O Visconde de Vila Maior e a Exposição Universal de Paris de 1855

Guilhermina Mota

Coimbra 2016

O Visconde de Vila Maior e a Exposição Universal de Paris de 1855 (1)

Encontro-me neste momento a preparar a edição anotada de um manuscrito redigido por Júlio Máximo de Oliveira Pimentel [1809-1884] (2), mais tarde Visconde de Vila Maior, intitulado Diário de viagem em 1855, que reporta a sua atuação na Exposição Universal de Paris e o trabalho que desenvolveu na Comissão de Estudo então criada (3).

O documento contém muita informação sobre a ciência química, razão pela qual se impôs o recurso a uma colaboração especializada nesse domínio. O trabalho beneficia assim  do contributo do Professor Doutor Sérgio Rodrigues que teve a amabilidade de me endereçar um convite para fazer hoje, neste Colóquio “História da Química em torno de Vicente Seabra”, uma apresentação da obra em linhas muito gerais.

O texto, organizado em jeito de diário, como o próprio título indica, consta de um caderno de 86 folhas, escrito num belo cursivo em tinta castanha, ilustrado com 34 desenhos que, mesmo feitos ao correr da pena, à medida que eram lançadas as notas, não deixam de evidenciar o talento do Autor para a arte do desenho.

No diário foi registando as peripécias de viagem, a sua ação e as tarefas empreendidas durante a Exposição, os acontecimentos ocorridos, apreciações sobre pessoas e circunstâncias, espetáculos que presenciou, os museus a que foi, o que aprendeu nas diversas lições a que assistiu, nos laboratórios que viu e nas fábricas que visitou.

O relato começa no dia 31 de março, data da sua partida para França a fim de participar na Exposição Universal, e termina em 16 de setembro.

(1) Comunicação apresentada ao Colóquio “História da Química em torno de Vicente Seabra”, no dia 1 de abril de 2016, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, organizado pelo Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, pelo Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e pelo Grupo de História da Sociedade Portuguesa de Química.

(2) Sobre este importante químico do século XIX, ver por todos: MOTA, 2012.

(3) Este documento encontra-se no Arquivo de Botânica da Universidade de Coimbra (A. B. U. C. – Arquivo do 2.º Visconde de Vila Maior ) e o estudo do mesmo vem na sequência do projeto de investigação “A história da Botânica na Universidade de Coimbra e a sua expressão no mundo lusófono: de Brotero a Abílio Fernandes” da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

I – Exposição Universal de Paris de 1855

1. Exposição Universal dos Produtos da Agricultura, da Indústria e das Belas Artes

As exposições universais constituíam, na segunda metade do século XIX, um meio excelente de comprovar a supremacia industrial dos países. Ofereciam, por outro lado, oportunidades sem igual para as empresas e os industriais mostrarem as suas capacidades e valorizarem as suas realizações. Não tinham por objetivo apenas a exibição dos produtos, pois eram também concursos, uma vez que eram atribuídas medalhas e menções honrosas aos melhores, prémios que os empresários não deixavam de citar depois na publicitação dos seus artigos.

A era das grandes exposições universais de indústria iniciou-se com a Exposição de Londres de 1851, Great Exhibition of the Works of Industry of all Nations. A França, que havia tido a ideia da organização destes certames, mas não conseguira concretizá-la por causa da instabilidade política e social então vivida no país, sentiu a urgência de organizar quanto antes uma réplica. Assim, em 1855 (entre 15 de maio e 15 de novembro), levou a cabo em Paris uma exposição denominada Exposition Universelle des produits de l’Agriculture, de l’Industrie et des Beaux-Arts, instituída pelo Decreto de 8 de março de 1853. Não era somente uma exposição industrial, como o havia sido a de Londres, mas também uma grande exposição internacional de arte contemporânea, de pintura, gravura, litografia, escultura, medalhística e arquitetura. Como bem o explicita o Príncipe Napoleão, primo direito do imperador e Presidente da Comissão Imperial da Exposição: «Si la France se laisse trop souvent devancer dans la réalisation des idées que son génie fait éclore, elle leur donne, quand elle les applique, un caractère particulier qui les élève et les grandit. C’est ce que Votre Majesté a prouvé, quand, à l’Exposition universelle des produits industriels, Elle a joint une Exposition universelle des Beaux-Arts» (Exposition, 1856: 3).

A rivalidade entre as duas nações era latente, mas não expressa. É que o Príncipe Napoleão tinha recebido uma orientação precisa: por um lado, deveria conseguir que a exposição francesa ficasse a ganhar no confronto com a inglesa, mas, por outro, não deveria dar mostras de uma rivalidade chauvinista, de um patriotismo exacerbado. Os dois países, depois de um longo período de guerras, estavam agora em boas relações diplomáticas, sublinhadas pela visita de estado da Rainha Vitória a Paris, a qual tinha uma clara dimensão simbólica ao outorgar legitimidade a um império nascido de forma pouco ortodoxa (CHANDLER, 2014).

A França queria afirmar-se no contexto das nações, manifestando o seu dinamismo industrial e o seu prestígio no campo das artes, e a Exposição era um ótimo veículo para propaganda do Segundo Império, para assinalar um país que vivia em boa harmonia e prosperidade, com uma corte brilhante, e também para exibir a renovada cidade de Paris, que o imperador Napoleão III desejava ver universalmente reconhecida como «a Roma imperial da nossa era», como dizia Haussmann (JORDAN, 1996: 273).

A Exposição surgia em período de insegurança europeia, com vários países envolvidos na Guerra da Crimeia, conflito que decorreu entre 1853 e 1856 na península do mesmo nome, que opôs a Rússia a uma coligação de nações aliadas formada pelo Reino Unido, França, Sardenha e Império Otomano e que contou ainda com o apoio do Império Austríaco.

No entanto, na capital francesa, viveram-se os meses em que a Exposição esteve patente de forma completamente alheada dessa realidade. No seu discurso de abertura da Exposição, o Imperador Napoleão III proclamava mesmo: «É com grande felicidade que inauguro este templo de paz que junta todos os povos num espírito de concórdia».

Importa ressaltar que, apesar de não comparecerem, os industriais russos foram convidados para virem a Paris. O convite não foi feito pelas autoridades governamentais, como é bom de ver, mas sim pela Câmara de Comércio de Paris.

Portugal não se envolveu nesta contenda, declarando que as relações de boa amizade e perfeita inteligência que existiam entre Portugal e todos os Governos da Europa se deviam conservar intactas e continuar a ser religiosamente mantidas (Relatório, 1855: 5).

