Artur Duarte Borges (Filhos)

NOME EMPRESA / COMPANY NAME: Artur Duarte Borges (Filhos)

NOME FÁBRICA / FACTORY NAME: Fábrica das conservas Bella Vista

PROPRIETÁRIO / OWNER: Artur Duarte Borges

FUNDAÇÃO / FOUNDED: Founded 17 Aug 1918

LABOROU EM / WORKED DURING:

ENCERRAMENTO / CLOSURE: Unknown closing date

Nº EMPRESA IPCP / IPCP COMPANY Nº:

ALVARÁ / CHARTER:

MORADA / ADDRESS: Bairro do Calvário, na Rua Heliodoro Salgado

CIDADE / CITY: Sesimbra

NO MESMO LOCAL FUNCIONOU / AT THE SAME LOCATION WORKED:

OUTROS LOCAIS / OTHER PLACES:

TIPO / TYPE: Packers of canned fish in olive oil

FONTES / SOUCES:
A Indústria Conserveira de Sesimbra nos Primórdios do Estado Novo 
(1933-1945), Andreia da Silva Almeida

MARCAS / BRANDS: 

ADB,
BEATRICE,
BELLA VISTA,
DAJI,

MARCAS POR CONFIRMAR:

A fábrica da Bela Vista, também em Sesimbra, propriedade na altura de Artur Duarte Borges, fundiu-se com Pereira,Neto & Cª., pelo que não conseguimos apurar se seriam originárias da fábrica de Artur Duarte Borges.

LINDA BAÍA,
MILI,
PRIMAZ,
,

texto de: A Indústria Conserveira de Sesimbra nos Primórdios do Estado Novo 
(1933-1945)

Andreia da Silva Almeida

Artur Duarte Borges 

Como havíamos verificado, Artur Duarte Borges foi sócio de Amadeu Henrique Nero na empresa Paschoal, Nero e Cª. Contudo, terá abandonado a sociedade a 17 de Agosto de 1918, para fundar, no mesmo ano, uma nova empresa, a Artur Duarte Borges, também conhecida, entre os sesimbrenses, como a fábrica das conservas Bella Vista, situada no Bairro do Calvário, na Rua Heliodoro Salgado. Esta fábrica, ainda durante a vida do seu fundador seria agraciada com duas medalhas de ouro na Exposição do Rio de Janeiro de 1923 e de 1928.

Artur Duarte Borges (Filhos) Ld.ª. 

Com a morte de Artur Duarte Borges, proprietário da fábrica de conservas Bella Vista, houve necessidade de se executarem partilhas entre os filhos. Pelo que foi constituída uma nova sociedade por quotas de responsabilidade limitada, por escritura de 23 de Dezembro de 1942, entre Deodoro Ramos Borges, Artur Ramos Borges e Isolino Ramos Borges, filhos do falecido, que se passaria a designar Artur Duarte Borges (Filhos) Ld.ª. A nova empresa seria sediada em Sesimbra e para ela seriam transferidas a fábrica de conservas, incluindo o edifício e terreno anexo 70.

Após a morte do seu fundador, aproveitando os lucros relativos às exportações durante a II Guerra Mundial, os seus filhos e herdeiros realizaram alguns melhoramentos na fábrica. Se no início da sua laboração, a fábrica da Bella Vista era um barracão de madeira, após as obras, passou a ser um pavilhão de alvenaria num só pavimento com 1000 m2.

A fábrica seria equipada com uma nova caldeira, novas máquinas cravadeiras e grandes depósitos para azeites e óleos, com os respectivos filtros. Na secção de enlatar, existiam numerosas mesas com tampos em pedra mármore, onde as operárias, trajadas de batas brancas e de lenços brancos na cabeça, à laia de touca, executavam as suas rotineiras tarefas. A secção de cravagem seria modernizada com duas novas máquinas cravadeiras. A secção da salga estava equipada com um bom depósito e pios em cimento. Para o bem-estar dos trabalhadores, esta fábrica possuía quatro casas de banho 71.

Na parte norte do edifício da fábrica da Bella Vista situavam-se os grandes armazéns onde eram reunidas as conservas antes de seguirem para o exterior. A fábrica possuía, ainda, uma casa anexa onde se fabricava adubo, aproveitando-se os restos e os detritos do pescado que sobrava da laboração da conserveira. Essa fábrica de adubo estava equipada com quatro tanques, dois deles para recolha de detritos do peixe e outros dois para receber o óleo extraído por duas prensas potentes.

Do ponto de vista da fabricação do «vazio», temos dados constantes no Inquérito à Indústria de Vazio das Fábricas de Conservas de Peixe e à Indústria de Latoaria Mecânica 72 que esta empresa possuía, também, fabrico manual de latas para conservas de peixe em molhos. Como equipamentos para a produção das latas, a fábrica da Bella Vista possuía 2 tesouras de guilhotina manuais ou a pedal, que serviam para aparar a folha-de-flandres e aparar as tiras, 2 balancés, topos ou abatages, para o corte e a cunhagem dos fundos e tampos, 1 fieira e vincadeira, sendo 10 o número de ferros das bancadas dos soldadores 73.

Na enorme cave do edifício, havia sido construído um poço, onde nascia água pronta para acudir a qualquer emergência, especialmente quando falhava o abastecimento público. O escritório da fábrica possuía uma boa disposição, exibindo a fotografia do fundador, o velho Artur Duarte Borges, segundo a opinião do jornalista sesimbrense João da Luz que, durante o ano de 1945 encetou na visita às duas conserveiras sesimbrenses, de modo a poder escrever dois artigos no Sesimbrense intitulados «Sesimbra Industrial»74.

70 Cf. «Artur Duarte Borges (Filhos) Ldª.», O Cezimbrense, nº. 862, 24 Janeiro 1943, p. 3.
71 Cf. LUZ, João da – «Sesimbra Industrial», O Cezimbrense, nº. 972, 22 Abril 1945, p. 2.
72 Cf. COSTA, Avelino Poole da, op. cit, pp.56-57.
73 Idem, ibidem, pp. 56-57.
74 Idem, ibidem, p. 2.

Scroll to Top