BRAND / MARCA: AMOURETTE

TYPE / TIPO: lata – can

DESIGNATION / DESIGNAÇÃO: Sardine portoghesi all olio d oliva

INSCRIPTION / TEXTO:

DIMENSIONS / DIMENSÕES: C. 10,4cm L. 6,3cm A. 3cm

NET WEIGHT / PESO LIQUIDO: 135gr

MATERIALS / MATERIAL: folha de flandres

PRINTED BY / IMPRESSO POR:

FABRICANTE / PACKED BY: Pinhais

EXPORTED BY / EXPORTADOR: Luiz Viana

CLIENTE / PACKED FOR:

DATE / DATA : 1988

PRODUCTION PLACE / LOCAL DE PRODUÇÃO: Matosinhos

TYPE OF FISH / TIPO DE CONSERVA: sardinha – sardine

DESTINATION MARKET / MERCADO DESTINO:

OWNER OF COLLECTION: Pinhais

CREDIT: in A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais
Análise dos rótulos produzidos de 1920 a 2014
Sara Sousa Monteiro
Design de Comunicação
2014

Information in "A Embalagem de Conservas na Conserveira Pinhais" - Análise dos rótulos produzidos de 1920 a 2014 - Sara Sousa Monteiro - Design de Comunicação 2014

DESCRIÇÃO TÉCNICA

LOCALIZAÇÃO ESPÓLIO: PINHAIS & CA. LDA. 

FABRICANTE: PINHAIS & CA. LDA. 

EXPORTADOR: LUIZ VIANA & CA. LDA. 

DATA: PRIMEIRA GERAÇÃO (1920-1930)

MARCA: AMOURETTE

DURAÇÃO DA MARCA: 1949 – ACT. 

TIPO DE CONSERVA: SARDINHA EM AZEITE COM SAL

PESO NETO: 125G

MERCADO DE DESTINO: LÍNGUA UTILIZADA: FRANCÊS E ITALIANO | TRADUÇÕES EM ESPANHOL, INGLÊS, ALEMÃO

EMBALAGEM

NOME DO EMISSOR: PINHAIS & CA. LDA. 

MATERIAL: FOLHA DE FLANDRES

COR:PRATEADO

DIMENSÕES: C. 10,4CM L. 6,3CM A. 3CM 

PESO: 46G 

TIPO DE LATA: À DECOLLAGE COM A PATINHA DE ABERTURA COLOCADA NUM DOS VÉRTICES DOS ÂNGULOS DO TAMPO DO VAZIO

TIPO DE ABERTURA: A ABERTURA É FEITA COM O AUXÍLIO DA CHAVE E EXECUTADA POR DESENROLAMENTO DO TAMPO DO VAZIO

RÓTULO

IMPRESSÃO: AMORIM & AMORIM LDA. 

TÉCNICA DE IMPRESSÃO: LITOGRAFIA

CORES UTILIZADAS: AMARELO, VERMELHO, BEGE E PRETO

INFORMAÇÃO ESCRITA

TAMPA: AMOURETTE | SARDINE PORTOGHESI ALL’OLIO D’OLIVA CON SALE |

PRODUCT OF PORTUGAL 

LATERAL DIREITA: AMOURETTE | LAVORAZIONE SPECIALE | PRODOTTO NELLO STABILIMENTO DIMATOSINHOS | HERSTELLUNGSJAHR SIEHE STANZE – PRODUCT OF PORTUGAL

LATERAL ESQUERDA: SARDINAS PORTUGUESAS EN ACEITE PURO DE OLIVA | SARDINES PORTUGAISES À L’HUILE D’OLIVE PURE | PORTUGUESE SARDINES IN PURE OLIVE OIL – SALTADDED | PORTUGIESISCHE SARDINEN IN REINEM O’LIVENOEL | NETTO INHALT 125G – FICHEINWAAGE 95G | STERLISIERT, KUHL UND TROCKEN AUFBEWAHREN

LATERAL TOPO: NET WEIGHT | 4 3/8 OZ. AVOIR. | CONTENIDO NETO 125GRS. | POIDS NET 125 GR. | CONT. CUB. 125 CM3

LATERAL FUNDO: SARDINE | PORTOGHESI ALL’OLIO | D’OLIVA – CON SALE | PESO NETTO: GR. 125 – SGOCCIOLATO GR. 95 | INGREDIENTI: SARDINE – OLIO DO OLIVA – SALE

BASE EM RELEVO: 032-1 5-7-88 | IMPORTÉ DU PORTUGAL | PACKED IN PRÉPARÉ EN | HERGE TELLT | 32

DESCRIÇÃO ESTILÍSTICA

Encontramo-nos perante uma cena de temática infantil, onde um casal de crianças se encontra sentado num banco à beira mar, numa noite de céu estrelado. Perto da linha do horizonte encontra-se um pequeno barco e avista-se uma ave sobrevoando as personagens.