Júlio Máximo de Oliveira Pimentel (ca. 1850) 4

I – 2. Comissão Central para a Exposição de Paris

Lisboa aceitou imediatamente o convite feito, pelo governo francês, para que a indústria portuguesa estivesse presente na Exposição Universal. Logo em janeiro de 1854 se criou a “Comissão Central para a Exposição de Paris”, presidida pelo Marquês de Ficalho, de que faziam parte como vogais diversas personalidades, entre as quais Júlio Pimentel, então lente de Química na Escola Politécnica de Lisboa e deputado nas Cortes.

Os outros elementos eram Francisco Tavares de Almeida Proença, o Visconde da Junqueira, o Visconde de Alcochete, José Jorge Loureiro, José Ferreira Pinto Basto, Manuel Joaquim de Quintela Emauz, Aires de Sá Nogueira, Alexandre de Oliveira, Francisco Rodrigues Batalha, José Pedro Colares e Sebastião José Ribeiro de Sá, este último na qualidade de secretário *.

* A. B. U. C. – Arquivo do 2.º Visconde de Vila Maior . “Cópia do Decreto de criação da Comissão Central para a Exposição Universal de Paris de 1855. Paço das Necessidades, 23 de janeiro de 1854. Rei Regente. Antonio Maria de Fontes Pereira de Melo

Esta Comissão tinha por obrigação promover a exposição dos produtos da indústria portuguesa na Exposição Universal de Paris, que devia inaugurar-se em 1 de maio de 1855, coligindo-os, classificando-os e facilitando a sua remessa para aquela cidade. Para tal devia organizar previamente uma exposição em Lisboa, decidindo à vista dos produtos os que tinham qualidade para figurarem em representação do país. Não era, contudo, a primeira exposição que ocorria em Lisboa, pois tinha havido já quatro exposições industriais, sendo a primeira a de 1838 e a mais recente a de 1849, realizadas pela Sociedade Promotora de Indústria Nacional, surgida em 1822. Júlio Pimentel, como ele mesmo declara, trabalhou muito e durante muito tempo nesta Comissão, na seleção e classificação dos produtos e nos preparativos do envio (PIMENTEL, 2014: 134).

Para a organização das obras portuguesas na Exposição de Belas Artes, a decorrer no Palais des Beaux-Arts, na Avenida Montaigne, foi designada uma outra comissão, sendo presidente o Conde de Farrobo, Joaquim Pedro Quintela.

Em 29 de março de 1855, Júlio Pimentel foi especialmente encarregado da coordenação da Exposição portuguesa na cidade de Paris, que incluía todo o trabalho de montagem dos nossos produtos nos locais a eles atribuídos pelas autoridades francesas*.

*A. B. U. C. – Arquivo do 2.º Visconde de Vila Maior . “Nomeação para tratar dos produtos na Exposição de Paris de 1855. Paço das Necessidades, 29 de março de 1855. Rei Regente. Antonio Maria de Fontes Pereira de Melo”.

Recebeu ordem de partir imediatamente para França e foi autorizado a sacar, sobre a Agência Financial Portuguesa em Londres, até à quantia de seiscentas libras para as despesas que tivesse de efetuar na Exposição.

Obtida licença da Câmara dos Deputados para se ausentar para fora do país em comissão de serviço público temporário, partiu de Portugal dois dias depois em companhia de Joaquim Henriques Fradesso da Silveira [1825-1875], que trabalhava então no Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, e de António de Barros [1827-1899]*, filho segundo do 2.º Visconde de Santarém. O primeiro ia a Paris em viagem particular de negócios – saliente-se que recebeu na Exposição uma Menção Honrosa pelo seu Vinho da Madeira –, o segundo ia visitar o pai que se encontrava exilado em França desde a vitória liberal.

* António de Barros Saldanha da Gama de Sousa Mesquita de Macedo Leitão e Carvalhosa, 2.º Visconde de Vila Nova da Rainha, título concedido por Decreto de D. Pedro V de 12 de setembro de 1855.

I – 3. Comissão de Estudo para a Exposição de Paris

Se as exposições universais constituíam uma forma de mostrar o desenvolvimento industrial dos países e um meio de dar a conhecer as inovações empresariais, constituíam também um momento privilegiado para apresentação das tecnologias mais recentes, convertendo-se pois numa «forma de divulgação técnica e num espaço de aprendizagem baseado na observação» (MATOS, 1996: 408). Por esse motivo, o governo português deliberou, na mesma altura e para o mesmo evento, a formação de uma Comissão de Estudo *, especialmente encarregada de se inteirar de todas as novidades científicas e tecnológicas em curso, dos progressos e melhoramentos havidos nas diferentes artes e ofícios.

* A. B. U. C. – Arquivo do 2.º Visconde de Vila Maior . “Nomeação para a Comissão de Estudo para a Exposição de Paris de 1855. Paço das Necessidades, 29 de março de 1855. Rei Regente. Antonio Maria de Fontes Pereira de Melo”.

Júlio Pimentel integrou essa Comissão, assim como José Vitorino Damásio [1807-1875], oficial de Artilharia, professor e diretor do Instituto Industrial de Lisboa – há muito conhecido de Júlio Pimentel, pois fora seu colega na Faculdade de Matemática nos anos letivos de 1834 a 1837 (Relação, 1834: 16; 1835: 22; 1836: 25) – , o químico Sebastião Betâmio de Almeida [1817-1864]9, lente do Instituto Industrial do Porto, e o engenheiro militar João de Andrade Corvo [1824-1890], lente do Instituto Agrícola de Lisboa, que havia sido aluno de Pimentel na Escola Politécnica.

Mais tarde serão acrescentados mais dois membros: José Maria da Ponte e Horta [1824-1892], oficial militar e lente substituto da cadeira de Mecânica na Escola Politécnica, e Sebastião José Ribeiro de Sá [1822-1865], chefe da Repartição de Manufaturas no Ministério das Obras Públicas, que era o secretário da Comissão.

António José de Ávila [1806-1881], bacharel formado em Filosofia, político influente, mais tarde Duque de Ávila e Bolama, comissário régio junto à Exposição Universal de Paris de 1855, foi provido como presidente da Comissão de Estudo.

Os membros desta Comissão tinham permissão para gastar duas libras por dia desde a saída de Lisboa, nelas compreendidas as despesas de viagem.

Na divisão de tarefas feita dentro desta Comissão, a Pimentel coube o estudo das indústrias químicas, a Vitorino Damásio a análise de vários tipos de locomotivas e a aquisição de material circulante destinado à Linha de Leste, que então se andava a construir, a Andrade Corvo a parte relativa à agricultura e a Ponte e Horta a das máquinas a vapor. A Comissão de Estudo veio a publicar os respetivos relatórios sobre a agricultura (CORVO, 1857), as artes químicas (PIMENTEL, 1857), as máquinas a vapor e as locomotivas (HORTA, 1857).

