Sociedade Portuguesa de Pescas de Cetáceos, Lda – Fábrica das Baleias
Fábrica das Baleias – Setúbal
NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Sociedade Portuguesa de Pescas de Cetáceos, Lda
NOME FÁBRICA / FACTORY NAME: A Fábrica das Baleias de Santa Catarina
PROPRIETÁRIO / OWNER:
FUNDAÇÃO / FOUNDED: 1924
LABOROU EM / WORKED DURING:
ENCERRAMENTO / CLOSURE: 1928
Nº EMPRESA IPCP / IPCP COMPANY Nº:
ALVARÁ / CHARTER:
MORADA / ADDRESS:
CIDADE / CITY: Setúbal
NO MESMO LOCAL FUNCIONOU / AT THE SAME LOCATION WORKED:
OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:
TIPO / TYPE: Empresa de pesca da baleia
FONTES / SOUCES:
Rui Canas Gaspar – Histórias, Coisas e Gentes de Setúbal
Quando se caçavam baleias às portas de Lisboa – artigo National Geographic
EMBARCAÇÕES:
Maria Virginia; Ruth; Persistência
Baleias em Setúbal
Corria o ano de 1924 quando um despacho ministerial, datado de 1 de fevereiro, deu permissão para a captura e aproveitamento industrial de cetáceos na costa portuguesa. Com esse objetivo foi então constituída a Sociedade Portuguesa de Pescas de Cetáceos, Lda. cujas instalações ocuparam um vasto espaço junto ao Rio Sado.
A Fábrica das Baleias de Santa Catarina funcionava perto da UEP (União Elétrica Portuguesa) nas proximidades da entrada da SAPEC, na Estrada da Mitrena.
Ocupando um espaço com 320 metros de frente para o rio, naquela zona da Cachofarra, encontrava-se o equipamento específico para o desenvolvimento da atividade industrial que incluía planos inclinados construídos em betão, guinchos, pequenas gruas, estrados e as instalações dotadas de autoclaves utilizados para a extração do óleo das baleias, bem como o necessário equipamento para o fabrico de farinha.
A recém-constituída sociedade para além de possuir a popularmente conhecida “Fábrica da Baleia” contava também com o apoio dos vapores baleeiros “Músculos”, “Fogo” e “Sibaldi” para além do pequeno rebocador “Troiano” e de um escaler.
Nos três anos que a sociedade se manteve ativa foram capturados um total de 408 baleias e 54 cachalotes que produziram 2.013 toneladas de óleo, um produto então muito utilizado na iluminação, como lubrificante e destinado também ao fabrico de sabões.
Os cetáceos eram arpoados normalmente ao largo do Cabo Espichel, mais tarde, devido a serem pouco avistados naquelas águas costeiras os baleeiros deslocaram-se mais para oeste, para os mares açorianos.
Depois de caçadas as baleias, devido ao seu enorme tamanho, eram atadas ao lado do vapor, ficando presas à proa e à popa e deste modo eram conduzidas até ao Rio Sado. Chegadas às instalações fabris, subiriam pela rampa da fábrica, onde, com a ajuda de guinchos, chegavam a terra para serem então esquartejadas.
Inesperadamente, no dia 22 de maio de 1928 a sociedade paralisou os seus barcos e as instalações fecharam portas, isto porque a administração considerou que o resultado obtido com o produto da sua atividade não compensava o capital investido.
Foi necessário deixar passar quase uma dezena de anos, para que, em 1947, a empresa João Marcelino dos Reis, Lda. voltasse a laborar até que, também esta, em 1951, encerrasse as instalações, depois da captura e transformação industrial de 283 enormes baleias e 145 cachalotes.
Alguma carne destes animais marinhos era comercializada nos talhos, para a alimentação humana, que a vendiam cortada em bife, tal como o faziam com a carne de vaca ou de cavalo.
Nos finais da década de 40, nos tempos áureos da telefonia, de entre outros, passava na rádio este curioso anúncio publicitário apelando ao consumo da carne daqueles cetáceos: “Ao almoço, ao jantar e à ceia, coma carne de baleia”.
Rui Canas Gaspar
Excerto do livro: Histórias, Coisas e Gentes de Setúbal
Quando se caçavam baleias às portas de Lisboa
A caça da baleia, ao longo do século XX, teve várias tentativas de rentabilização da captura e processamento destes cetáceos no estuário do Sado.
Autor do artigo: Luís Quinta
Junho de 2023
National Geographic
Ao longo do século XX, existiram várias tentativas de rentabilizar a captura e processamento de cetáceos no estuário do Sado.
Fontes António Teixeira e Capitão-de-Fragata J. Vicente Lopes
1ª Fase
Em 4 de Novembro de 1924, foi atribuída uma concessão de caça à baleia à Sociedade Portuguesa de Pesca de Cetáceos, Lda. No primeiro ano de actividade, o desmanche e processamento de derivados de baleia foram realizados a bordo do navio Professor Gruvel. No ano seguinte, em Tróia, foram criadas instalações para processar um total de 591 cetáceos, mas, em 1927, as capturas baixaram e no ano seguinte, sem actividade de baleação, a empresa encerrou portas.
2ª Fase
No Verão de 1943, foi anunciado pela empresa Francisco Marcelino dos Reis a construção de uma nova fábrica de transformação de baleias na margem do rio Sado. A caça à baleia era desenvolvida essencialmente entre o cabo da Roca e o cabo de Sines, com incursões mais longínquas. Durante os cinco anos de actividade destas instalações de transformação de grandes cetáceos, foram desmanchados perto de 600 animais.
3ª Fase
A nova economia de observação de golfinhos e baleias, está a crescer em Lisboa, Sesimbra e Setúbal. Os pequenos cetáceos são os mais fáceis de encontrar, mas as grandes baleias estão a recuperar e são avistadas com mais regularidade nas águas adjacentes a estas cidades. Em migração, são registadas cada vez mais baleias-comuns, o segundo maior animal do planeta a seguir à baleia-azul, bem como outros grandes cetáceos. A indústria ainda não colige dados estatísticos.
Os números:
26 metros, comprimento da baleia-comum
524 Baleias-comuns capturadas na primeira fase da baleação em águas continentais (1925 1927)
299 Baleias-comuns caçadas nas águas continentais portuguesas (1947 1951)
Fábrica das Baleias – Setúbal
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