Os elementos desenhados apresentam maioritariamente linhas de contorno com a mesma espessura, é de notar que no desenho do banco e das linhas que fazem alusão ao mar a linha de contorno torna-se irregular e tem também espessuras diversas, aludindo assim, ao movimento da água onde o espaço branco, não impresso na folha virgem, por sua vez poderá fazer alusão ao reflexo e brilho da mesma. Ainda quanto à espessura das linhas, em algumas linhas de contorno em certos momentos a linha altera a sua espessura, sugerindo um efeito de volume, sendo mais notório nas linhas de preenchimento como nos ícones dos sapatos, vestimenta e cabelos.

A percepção dos planos é conseguida pela sobreposição das figuras no enquadramento, onde se sobrepõe em primeiro plano o duplo círculo, sobre as personagens, o banco, e o mar sucessivamente. Não temos no entanto nenhuma alusão à perspectiva, pois não distinguimos pontos de fuga na composição, o que confere um carácter planificado à ilustração. O limite da imagem é por sua vez assinalado por uma moldura com 3mm de largura, de peixes (contamos 26 elementos), que parecem percorrer a mesma no sentido dos ponteiros do relógio, efeito gerado pela repetição dos elementos no mesmo sentido. 

Quanto à escala do que é representado, estamos perante um plano de conjunto, onde duas personagens são visíveis na sua totalidade. A relação de escalas também ajuda na separação dos planos, nomeadamente nos elementos que não se sobrepõe, como é o caso da figura da ave que em relação ao barco se encontra num plano mais aproximado.

Quanto à organização estrutural da composição e à distribuição de pesos visuais, elementos com grandes dimensões são colocados ao centro, tornando a composição mais simétrica, efeito que pode também ser conferido com a inserção do duplo círculo sobre a composição. Elementos de grandes proporções e portanto num plano aproximado ganham também relevância como é o caso do banco e das personagens. Em questões de peso visual o tratamento superficial também pode ser relevante, assim, mesmo que pequenos em tamanho, elementos que se encontram em folha virgem não impressa, adquirem brilho e reflexo, o que contribui para o seu destaque. Na parte inferior da composição, a horizontalidade é conseguida pelo banco, elemento que se assemelha a um rectângulo.

As personagens, figuras centrais, são por sua vez, sobrepostas a esta horizontalidade, a figura da direita numa pose mais estática e simétrica, onde o ícone do guarda-chuva, elemento vertical, colocado ao centro da figura, dá ênfase à simetria mencionada. A figura à esquerda, ganha destaque pela inclinação corporal a que foi sujeita, em termos estruturais cria uma linha oblíqua de tensão que é por sua vez harmonizada por outro elemento mais pequeno, a ave, por outro lado a posição das asas dando seguimento á linha do chapéu da figura acaba por contrariar esta ideia guiando-nos novamente para a linha oblíqua e para a posição inclinada da figura. As personagens concentram-se no terço superior da composição e são encimadas por estrelas de formato e tamanho irregular e de distribuição aleatória, que se repetem no espaço.

Com o recurso ao exercício da lei dos terços, podemos perceber esta divisão da imagem em três secções horizontais, que corresponde à divisão que fizemos numa primeira instância. Assim, a secção inferior corresponde ao espaço dedicado ao texto, podemos ver como a linha do terço inferior se sobrepõe à linha do chão, e a secção superior corresponde ao limite do preenchimento da maioria das estrelas salvo três excepções, a linha do terço superior acaba por estar alinhada praticamente com o olhar das personagens. Podemos também observar que a linha superior do banco coincide com o meio da composição (na horizontal) e que o centro da composição (na vertical) corresponde praticamente à linha de separação entre os corpos das figuras. 

Há também alguma cadência (ritmo), conseguida pela repetição, mesmo que irregular, das linhas do mar e nos elementos das estrelas já mencionados, assim como nas linhas e pontos repetidos nas vestimentas. Aqui é de notar que nas vestes da personagem à direita a simulação da textura é feita aleatoriamente, pretendendo cobrir simplesmente a área a que se sobrepõe, por outro lado, a simulação de textura nas vestes da personagem à esquerda, é feita por linhas diagonais, seguindo o movimento de inclinação da personagem, dando ênfase ao mesmo. 