Não só os homens de ciência aproveitaram a ocasião para se instruírem. Também os industriais portugueses perceberam a importância de que se revestiam as exposições internacionais para o fomento industrial «pela imitação e pelo estímulo» que provocavam (SOUSA; ALVES, 1996: 78). A Associação Industrial Portuense, por exemplo, promoveu a deslocação à Exposição Universal de representantes dos vários grémios de indústria existentes na cidade do Porto, para que observassem processos de fabrico mais modernos e colhessem informação para poderem atualizar as suas oficinas ou fábricas. Os operários escolhidos foram José Ribeiro Leite (ferreiros, serralheiros e espingardeiros), João José da Fonseca (artes cerâmicas), Francisco António Galo, Domingos da Silva Júnior e Domingos Rodrigues de Faria (CASTANHEIRA, 2000: 300). Iam encarregados de elaborar relatórios. O primeiro a entregar o seu foi o enviado pelo grémio das artes cerâmicas (Jornal, 1856:17).

Palácio da Indústria, 1855   11

II – Atuação de Júlio Pimentel na Exposição Universal de 1855

1. Organização da mostra portuguesa

Júlio Pimentel chegou a Paris a 12 de abril e logo a 14 se dirigiu ao Palácio da Indústria, grande edifício construído ao longo dos Campos Elísios para servir de recinto à Exposição*, a fim de se apresentar ao engenheiro e professor de Mecânica Henri Tresca [1814-1885], Comissário da Classificação da Comissão Imperial, e falar com o arquiteto Dahlstein, encarregado da planificação da Exposição, que lhe entregou a planta do local concedido a Portugal.

* Desenhado e construído pelo arquiteto Jean-Marie Viel e pelo engenheiro Alexandre Barrault, foi demolido em 1897 para dar lugar ao Grand Palais edificado para a Exposição de Paris de 1900.

A secção portuguesa encontrava-se na galeria superior do Palácio, com um espaço reduzido, consagrado aos produtos manufaturados, e tinha mais 205 metros quadrados (Diário: 20 de abril) no chamado Anexo, construção temporária projetada para área de exposição por o Palácio se ter tornado insuficiente para acomodar todos os expositores. No Anexo se exibia a maquinaria a vapor, matérias-primas, instrumentos metalúrgicos e agrícolas, aparelhos diversos.

Júlio Pimentel, nos dias seguintes, tratou de fazer os contratos de marcenaria para a fabricação das mesas, dos armários e dos escaparates, assim como do aluguer de garrafas, na Cristalaria de Baccarat, que eram indispensáveis para o arranjo e disposição dos géneros.

No dia 20 de abril chegaram ao porto de Nantes os produtos portugueses, vindos no vapor La Bretagne, acompanhados por Francisco António de Vasconcelos, fiel dos mesmos, que irá ser um precioso auxiliar de Pimentel na logística da mostra portuguesa. Nantes era um dos portos designados, pela organização da Exposição, para a entrada em França dos produtos estrangeiros a ela destinados. De notar que o nosso material chegava tardiamente, pois o prazo limite para a entrega do mesmo ao Comissário da Classificação tinha sido fixado em 15 de março. No entanto, o atraso era geral, uma vez que a tarefa de desembalagem só conheceu uma verdadeira atividade na segunda quinzena de abril (Rapport, 1857: 52-53), atraso que obrigou mesmo a adiar a inauguração por duas semanas.

Três dias depois, Pimentel fez o ajuste das caixas com o diretor da alfândega parisiense. Em 4 de junho começou a desembalar e no dia 14 de julho, ao ultimar a secção dos vinhos, deixou pronta a nossa prestação. Lembre-se que a inauguração da Exposição se tinha processado em 15 de maio.

Simultaneamente, trabalhou com António José de Ávila no catálogo dos produtos portugueses presentes na Exposição. Em princípio, os boletins do catálogo deveriam ter sido enviados até final do mês de novembro de 1854, mas em 15 de março do ano seguinte a organização da Exposição apenas tinha recebido cerca de um terço. Portugal, assim como outras nações – o Ducado de Nassau, o Egito, Túnis, vários estados da América do Sul, e colónias francesas e inglesas –, só os entregou nos últimos dias de julho de 1855, já depois do catálogo ter sido posto à venda (Rapport, 1857: 75-76). De facto, o catálogo ficou em branco na página correspondente ao reino de Portugal (Exposition, [1855]: 387).

Apesar dos contratempos, Portugal levou à Exposição de Paris mais de 400 expositores e conseguiu o sétimo lugar num conjunto de 52 estados: recebeu uma Medalha de Honra (conferida ao Governo de Portugal como representante da agricultura do país), 18 Medalhas de 1.ª Classe, 84 de 2.ª Classe, 115 Menções Honrosas, 15 Menções para memória, três Menções sem prémio, uma Menção fora de concurso e uma Notícia (Exposition, 1856).

A entrega das recompensas foi feita pelo rei D. Pedro V, no dia 29 de abril de 1856, em cerimónia realizada na sala da biblioteca da Academia Real das Ciências, ornada com as armas de França e de Portugal num mesmo escudo. O governo português conferiu ainda o grau de cavaleiro da Ordem de Torre e Espada a dez dos principais expositores premiados (CHAGAS; COLEN; GOMES, 1907: 112-113).

Em termos meramente quantitativos parece um bom resultado, mas a distribuição dos prémios pelas diferentes classes deixa ver uma outra imagem. Os galardões foram obtidos sobretudo em produtos agrícolas e na preparação e conservação das substâncias alimentares.

E ainda, embora menos, na confeção de artigos de vestuário e calçado e nas artes químicas. O país nada recebeu nas classes industriais com componente tecnológica relevante, na maquinaria, o que faz sobressair o atraso em que se encontrava. D. Pedro V não deixará de salientar este aspeto: «as materias primas foram recebidas de uma maneira muito lisonjeira para o nosso futuro commercial; a industria popular mereceu muita attenção; a industria regularmente organisada não fez effeito algum» (Escritos, 1924: II, 239).

Somente na Classe IX (Indústrias ligadas ao emprego económico do calor, da luz e da eletricidade), Portugal mereceu uma Menção Honrosa por «um forninho de cozinha económica» (Exposition 1856: 449), da Fundição do Bolhão, fábrica de artefactos metálicos da cidade do Porto, que Vitorino Damásio estabelecera com Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães e Joaquim António da Silva Guimarães, e de que tinha a direção técnica (SOUSA; ALVES, 1996: 62).

