldades inerentes à guerra, o centro conserveiro de Portimão posicionou-se como um dos grandes centros exportadores de conservas do país, tendo sido a sede de algumas das mais importantes empresas, não só do Algarve, como do País, com fábricas noutros centros e que viveu, durante os anos da guerra, apesar da quebra das exportações, um período de grande prosperidade económica para os seus capitalistas conserveiros. Prosperidade que se exteriorizou, no quotidiano de algumas camadas sociais e nos seus modos de vida, assim como na actividade financeira.

 

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