Quanto às cores utilizadas na embalagem, o amarelo e o vermelho apresentam-se como cores dominantes, fortes e vibrantes, o preto confere-lhe o carácter e acentua a expressividade e legibilidade. O contraste cromático é realizado pelo recurso a duas cores primárias (o vermelho é considerado cor primária em muitas gráficas em vez do magenta), ambas de tons quentes, onde a cor predominante é o amarelo. As cores são mate, planas, sem gradações de tonalidade. 

O texto na embalagem é colocado sob a ilustração, ocupa parte inferior da área impressa, correspondendo a um terço aproximadamente, está centrado, além de ter sido escolhido um peso com boa legibilidade, o que contribui para a horizontalidade já referida, em comunhão com a linha do horizonte e de elementos como o já mencionado banco assim como o mar, que também se encontram na parte inferior da composição. Podemos diferenciar três tipografias, uma destinada à designação da marca, em caixa alta, Grand Caps, sem serif, colorida a vermelho e contornada a preto acentuando o peso e o destaque da palavra. As outras duas tipografias também em caixa alta, e sem serif, são impressas a preto, onde uma se apresenta numa versão narrow e outra em versão wide, esta última de desenho fino, onde também notámos um distanciamento excessivo entre as palavras.

DESCRIÇÃO TEMÁTICA

A relação título/imagem torna-se clara e imediata pela tradução do termo francês ‘Amourette’ por ‘paixoneta’ ou ‘namorico’. De início pensamos que o termo seria italiano, visto que a legenda se encontra nesta língua, no entanto, para tal o termo correcto seria, de acordo com o dicionário, ‘amoretto’.

Na realidade em 1951, segundo a Revista Conservas de Peixe, ‘Amorsinho’ apresenta-se como uma nova marca da exportadora Luiz Viana, como se trata de um sinónimo da tradução supomos que foi uma variante da marca ‘Amourette’, realizada para outros mercados de língua portuguesa, deduzimos ainda que com a mesma ilustração, pois apesar de não termos encontrado nenhuma embalagem da marca, temos o exemplo das marcas ‘Sailor’ e ‘Marinheiro’ ambas com o mesmo rótulo. 

A ilustração enfatiza o nome do produto ‘Amourette’ e é uma representação literal deste, pois em tudo representa um ingénuo casal de crianças. É composta por duas personagens, duas crianças, num plano aproximado de destaque, uma rapariga à esquerda e um rapaz à direita sentados num banco, poderia também tratar-se de uma ponte, no entanto temos um pormenor de duas flores junto ao suporte esquerdo do banco, a partir do qual é feita referência a um espaço verde, um jardim talvez. Situamo-nos à beira-mar, pois temos os elementos como o barco, e uma grande extensão de água até à linha do horizonte. Tratando-se de uma marca portuguesa e de peixe português, como é descrito na legenda, podemos situar-nos na costa portuguesa, no entanto não há nenhum elemento explícito desta conotação, a ilustração é vaga o suficiente para representar inúmeros locais. O local costeiro leva-nos por sua vez, a depreender que a ave representada, presente no lado esquerdo da composição situada um pouco acima do banco, se trata de uma gaivota. As estrelas presentes no céu induzem uma hora tardia, apesar de a cor utilizada para o mesmo ser o amarelo. As duas crianças encontram-se então sós na noite, e tendo em conta a vestimenta das figuras, a rapariga de vestido e o rapaz de calções e ambos de chapéu, devemos situa-los na estação da Primavera, pois apesar da roupa fresca que utilizam, o rapaz segura num guarda-chuva, o que induz que a temperatura será amena com ocorrência de chuva, própria desta estação.

A linha do horizonte na parte inferior da composição situa o espectador numa posição inferior, abaixo das crianças e da acção que está a decorrer.A rapariga inclina-se para o ouvido do rapaz, levantando o braço e escondendo a boca com a mão, parece segredar-lhe algo. A expressão do rapaz não é muito clara, no entanto os lábios parecem ter sido desenhados sobre uma linha curva, aliado às linhas nos cantos da boca, dando a noção de saliência das bochechas, o rapaz parece apresentar um sorriso. De postura direita, simétrica, o rapaz aparenta uma atitude mais contida em relação à rapariga, que ao contrário toma a iniciativa da acção que decorre.

O duplo círculo parece-nos um elemento estranho, que se impõe sobre a acção, no entanto acaba por concentrar o olhar do espectador sobre a mesma, e talvez acentuar a ideia de representação fotográfica de um momento.

Por fim, a composição é rodeada por uma linha de peixes, elemento repetido no sentido da esquerda para a direita, formando uma moldura e delimitando a imagem como referido anteriormente.

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