E o próprio Júlio Pimentel recebeu uma Menção fora de concurso, sem prémio por pertencer ao júri, pela fabricação de papel a partir da piteira (agave americana)*, papel que denotava uma solidez e uma colagem naturais que o colocavam no primeiro nível do seu género, como se afirma no relatório do júri internacional (Rapport, 1857: 554).

Júlio Pimentel registará a respetiva patente em 27 de maio de 1858 (CARVALHO, 1859/1860: 43-44).

O peso da agricultura na participação lusa transparece igualmente numa troca de palavras com Napoleão III, aquando da cerimónia de apresentação e cumprimentos da Comissão Central portuguesa no Palácio das Tulherias. Informado o Imperador que os nossos melhores produtos eram os agrícolas, ironizou: «Alors c’est que le soleil est chez vous le plus grand industriel». Ao que Júlio Pimentel terá respondido: «Oui Sir, c’est parce qu’il a commencé ses travaux bien plus avant que tous les autres» (Diário, 20 de maio).

II – 2. Júri internacional da Exposição Universal de Paris de 1855

Andrade Corvo, Ponte e Horta e Júlio Pimentel foram nomeados, pela Comissão Imperial, para membros do júri internacional, integrando o primeiro o júri de avaliação da Classe II (Arte florestal, caça, pesca e recolha de produtos obtidos sem cultura), o segundo o de avaliação na Classe IV (Mecânica geral aplicada à indústria), e sendo relator nas duas primeiras secções (“Aparelhos de pesagem” e “Peças soltas de máquinas”), em conjunto com Henri Tresca. Júlio Pimentel fez parte do da Classe X (Artes químicas, tinturaria e impressão, indústrias do papel, das peles, da borracha), de que era presidente Jean-Baptiste Dumas [1800-1884]*, ficando presidente da secção dos “Tabacos e ópios”, secretário das “Artes químicas”, relator para os produtos de Portugal, Espanha, Sardenha, Estados Pontifícios e como relator especial das “Matérias gordas”.

* Professor titular de Química na Faculdade de Ciências de Paris, que se distinguiu também como político, pois foi ministro e senador durante o Império. Integrou a Comissão Imperial da Exposição Universal de Paris de 1855.

O júri da Classe X contava, entre outros, com a presença dos químicos Thomas Graham [1805-1869], professor de Química no Royal College of Science and Technology e na University College London, Charles Wurtz [1817-1884], professor na Faculdade de Medicina de Paris e na Sorbonne, Antoine-Jerôme Balard [1802-1876], professor de Química no Colégio de França e na Faculdade de Ciências de Paris, Jean-François Persoz [1805-1868], professor no Conservatório Nacional (então Imperial) de Artes e Ofícios, Jean Servais Stas [1813-1891], professor na Escola Real Militar da Bélgica, Warren de La Rue [1815-1889], astrónomo e químico, Paul Thénard [1819-1884], filho do Barão de Thénard e químico como ele, e dos industriais Charles Frédéric Kuhlmann [1803-1881], investigador universitário e fabricante de produtos químicos, Étienne de Canson e Henry Steinbach, que tinham fábricas de papel respetivamente em Annonay e Malmédy, e Jacques Frédéric Fauler [1802-1855], antigo fabricante de marroquinaria, membro da Câmara de Comércio de Paris.

Com todos eles Pimentel irá manter as mais cordiais relações e uma convivência «sempre agradável e muito instrutiva» (PIMENTEL, 2014: 136).

As reuniões do júri principiaram em 25 de junho e, durante o mês de julho, no recinto da Exposição, Pimentel ocupou-se com o exame dos produtos de que estava incumbido, os tabacos e os produtos químicos da Áustria, da Prússia, da Baviera, do Hesse, de Inglaterra e parte de França, e iniciou a ronda pelas fábricas na companhia de outros elementos do júri.

II – 3. Visitas aos estabelecimentos fabris

Na apreciação dos estabelecimentos industriais, Júlio Pimentel expôs de forma detalhada os processos de fabrico, os produtos e as técnicas, e prestou atenção a todas as máquinas que desenhou com pormenor.

No dia 17 de julho visitou a Fábrica de Vidros de Sèvres, de vidros ordinários, garrafas e vidraça, e que se preparava para vir a produzir também cristal. Nela examinou o vidro opaco, as peças sopradas, os aparelhos e técnicas de fabrico, o combustível utilizado, reparando que todo o vidro era «excelente, branco e sem grandes defeitos». Todavia, a fabricação de um grande vaso de Médicis, a que se procedia para o júri admirar a habilidade dos operários, não correu bem, perdendo-se a peça. Era diretor da fábrica o químico e físico Henri Victor Regnault [1810-1878], professor na Escola Politécnica de Paris e no Colégio de França, que fazia parte da Comissão Imperial da Exposição e era presidente da Classe XVIII (Indústrias do vidro e da cerâmica).

Dirigiu-se, a 19 do mesmo mês, à fábrica de borracha de Guibal, localizada em Saint-Denis, a mais de uma légua de Paris, a mais antiga empresa francesa de produtos de borracha. Descreveu as espécies de borracha, provenientes do Brasil e da Índia, o seu tratamento, a maquinaria em uso, assim como o processo de impermiabilização e o de vulcanização. Esta empresa recebeu a Medalha de Honra na Exposição Universal de Paris de 1855, pela boa confeção dos objetos manufaturados, pelos aperfeiçoamentos introduzidos na fabricação e pelo melhoramento das condições de trabalho (Exposition, 1856: 547).

Em dois de agosto deslocou-se à Fábrica de Marroquinaria Fauler, fundada em 1796, instalada em Choisy-le-Roi, com produção de marroquim e de chagrém. Considerou a fábrica muito bem montada, com grande componente mecânica e reduzida força laboral, e vantajosa poupança de combustível, ao usar os desperdícios para queimar. Nela verificou todo o sistema de limpeza, raspagem, epilação, lavagem, tanagem, tinto e lustragem das peles.

No mesmo dia foi à Fábrica de Lemire, situada na mesma localidade, reputada como a mais importante das fábricas de ácido pirolenhoso de França, cujos produtos químicos eram conhecidos pela sua pureza, como os acetatos de cobre e de chumbo, o ácido acético e os seus verdes para pintura (Les arts chimiques, 1856: 337). O senhor Lemire ganhou uma Medalha de 1.ª Classe na Exposição.

