A Indústria Conserveira na Construção da Malha Urbana no Algarve: CONSIDERAÇÕES FINAIS e BIBLIOGRAFIA
Armando Filipe da Costa Amaro
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 182
5. BIBLIOGRAFIA 192
O processo de conservação de alimentos terá surgido antes do Império Romano, mas foi durante este período que terão sido construídas cetárias em Portugal. As localizações destas construções indicam-nos a presença das matérias primas necessárias, para a produção de conservas, nos locais onde foram construídas. A presença destes recursos naturais terá sido o principal fator para a instalação, mais tarde, das modernas fábricas de conserva de peixe e molhos, que coincidem, em vários locais, com as instalações das cetárias romanas.
A localização das primeiras fábricas de conserva de peixe em Portugal, demonstra que o principal fator para a instalação destes edifícios continuava a ser a abundância de peixe.
Contudo, outros fatores foram preponderantes. Todas estas evidências demonstram uma tradição evolutiva da utilização dos recursos naturais, para a conservação de alimentos, desde a época Romana até às fábricas industriais do século XIX.
No Algarve, os quatros centros conserveiros importantes da região estavam inseridos em portos piscatórios e comerciais, junto a centros urbanos, onde já existiam pequenos armazéns para a conservação de peixe em salmoura. A indústria, inicialmente, era bastante rudimentar e não necessitava de estruturas de apoio complexas. Por essa razão, o principal fator na escolha da localização era o acesso ao mar ou a proximidade da lota.
A ferrovia chega ao Algarve no início do século XX, sendo a sua importância para a região inegável, uma vez que veio facilitar a chegada de algumas matérias primas, assim como a deslocação de pessoas, entre o Algarve e a capital. No entanto, a introdução desta estrutura nos centros conserveiros não influenciou a localização das novas fábricas, nem conseguiu, na verdade, concorrer com a principal forma de exportação de conserva que era a via marítima. A única exceção seria o transporte para países da europa central, sem acesso ao mar, ou em que a viagem de comboio fosse mais rápida e segura.
Nos casos de Lagos e Portimão, a chegada tardia da ferrovia – apenas nos anos vinte– terá contribuído para esta falta de relação geográfica com a indústria. No caso de Lagos, a ferrovia encontra-se na margem oposta à cidade, sem proximidade de fábricas. Por sua vez, em Portimão, a ferrovia é construída junto a um conjunto de fábricas, já instaladas numa zona menos valorizada, onde se concentram, além destas, armazéns e algumas habitações de operários. A chegada da linha de caminho de ferro não alterou a génese daquela zona da cidade, apenas reforçou o seu carácter produtivo e industrial. Em Olhão, a construção da linha de caminho de ferro marcou um limite entre a zona urbana consolidada e a zona de expansão da cidade, onde surgiram, posteriormente, várias fábricas, algumas junto à linha, mas nenhuma com relação ou ligação à estação de caminho ferro, devendo-se a sua localização provavelmente à especulação e ao preço dos terrenos da periferia da cidade.
Por fim, em Vila Real de Santo António, a linha de caminho de ferro instala-se a norte, com uma ligação ao Rio Guadiana, passando por duas fábricas de conserva que já existiam anteriormente, sendo que, posteriormente, apenas uma fábrica se instalou na proximidade do caminho de ferro.
De uma forma geral, conclui-se que a linha de caminho de ferro ajudou a definir as zonas industriais e reforçou o carácter industrial destes centros conserveiros, sendo importante para esta indústria assim como terá sido para outras, mas não influenciou a localização das fábricas de conserva ou alterou, significativamente, a forma de exportação do produto final da indústria.
O caminho de ferro não foi a única infraestrutura a influenciar a indústria conserveira ou a transformar a realidade urbana nos centros conserveiros do Algarve. Estruturas como pontões ou cais privados, ocuparam zonas e terrenos costeiros, que se transformaram e consolidaram de forma a potenciar a expansão urbana. Estas e outras alterações levaram a uma evolução transformativa da linha de costa destes locais.
Os pontões de madeira proliferavam nos centros conserveiros, tendo sido mais comuns no início do século XX, quando não existia uma estrutura portuária comum, que permitisse um fácil acesso às embarcações que movimentavam os produtos da indústria conserveira. Em alguns casos, estas estruturas foram transitórias. A sua utilização ocorreu, principalmente, na margem dos rios, como se vê pelos exemplos estudados, do Rio Arade (Portimão/Lagoa) e Rio Guadiana (V.R.S.A.).
No caso de Portimão, a dispersão das fábricas obrigou a utilização destes cais privados, que só desapareceram com o fim da indústria conserveira. Neste exemplo, vemos alguns destes cais equipados com estruturas que permitiam transportar, em cestos, o peixe para dentro da fábrica ou para junto da mesma. No caso de Vila Real de Santo António, a utilização destas estruturas multiplicou-se com o surgimento de novas fábricas, todas as que estavam implantadas junto ao rio tinham o seu cais privado.
