António Pinho
O António tem colaborado entusiasticamente (e amavelmente) nesta viagem pelo tempo da indústria conserveira. Com ele sente-se o prazer da descoberta e o espírito da investigação.
O gosto pelo coleccionar apareceu-lhe logo em criança, primeiro com a filatelia, que ainda mantém mas um pouco adormecida. A seguir chegou o interesse pela história local, onde sempre que possível foi juntando material relacionado com Setúbal, desde peças encontradas em locais abandonados, feiras, com outros coleccionadores, tudo contribuindo para o crescimento do seu espólio . As conservas inevitavelmente fazem parte do seu universo.
Revê-se no texto do professor Rogério Peres Claro, professor do ensino comercial e industrial, jornalista e divulgador da história da cidade de Setúbal, que aqui reproduzimos:
“Para quem vive o gosto de juntar, coleccionar é um jogo de encontrar, que pressupõe a procura, e nesta reside o 1º gozo do coleccionador: deitar os olhos, varrer com eles montras e escaparates, perscrutar recantos esconsos, bisbilhotar casas alheias e, de repente, ver o 2º gozo alcançado!.
Depois, de avaliar, mercadejar, convencer e adquirir – 3º gozo. A seguir o 4º gozo – o de ajeitar o novo exemplar aos já existentes, entre e aquele, mais em evidencia ou menos, conforme o valor ou a graça ou o testemunho da luta da aquisição.
O 5º gozo será o mudo e frequente contemplar do possuído, o pesar da importância do coleccionado, como o 6º gozo será o de ver contemplada e pesada por estranhos a colecção beatificamente patenteada.
Pelo fim da vida chega o 7º e supremo gozo – o de ter conseguido apaixonadamente, esforçadamente, com muito sacrifício seu (e por arrastamento da própria família), reunir tantos objectos de uma só espécie, talvez um conjunto raro e cobiçado, de grande valor material, de incalculável valor estimativo.
Admirar uma colecção não pode ser um acto de vulgar prazer visual , menos ainda quando várias colecções se apresentam numa mesma sala. Tem de ser, sobretudo, um acto de puro recolhimento, como num templo.”
Professor Rogério Claro