A quatro de agosto percorreu a Fábrica de Chocolate de Ménier, criada em 1816, então como fábrica de produtos farmacêuticos, sendo o chocolate, ao princípio, usado somente para disfarçar o amargor das pílulas. Esta empresa constituía um verdadeiro império, com produção em larga escala, para o que tinha propriedades de cacau na Nicarágua, campos de beterraba em França e uma fábrica de açúcar. Pimentel encetou a visita, em Paris, aos depósitos de drogas e oficinas do chocolate, situadas nos subterrâneos, onde o ar se renovava por meio de um ventilador posto em movimento por uma máquina a vapor. Viajou depois até à localidade de Noisiel-sur-Marne, onde se encontrava a fábrica hidráulica, fábrica muito evoluída do ponto de vista tecnológico, com turbinas para acionar as máquinas, com uma barragem no rio Marne para obtenção de força motriz, com um sistema de refrigeração a gás liquefeito. Esta empresa foi a primeira a utilizar em França um processo de produção em massa mecanizado. Na Exposição Universal de Paris de 1855, os seus chocolates apenas tiveram um registo para memória, por ter recebido a mais alta classificação, a Medalha de Honra, pelos seus produtos farmacêuticos.

No dia primeiro de setembro, Júlio Pimentel, juntamente com Jules Bouis [1822-1886], foi até à fábrica de velas de estearina e saboaria de Louis Milly [1799-1876]. Este empresário, médico de formação, fez fortuna com uma aplicação industrial, desenvolvida a partir do processo inventado pelo químico Michel Eugène Chevreul [1786-1889], que permitia a produção de velas em estearina, muito mais limpas e eficientes que as antigas velas de sebo. Com o sócio Louis Motard, criara em 1831 uma fábrica situada perto da Barreira da Estrela, em Paris, donde veio o nome das «Bougies de L’Étoile» conhecidas em toda a Europa do tempo. Recebeu a Medalha de Honra na Exposição Universal de Paris de 1855, pelas velas produzidas na sua unidade fabril, recentemente instalada em La Chapelle.

Michel Chevreul recebeu a Grande Medalha de Honra no mesmo certame pelas suas descobertas teóricas.

A 10 e 11 de setembro, Pimentel visitou ainda as fábricas de produtos químicos de Kuhlmann, a de Loos e a de La Madeleine, em Lille, onde se fazia ácido sulfúrico, soda, cloreto de cal, potassa, carvão dos ossos (o consumo deste carvão era avultado numa região em que havia muitas fábricas de açúcar de beterraba). Testemunhou a exímia qualidade destes estabelecimentos, que mantinham em seu torno a pureza do ar, o viço dos campos e a saúde dos homens. Kuhlmann foi o fundador do grupo industrial Pechiney-Ugine-Kuhlmann, um dos principais grupos de indústria química francesa dos séculos XIX e XX.

Já não na qualidade de membro do júri internacional da Exposição, mas durante uma digressão que fez em agosto e setembro de 1855 pela Bélgica e pelo Reno, em companhia de Andrade Corvo, Casal Ribeiro* e Ponte e Horta, teve ainda oportunidade de investigar outras empresas industriais.

*José Maria Caldeira do Casal Ribeiro [1825- 1896], bacharel formado em Direito, que virá a ser agraciado com o título de Conde de Casal Ribeiro pelo rei D. Luís. Ao tempo deste diário, era deputado e colaborava em vários jornais e revistas como jornalista político.

Viu de novo a Metalurgia de John Cockerill *, localizada em Seraing, perto de Liège, fundada em 1817, empresa de engenharia que se tornou um dos maiores produtores de ferro e aço, assim como de maquinaria. Segundo apurou, esta fábrica tinha em atividade 90 máquinas a vapor, seis altos fornos, três minas de carvão de pedra, carris que ligavam o interior das oficinas com o caminho de ferro por onde se expediam as máquinas, e empregava mais de 5.500 operários – e conhecia na altura uma certa quebra na produção, pela falta de encomendas da Rússia, em estado de guerra, um dos seus grandes clientes.

* Júlio Pimentel já em 1845 a visitara em companhia de José Maria Eugénio de Almeida e do cônsul português em Bruxelas (MOTA, 2012: 266).

Costumava empregar seis a sete mil operários (Diário, 8 de agosto). Era uma empresa de grande dimensão onde, como diz, tudo estava organizado na perfeição. Recebeu, na Exposição Universal de Paris de 1855, as mais altas recompensas na Classe XIII (Marinha e Arte Militar) e uma Menção para Memória na Classe XII (Higiene, Farmácia, Medicina e Cirurgia).

Pimentel quis conhecer também a Vidraria Zoude, nas proximidades de Namur, onde se faziam copos e garrafas de vidro, que achou de boa qualidade, e cristais ordinários.

Fábrica criada no século XVIII, suportava bem a concorrência com os outros mestres vidreiros do seu país. Dispunha então de três fornos aquecidos a hulha, de uma máquina a vapor, de oficinas de lapidação, gravação e polimento. Tinha ao seu serviço 40 operários.

Exportava para a Europa e para a América, com um volume de negócios assinalável.

Em Huy, ainda na Bélgica, visitou a fábrica de papel de Eugène Godin [1824-1886], abastado empresário belga que desenvolveu a sua atividade na área da fabricação do papel e se veio a interessar também pelos negócios da banca, finanças e seguros e a ter participações nos setores da indústria do vidro, da exploração de minas e da construção dos caminhos de ferro. Embora estivesse fechado, um sobrinho do proprietário prontificou-se a guiá-lo por todo o estabelecimento. Este tinha grandes geradores tubulados, caldeiras grandes de cobre para ferver o trapo. O branqueamento fazia-se em grande parte pelo cloro gasoso em tanques fechados. Tinha uma boa oficina com algumas máquinas de acetinar o papel e outras de o riscar e ainda uma máquina para dobrar os sobrescritos que fazia mais de vinte mil por dia.

Foi ainda observar a «magnífica» fábrica de louça de Keramis, situada perto de Manage (PIMENTEL, 2014: 139). O Diário não conserva o acontecido, pois a redação do mesmo termina abruptamente, antes dessa visita, no dia 16 de setembro.

III – Trabalho desenvolvido na Comissão de Estudo

1. Aulas

Júlio Pimentel contactou também com diversos especialistas de Química, assistindo a diferentes cursos, deles deixando informação circunstanciada e rigorosa, quer do sumário das lições, quer das experiências realizadas nas aulas, assim como dos aparelhos e substâncias utilizadas.

Na Sorbonne ouviu as lições do químico Henri Sainte-Claire Deville [1818-1881]* sobre o mercúrio, sobre os sais de chumbo e sua comparação com os de cálcio e bário, o alvaiade e seus processos, o antimónio, o crómio, de que destacou a dureza do metal, e o manganês. Nesta lição interessou-lhe particularmente o aparelho para a destilação do mercúrio pelo vapor de água, de que fez um desenho, e a purificação do mercúrio pela dissolução do seu nitrato.

