ALMADA MINEIRA, MANUFACTUREIRA E INDUSTRIAL

artigo de Jorge Custódio, técnico superior do IPPAR

Artigo publicado na revista “Al-madan”, do Centro de Arqueologia de Almada

ALMADA MINEIRA, MANUFACTUREIRA E INDUSTRIAL – revista “Al-madan”

Outubro 1995 – II série – nº 4 Al-madan

Transcrição do texto referente à indústria conserveira:

O sistema fabril alastra a outros sectores

Para além das unidades corticeiras, a industrialização estende-se à indústria conserveira. A cerâmica, a metalurgia e a indústria de adubos e óleos especiais, remontando a tradição dos sectores industriais de 1820.

A indústria conserveira talvez possa considerar-se, ao lado da indústria da cortiça, o sector mais autóctone da “industrialização” de Almada, com raízes bastante antigas, que remontam à época romana 49.

49 – Em 1981 foram descoberto sem Cacilhas imponentes tanques de preparação do garum. Sobre este assunto existe abundante biografia.

Dava resposta à tradição piscatória dos núcleos urbanos ribeirinhos e viabilizava aproveitamentos, não apena na área da indústria alimentar, mas também no aproveitamento industrial dos subprodutos do peixe, tais como as farinhas, os óleos e o guano.

Há toda uma investigação a fazer em Almada para o período pré-Appert da conserva do pescado. Aqui só queremos evidenciar a modernização da indústria conserveira, entre os finais do séc. XIX e os meados do séc. XX.

As unidades mais importantes do concelho de Almada foram a Ramiro Leão & Cª, conserveira de vários produtos, a fábrica do Moreira, a La Paloma, ambas no Ginjal e a Invencível, de César Guerreiro, no Caramujo.

Em 1940 existiam em laboração sete unidades fabris no concelho, duas no Ginjal, duas na Trafaria e uma em Porto Brandão, Cacilhas e Caramujo. Todas elas eram pequenas unidades sem fabrico interno de lalas para as conservas em molhos, à excepção da Gio Batta Trabuco Lda, que tinha fabrico próprio da lata redonda. Duas delas – La Paloma e Mota Raimundo Irmão Lda, respectivamente do Ginjal e de Cacilhas – encontravam-se relativamente mecanizadas, com diversas máquinas operadoras em funcionamento.

A resposta local ao fabrico de latas era garantida, no Ginjal, pela latoaria mecânica de Eduardo de Oliveira, também fabricante de latas redondas, mas este fabrico destinava-se sobretudo as conservas de azeitonas e a embalagem de azeite.

NOTA do Can the Can: A empresa A. Leão & Cª Lda. era apelidada de “fábrica do Moreira”, ou do “Galego Moreira”

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