Brinquedos de folha-de-Flandres

Texto retirado de:
Artes e Ofícios Tradicionais
Ermesinde: Memórias da nossa genteAutor: Dr. Jacinto Soares

 

Os brinquedos de folha-de-Flandres, vulgo de chapa, tiveram um aparecimento tardio em Portugal, comparativamente com os de madeira.

Podemos situar a sua origem no período seguinte à primeira grande guerra, no norte do país. Tudo começa com a utilização deste material em modelos importados. As técnicas de fabrico, aqui, eram rudimentares e os fabricantes tinham que improvisar as máquinas a partir de peças usadas, arranjar as matérias – primas recorrendo às aparas e sobras do fabrico de latas de azeite e sardinhas, bem como vender os seus próprios produtos nas feiras e alguns mesmo na rua.

Já no que concerne aos seus pioneiros, embora haja quem defenda o contrário, sem falso bairrismo e quase sem margem para erro, pode- mos afirmar que, igualmente, esta nova modalidade na arte de brincar, teve Ermesinde como berço.

Segundo conseguimos apurar, o iniciador deste tipo de brinquedos foi Firmino Soares dos Reis, primo direito do escultor com o mesmo apelido, primeiro como colaborador e mais tarde como empregado de Luciano Moura, concebeu e modelou as primeiras peças neste material, na nossa cidade. Este parente do grande escultor Soares dos Reis, trabalhou no «Bazardos Três Vinténs», no Porto, na área destinada ao arranjo de brinquedos. Ainda a fazer fé na mesma fonte, este empregado que era o mais bem pago de todos, antes de abandonar a oficina do Sr. Moura, não só terá fornecido informações técnicas sobre alguns modelos ao seu concorrente mais directo nesta arte, José Augusto Júnior, como acabou mesmo por ir trabalhar para ele.

1878 – JOSÉ AGOSTINHO DA COSTA CARNEIRO, talvez o 1º construtor de brinquedos da Maia.

1892 – AUGUSTO DE SOUSA MARTINS, constrói a 1ª fábrica de brinquedos de madeira.

1919 – A. J. ALMEIDA (firma), do Porto, inicia e edita folhas para recortar.

1920 – COELHO DE SOUSA (C. S.) essencialmente comerciante de baldes litografados e de peças do reportório feminino que ele próprio desenhava.

1921 – LUCIANO MOURA (L. M.) fabrica de brinquedos em folha.

1928 – JOSÉ AUGUSTO JÚNIOR (J. A. J.), em Alfena, Ermesinde, inicia o fabrico de brinquedos de folha e madeira. Inicia-se na feitura de guizos e apito. 1º construtor de brinquedos de corda.

1930/31 – A fábrica da FAMÍLIA MOURA (L. M.), em Ermesinde, inicia a sua atividade.

Anos 30 – MANUEL MOREIRA DA SILVA (M. M. S.) o NICRÓ, de Ermesinde, foi o 1º massificador do brinquedo de corda de arame nos de folha.

1939 – A MAJORA inicia a sua atividade na cartonagem e depois nos jogos.

1940- ARMINDO MOREIRA LOPES (A. M. L.), de Valongo, fabrica brinquedos em folha, até 1975; seus 2 filhos continuam a obra do pai… A. M. L. tem a maior variedade e quantidade de brinquedos.

1940 – OS “CARETAS” fabrica os primeiros carros de bois.

1944 – Aparecem as primeiras fábricas de brinquedos de plástico

1952 – ANÍBAL MOURA (filho) estabelece-se por conta própria.

1955 – JOSÉ AUGUSTO JÚNIOR (J. A. J) arranja novas instalações em Ermesinde iniciando a fabricação de brinquedos de folha e plástico, a marca JATO.

1972 – MANUEL ROCHA FERREIRA (M. R. F), antigo trabalhador da J. A. J., estabelece-se a fabricar brinquedos de madeira, tais como, pombas, ciclistas, rosas, andarilhos, etc.

1975 – ARMINDO MOREIRA LOPES (A. M. L.) encerra a sua fábrica em Ermesinde, ficando com um espólio de centenas de brinquedos (são os brinquedos, luzidios e coloridos, que se vêem nas feiras, leilões e casas da especialidade).

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