* Henri Deville ficou conhecido sobretudo pela sua investigação sobre o alumínio. Pertenceu ao júri da Classe XVIII da Exposição Universal de Paris de 1855.

No Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, seguiu o curso noturno de Anselme Payen [1795-1871], especialista de Química Industrial*, que tratava da iluminação, ressaltando a vantagem dos grandes gasómetros de tubos articulados e dos aparelhos ou fornos empregados para fazer o coque menos tumefeito e calcinado, como convinha para a metalurgia e para as locomotivas, e a de um xisto betuminoso da Escócia que julgava melhor do que a hulha para a obtenção do gás.

*Anselme Payen foi vice-presidente do júri de avaliação na Classe XI da Exposição (Preparação e conservação das substâncias alimentares)

Na mesma escola assistiu à lição de Eugène Melchior Peligot [1811-1890]18 sobre o magnésio e os seus sais, sobre o alumínio, a sua preparação, e os materiais próprios para o obter. Entre as coisas notáveis que Pimentel anotou estava o cadinho para a extração do magnésio pela pilha, que era de platina contendo um diafragma de porcelana, assim como a obtenção do magnésio pela decomposição do seu cloreto por meio do sódio. Peligot mostrou também um exemplar de um mineral novo, que tinha sido mandado de Inglaterra, a criolite ou fluoreto de alumínio e sódio. Júlio Pimentel registou os processos e os recipientes utilizados e desenhou os aparelhos: retorta de grés, garrafa de ferro, tubo de cobre contendo nacelas.

No Colégio de França, escutou as lições de Análise Química de Antoine-JerômeBalard [1802-1876] que se ocupou de generalidades da análise qualitativa e depois de ácidos e bases. Tomou nota do material, dos aparelhos e das reações.

No Conservatório Nacional de Artes e Ofícios, também ficou a par dos trabalhos em curso de Jules Bouis, que era então preparador de Química nessa escola, com o óleo de rícino e o álcool caprílico.

A sua curiosidade intelectual levou-o ainda a assistir a algumas lições professadas em outras áreas do saber. No Colégio de França, a uma lição de Astronomia do matemático Victor Puiseux [1820-1883], professor substituto de Binet na referida escola e astrónomo adjunto no Observatório de Paris, e a uma lição sobre as rochas ígneas de Charles Sainte-Claire Deville [1814-1876], geólogo, meteorologista e vulcanólogo. Na Sorbonne, ao curso de Quentin Desains [1817-1885], professor da cadeira de Física na Faculdade de Ciências de Paris, sobre a vibração dos corpos sonoros. E, no Colégio de França, a uma lição de Philarète Chasles [1798-1873], crítico e homem de letras que deixou obra importante nos domínios da história e da história literária, sobre literatura inglesa que tratou particularmente dos romances de Charles Dickens.

III – 2. Laboratórios

Para além das mais recentes descobertas de metais, compostos, ligas e sua aplicação à indústria, Pimentel estudou também de forma particular a organização dos laboratórios, de que fez uma descrição minuciosa.

Começou, no dia 17 de abril, pelo de Henri Deville, na Escola Normal Superior, constituído por três salas, com vários fornos e chaminés, onde se inteirou das recentes descobertas relativas ao silício e ao alumínio. O químico francês mostrou-lhe exemplares deste último e até fundiu um pouco para o moldar no momento, oferecendo-lhe uma lâmina como espécimen do metal. De entre as vantagens do alumínio destacou a sua leveza, evidente nuns pesos que mostrou valendo um décimo do miligrama. O alumínio tinha sido isolado pela primeira vez em 1827 pelo químico alemão Friedrich Wöhler, mas Deville em 1854 aperfeiçoara os métodos usados, para a extração do alumínio em larga escala para fins industriais, através de uma preparação com sódio, que era mais barato que o potássio até então utilizado.

Analisou dias depois o laboratório de Eugène Peligot, no Conservatório Nacional de Artes e Ofícios*, composto por uma sala maior, a sala de trabalho, e duas pequenas, sendovuma delas o gabinete de Peligot. Na outra estava o alambique e por cima um sótão paravdepósito. Entre outras coisas, viu e desenhou a mesa e armário, um forno de mufla, umvaparelho para mostrar a luz do hidrógenio que passava através da benzina. Também prendeuva sua atenção um belo exemplar de sódio conservado no óleo de xisto e o potássiovconservado num carbureto de hidrogénio tirado do óleo de rícino.

*Júlio Pimentel trabalhou neste laboratório entre 1844 e 1846 (MOTA, 2012: 262-264).

Em agosto, na Escola de Medicina, viu o laboratório de Charles Wurtz, bastante espaçoso, mas pouco notável, a não ser pelo facto de possuir um bom sistema de estufas e um alambique.

Na Escola de Pontes e Calçadas, visitou o laboratório, pequeno e expressamente dedicado às análises dos materiais de construção. Verificou que se serviam ali do gás comprimido para aquecer os aparelhos e tomou nota dos bicos usados, muito cómodos, que não produziam fumo, para mandar fazer e levar para Lisboa. Eram fabricados pela Maison Wiesnegg que vendia diversos utensílios para laboratórios, como estes bicos de gás com suporte a que Júlio Pimentel se refere. Esta casa recebeu uma Medalha de 2.ª Classe, atribuída pelo júri da Classe IX.

Durante a excursão pela Bélgica, aproveitou igualmente para observar o laboratório de Daniel Mareska [1803-1858]*, à data professor de Química na Universidade de Gand, onde viu um aparelho para a extração do sódio e do potássio **, o de Jean Servais Stas em Bruxelas, laboratório pequeno, mas primoroso, com «magníficas» balanças, aparelhos para análise de gases, boas máquinas de dividir e graduar, boas tinas e prensas, e ainda o da Escola Militar da Bélgica, que não lhe valeu qualquer elogio.

* Daniel Josef Benoît Mareska, médico e matemático, considerado um precursor da Medicina Social

** A descrição deste aparelho consta de um artigo publicado na revista Annales de Chimie et Physique  de junho de 1852 (MARESKA; DONNY, 1852: 162-165).

III – 3. Escolas

O mesmo sentido de aprendizagem estimulou-o a averiguar também a disposição e qualidade de algumas escolas parisienses.