184 – Relação entre o surgimento do caminho de ferro e as fábricas conserveiras nos estudos de caso. Elaborado pelo autor
185 – Evolução da linha de costa, aterros e pontões, dos estudos de caso. Elaborado pelo autor.
A estes, juntavam-se os utilizados pela lota, outro que fazia ligação à linha férrea, bem como aqueles que seriam, provavelmente, de estaleiros ou utilizados por outras atividades ligadas à pesca. Alguns destes, mostram também, evidências de estruturas que permitiam facilitar o transporte do pescado até à fábrica. Devido ao peso, eram utilizados guindastes para descarregar o atum, que depois era transportado para a fábrica de várias formas, sendo que em alguns casos temos carros sobre carris para transportar o peixe até à fábrica. A regularização da linha de costa devido a aterros e a construção de docas comuns, levou ao desaparecimento quase por completo destas estruturas em Vila Real de Santo António.
No caso de Olhão, a utilização destas estruturas foi restrita a um pequeno conjunto de fábricas, que estava junto à ria, onde é possível identificar pontões do século XIX, quando a baixa da cidade começou a regularizar-se. Posteriormente, devido aos sucessivos aterros privados e camarários, solidificou-se uma zona comum para a descarga de peixe junto aos mercados municipais. Desta forma, a maioria das fábricas procurou terrenos interiores, devido às condições dos terrenos alagadiços e pantanosos da ria, pelo que não foram construídas mais estruturas deste tipo. A partir do anteplano, a regularização da linha de costa foi definitiva, sendo que a construção da doca pesca contribuiu para o desaparecimento destas estruturas, ao substituir a sua função.
Em Lagos, as condições portuárias eram diferentes dos demais casos. Com uma ribeira de caudal menos significativo, a atracagem de pequenas embarcações era feita no areal, junto à cidade, em diferentes zonas. A construção do Cais da Solaria, no início do século XX, concentrou, naquele local, as cargas e descargas de peixe, ainda que se continuassem a fazer também junto de outros pontos, ao longo da cidade, quando a maré e o tempo o permitiam. A linha costeira da cidade manteve-se, assim, até a construção da Avenida da Guiné, que tinha como principal função facilitar o acesso a zona do Cais da Solaria, permitindo que junto a este se amarrassem as embarcações para cargas e descargas. Após a concretização do anteplano de urbanização transformou-se, definitivamente, a linha de costa da cidade, transferindo a maioria da atividade piscatória para o outro lado da Ribeira de Bensafrim.
O surgimento dos cais privados nestes locais está interligado com a indústria conserveira, mas existiram estruturas costeiras e transformações da linha de costa que ocorreram em paralelo. Não é possível afirmar que estas ocorreram devido à indústria, ou se a evolução da linha de costa teria ocorrido da mesma forma, sem estudar outros locais e observar outros padrões de evolução em locais sem esta indústria, no Algarve. É, no entanto, possível, relacionar a importância da indústria conserveira para estas alterações. O incremento das atividades piscatórias nestes locais, assim como a importância das condições acesso para as embarcações, levou à construção do Cais da Solaria em Lagos, ao assoreamento do Rio Arade, patrocinado pelos conserveiros locais e à melhoria das condições do porto de Portimão.
Em Olhão, devido as condições naturais, a luta de todos os que viviam da pesca era o assoreamento dos canais da ria, para o normal funcionamento do porto da cidade.
Nos quatro estudos de caso, existiram aterros para a consolidação de zonas alagadiças.
Em Lagos e em Portimão, estes aterros formaram grandes áreas de expansão urbana dividida em lotes, para a ocupação de indústria e serviços. No caso de Portimão, o surgimento de fábricas de conserva nestes lotes foi uma realidade evidente, ao contrário do caso de Lagos. Este processo de expansão urbana deveu-se à necessidade criar espaço para novas construções, prevendo-se um contínuo crescimento industrial e económico. Não foi possível, no entanto, encontrar documentação que suportasse a multiplicação de fábricas de conservas, nos anos 20, como a razão da terraplanagem destas zonas ou por outro motivo ligado à indústria conserveira. Em Olhão, a consolidação de zonas alagadiças está na origem da construção da sua zona ribeirinha, primeiro por armazéns e depois por algumas fábricas, junto à Ria Formosa. As grandes transformações da linha de costa ocorreram mais tarde, com a execução do anteplano. Assim foi, também, em Vila Real de Sanro António, onde se iniciou a regularização da linha de costa com um aterro em frente às fábricas, a sul, e com a expansão da área do porto, a Norte.