No dia quatro de maio, foi à Escola Politécnica de Paris, onde observou as salas de estudo, as camaratas, os anfiteatros, o gabinete de Física, as salas onde se faziam as experiências e se preparavam as demonstrações, o laboratório de química dos alunos e, no pavimento superior, os laboratórios que cada professor possuía para os seus trabalhos e investigações particulares, assim como o gabinete onde Henri Regnault tinha os seus aparelhos* para a força elástica dos gases e vapores, executados com todo o luxo da ciência.

* Henri Victor Regnault é autor de numerosos aparelhos, sobretudo de termodinâmica.

Viu ainda os gabinetes de Química e de Mineralogia, onde se achavam belos exemplares de cristais, uma boa coleção de máquinas e muitos modelos de madeira e de gesso para o estudo da Mecânica, da Geometria Descritiva e da Arquitetura.

Dois dias depois visitou o Conservatório Nacional de Artes e Ofícios e no dia 11 o Jardim das Plantas, onde passou algumas horas apreciando a rica coleção do Museu de Mineralogia.

Em 14 de maio, passou parte do dia na Escola Nacional de Pontes e Calçadas, em que o inspetor da escola, Louis Auguste Cavalier [1805-1864], professor do curso de Construção de Estradas e Pontes, serviu de cicerone. Destacou, entre outras novidades, um aparelho curioso para marcar as elevações e descidas da água nos rios e, no gabinete dos desenhadores, uma boa mesa para fazer os calcos.

Na Alemanha, durante a viagem de recreio, pesquisou a Escola Politécnica de Karlsruhe, onde viu o Gabinete de História Natural, que achou pequeno, e o laboratório de Química, de que era professor Carl Weltzien [1813-1870], laboratório onde, entre outras coisas, notou a disposição de uma máquina pneumática. Nesta cidade apreciou especialmente as novas estufas do Jardim Botânico que se andavam a construir.

E foi com Andrade Corvo ver a Escola Agrícola de Geisberg, situada perto de Wiesbaden, que ajuizou pouco ter de interesse. Registou o sistema de rotação que ali seguiam, o trabalho de uma charrua (de que tirou o desenho) e a drenagem que tinham estabelecido.

IV – Vida social

Nos meses em que decorreu a Exposição Universal, Paris estava em festa.

Sucediam-se as receções oficiais, magnificentes, como era timbre do Segundo Império. Diariamente se multiplicavam os jantares, os bailes, as galas, as festas, os concertos, nas Tulherias, onde houve um baile e um concerto, no Palais Royal, residência do Príncipe Napoleão, que todas as semanas organizava os seus raouts*, no Hôtel de Ville, onde havia concertos todas as sextas-feiras e decorreu um grande baile, em casa do Conde de Walewski, ministro dos Negócios Estrangeiros.

* Raout: reunião, festa.

Houve ainda receções na Legação Portuguesa, uma soirée em casa do Marquês de Viana* e um grande baile no Jardim de Inverno, descrito como um local encantado, com os seus milhares de luzes refletidas pelas paredes e tetos de vidro, as suas flores e belas fontes jorrando água.

*João Paulo Manuel de Meneses [1810-1890] pertencia a uma das principais famílias de Lisboa e dava bailes grandiosos, que ombreavam com as festas faustosas dos condes de Farrobo e de Penafiel.

O ano de 1855 foi um ano ótimo para os hotéis, restaurantes, cafés, sítios turísticos, e para o teatro, a ópera e recintos de espetáculos de Paris. Muitos negócios se montaram em torno da Exposição. A própria urbanização com ela se imbricava. Por exemplo, a Rua Rivoli, inaugurada nesse ano, ligava o Louvre ao Palácio da Indústria.

Júlio Pimentel circulava no mundo elegante do tempo: os Campos Elísios, o Bosque de Bolonha, as Tulherias, o Hipódromo e os quatro bulevares mais importantes da cidade, o des Italiens, o de la Madeleine, o des Capucines e o de Montmartre. Eram avenidas cheias de aristocratas, diplomatas, artistas e dandies, que se reuniam nos cafés e restaurantes da moda, como aqueles em que jantou diversas vezes com os amigos: o célebre Café Anglais, o Véfour, que ainda hoje permanece um marco da culinária francesa, a luxuosa Maison Dorée, a Taverna Inglesa, o Tortoni, famoso pelos seus gelados.

Pimentel frequentou também os espaços surgidos no contexto da Exposição, como o Dîner de l’Exposition, restaurante com soberbos salões e boa gastronomia, ou o Cercle de l’Exposition. Este último, estabelecido com grande despesa no sumptuoso edifício conhecido como Hôtel Osmond, mobilado com grande aparato e requinte, era então o ponto de encontro mais procurado pelas celebridades de todo o género.

Eram restaurantes caros, que Júlio Pimentel, preocupado com a economia de gastos, evita por vezes, sobretudo quando está sozinho. É certo que nunca comeu nos mais baratos, de 32 ou 40 sous, e muito menos nos de quarta ordem, mas recorreu a alguns mais modestos, e jantou de quando em vez com Fradesso da Silveira, hospedado em pensão familiar, que servia bem e com certeza a preço módico.

Esporadicamente foi convidado para jantar em casa de amigos e colegas: em Bellevue*, na casa de campo de Jean-Baptiste Dumas, e em Sèvres, na da mãe de Eugène Peligot, assim como em casa de Constantino Sampaio, conhecido como o «Rei dos floristas», industrial que há muito vivia em Paris e lhe prestou um bom auxílio na colocação dos produtos portugueses na Exposição.

* Situada nas proximidades de Paris, era, ao tempo, descrita como uma localidade com uma vista esplêndida, e composta unicamente por casas de campo, confortáveis e elegantes, construídas a partir de 1824 (HARMAND, 1826: 369).

Houve dois banquetes de gala, um no Hôtel de Ville, oferecido pelo Prefeito do Sena, o Barão Haussmann, no dia 16 de junho26, o outro, organizado pelo júri internacional em honra do Príncipe Napoleão, no dia 23 de julho, no Jardim de Inverno. No entender de Júlio Pimentel, este último não foi muito bom, mal servido, com poucos vinhos, e dispendioso, pois custou 60 francos.

O teatro fazia plenamente parte da “festa imperial” e tinha um lugar privilegiado na imagem do dinamismo cultural de Paris. Júlio Pimentel, melómano e homem de cultura, aproveitou a oportunidade para ver as óperas e peças teatrais em cartaz. Foi ao Teatro da Ópera, à Ópera Cómica, ao Teatro Italiano, ao Teatro Francês, ao Teatro do Ginásio, ao Teatro Lírico, ao Teatro Ambigu-Comique, ao Teatro National du Cirque-Olympique, ao Teatro do Palais Royal, ao Teatro das Variedades e ao Teatro do Vaudeville.

Assistiu às Vésperas Sicilianas de Verdi (com estreia em 13 de junho de 1855 na presença do imperador Napoleão III, da imperatriz Eugénia e do Duque do Porto, futuro rei D. Luís de Portugal), ao Guilherme Tell de Rossini, ao Robin des Bois de Carl Maria von Weber, numa adaptação francesa, às óperas L’Étoile du Nord, Le Prophète, Les Huguenots e Robert le Diable de Meyerbeer, à La Juive de Fromental Halévy, à Giralda ou La Nouvelle Psyché de Adolphe Adam.

E viu também muitas peças de teatro, desde as grandes tragédias, como Andrómaca de Racine, ou Horace de Corneille, ou ainda Myrrha de Alfieri, a dramas, como Un Caprice de Musset, Le Demi-Monde, de Alexandre Dumas, peça que muito apreciou, até melodramas e mesmo comédias de vaudeville, algumas das quais parodiavam a própria Exposição Universal, como Le Palais de Chrysocale, ou les exposants et les exposés, contre-exposition de l’Exposition, peça de Charles Gabet e de Clairville, representada pela primeira vez em 23 de julho de 1855 no Teatro das Variedades.

Usufruiu também de uma série de passeios aos locais em voga nos arredores de Paris, como Asnières, Versalhes, Fontainebleau, Saint-Germain-en-Laye, Enghien-les-Bains, Saint-Cloud e fez, como já disse, uma frutuosa excursão pela Bélgica e pela Alemanha.

V – Reflexos do estudo efetuado durante a Exposição

A estada em Paris durante a Exposição Universal, os passeios e viagens que empreendeu, os contactos que estabeleceu, proporcionaram-lhe momentos de lazer e de fruição cultural, mas não deixou de se empenhar com determinação no cumprimento das obrigações de que estava encarregado pelo governo português.

Antes de mais, anotou com rigor todas as novidades de carácter científico, de que deu parte, quando, regressado a Portugal, escreveu o seu relatório sobre a Exposição no que se refere às artes químicas. Publicou, além disso, diversos artigos de divulgação sobre ciência química, e suas aplicações económicas, que saíram em revistas, sobretudo no Archivo Universal, sobre o alumínio, o ácido sulfúrico, a soda, os vidros e cristais, o papel, os esmaltes, as cores minerais, o lápis, as louças e os produtos cerâmicos, que reproduziam com ligeiras diferenças o seu Relatório da Exposição, com o objetivo de alcançar um público mais vasto. Objetivo que ele próprio defende, ao justificar a forma que adotou na redação do seu Relatório: «Aos que me arguirem de me haver afastado algumas vezes da linguagem rigorosa da sciencia, e da compostura official do relatorio, responderei que não escrevo para os homens de sciencia, e que a missão de que o Governo me encarregou tem por fim principal fornecer aos nossos industriaes, que não têem uma instrucção technica regular, as noticias mais uteis e proveitosas ao aperfeiçoamento pratico das suas artes e officios» (PIMENTEL, 1857: 9).

Ainda em Paris, e mais tarde em Lisboa, voltou a uma matéria de pesquisa que já antes o interessara, a das matérias gordas vegetais. De facto, na década de quarenta criara a palmina, substância obtida a partir do óleo de palma, e obtivera mesmo o privilégio para a fabricação de velas, mas, não se sentindo então inclinado a fazer uma incursão na indústria, acabara por vender a patente ao Conde de Farrobo, que possuía uma fábrica de estearina (MOTA, 2012: 270-271).

Agora são outras as plantas que investiga, com o objetivo de diversificar as matérias-primas para uso das indústrias do sabão e das velas. Com Jules Bouis desenvolveu aproveitamento da mafurra, planta que existia em Moçambique e, mais tarde, conseguiu extrair das sementes do brindão, planta indiana que crescia em abundância nos arredores de Goa, uma matéria gorda semelhante à estearina, um novo ácido gordo, a que Júlio Pimentel deu o nome de ácido brindónico. A descoberta é suficientemente importante para fazer notícia na rubrica “Faits industriels”, da revista Courrier Franco-Italien. O trabalho que ambos efetuaram resultou em textos que apresentaram à Academia das Ciências francesa e foram publicados (PIMENTEL; BOUIS, 1855 e 1857)*

O Conde de Ficalho, nas notas à edição da obra Colóquios dos Simples  de Garcia da Horta, ao falar do óleo ou manteiga vegetal extraída das sementes do brindão, lembra que «esta substancia foi chimicamente estudada pelo fallecido professor portuguez Oliveira Pimentel (Visconde de Villa Maior), em colaboração com J. Bouis» (Coloquios , 1891: 126).

Também as visitas às unidades fabris que efetuou, e o muito que nelas aprendeu, o inspiraram para estabelecer uma produção semelhante em Portugal. Uma tentativa de aplicação prática consubstanciou-se na criação da fábrica da Póvoa de Santa Iria, pela Sociedade Geral de Produtos Químicos, em 1859, constituída pelo Crédito Móvel Português. Tinha por finalidade a fabricação de toda a qualidade de produtos químicos, de melhor qualidade e mais baixo preço, que previa um fabrico anual acima de 700 toneladas de ácido sulfúrico e 500 de soda (MATOS, 1998: 63). Pimentel estava encarregado dos aspetos técnicos da produção. A fábrica não resultou, sentiu dificuldades desde o início, sobretudo de ordem financeira, sendo a citada Sociedade dissolvida em 1862*.

Sobre a Fábrica da Póvoa, e sobre a investigação de Júlio Pimentel sobre as gorduras vegetais e sua aplicação prática à indústria, ver: CRUZ, 2016: 99-101 e 116-122.

Antes de se lançar nessa aventura, Pimentel consultou o químico e investigador Charles Kuhlmann, que encarnava o melhor exemplo, pois, sendo cientista, representava também um caso de sucesso na atividade industrial. Kuhlmann observou-lhe que cometia uma imprudência, porque um homem de ciência não faria nunca fortuna pela indústria.

Explicava que ele, nas suas empresas, apenas tratava da parte química, pois tinha a sorte de ter um irmão que se encarregava de tudo o resto (PIMENTEL, 2014: 141-142). De facto, o tempo veio a dar razão ao químico francês.

O mundo de Júlio Pimentel não era afinal o da indústria, mas sim o da ciência e do magistério. A preparação científica que efetuou em Paris, e aquando da Exposição, repercutiu-se principalmente na sua docência, na investigação, em pareceres, nas suas publicações, na divulgação do saber, sempre com o fim último de desenvolver o país em benefício das populações.

Bibliografia:

Fontes manuscritas:

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