Todas as transformações que são perceptíveis no estudo da evolução da linha de costa terão, na sua generalidade, beneficiado a indústria conserveira, seja pela melhoria de condições portuárias ou de estruturas que facilitavam a navegação, assim como a atividade piscatória. Não é possível clarificar, concretamente, que todas as transformações ocorridas tenham sido devido à forte presença e influência do parque industrial conserveiro, nestes centros, mas, a sua influência económica parece ter acelerado, na generalidade dos casos, o desenvolvimento destes locais e, como consequência, levado a estas transformações urbanas.
Torna-se, no entanto, evidente, nos anteplanos, que a perda de fulgor da indústria em alguns dos casos estudados relegou a sua importância para segundo plano, já com vista ao potencial do turismo, nos anos quarenta e cinquenta, sendo Lagos o caso mais evidente.
Para esta perda de importância da indústria contribuiu, também, o pensamento urbano e o modelo de cidade pretendido, que dividiu e estratificou a cidade por zonas, onde cada atividade tinha o seu lugar, não existindo cruzamento destas. Promoveu uma ideia de higienização do centro da cidade e a purificação das zonas de património, limpando pequenas construções agregadas e ajardinando o espaço envolvente, como aconteceu no pano da muralha de Lagos.
Ainda no que diz respeito à relação entre a cidade e a indústria conserveira, foi importante analisar o padrão de implantação ao longo do tempo, assim como a forma como esta relação evoluiu.
A literatura relata que as primeiras fábricas de conserva seguiram, na sua maioria, o modelo dos pequenos armazéns de salga que, devido à sua dimensão, se inseriam facilmente no tecido urbano existente. Foi possível confirmar a existência de armazéns de salga plenamente integrados nas estruturas urbanas existentes, dentro dos recintos amuralhados ou integrando zonas consolidadas. Do grupo de fábricas ainda do século XIX, que foi possível identificar, apresentam na sua maioria dimensões superiores aos armazéns de salga. A localização destas fábricas segue dois padrões distintos: o mais comum é a sua localização no limite da malha urbana consolidada, onde ainda existiam terrenos livres para a implantação destas. Exemplo disso foi a implantação, junto à muralha de Lagos, a norte do centro urbano em Portimão, ou junto à malha urbana consolidada em Olhão. Por oposição, o outro modelo foi o de procurar zonas isoladas na preferia das vilas, afastando-se dos centros urbanos, provavelmente devido aos preços do terreno e ao espaço disponível. Temos, como exemplo, os casos de Lagos e Portimão, com fábricas na margem oposta à cidade, ou em Vila Real de Santo António, com duas fábricas a instalarem-se na zona norte, afastadas da malha urbana consolidada, à época. Apesar desta análise às primeiras fábricas, várias instalações do mesmo período foram impossíveis de localizar. A existência de pequenas fábricas que não tenham funcionado durante muito tempo, é a mais provável explicação para a falta de informação sobre a mesma; outra hipótese é que no mesmo edifício tenha passado a funcionar outra empresa, levando ao esquecimento da sua antecessora.
Entre 1900 e 1925, o período em que surgiram o maior número de novas fábricas e o maior número de fábrica em laboração simultânea no Algarve (e em Portugal), o padrão foi o da formação de núcleos de fábricas. As zonas onde estes aglomerados de fábricas surgiram variou, consoante a estrutura urbana e quanto às características do território onde estavam inseridos os centros conserveiros. Em Portimão, assistimos ao surgimento de fábricas ao longo do Rio Arade, em ambas as margens, sendo que do lado de Portimão temos um núcleo mais concentrado, devido à extensão da malha urbana da cidade, em contraste com a dispersão na margem oposta, onde existia mais espaço disponível. Em Vila Real de Santo António, as fábricas ocuparam o espaço disponível, ao longo do Rio Guadiana. Neste caso específico, a matriz ortogonal da malha urbana, que tinha de ser respeitada, facilitou a ocupação do espaço disponível pelas fábricas e a sua agregação em dois núcleos principais, sendo que as restantes fábricas se implantaram junto à malha urbana existente, mas em zonas mais interiores. No caso de Lagos, devido à falta de espaço junto ao mar, as fábricas ocupariam espaço interior, na periferia da cidade. Os novos edifícios fabris surgiram quase todos perto das fábricas existentes, formando núcleos.
Em Olhão, as fábricas rapidamente ocuparam os espaços ainda disponíveis junto ao núcleo urbano, e começaram a surgir em zonas mais interiores afastadas do porto. O centro conserveiro de Olhão registou o maior número de fábricas da região, neste período. O seu surgimento rápido fez com que não existisse uma separação de zonas (habitação, indústria e comércio) na malha urbana, que cresceu na continuidade da já existente durante este período.
Apesar dos diferentes padrões de implantação e de crescimento da malha urbana observados nos estudos de caso, em todos eles, foi neste período que se deu o maior crescimento industrial e consequentemente um grande crescimento da malha urbana. Devido à euforia dos anos vinte, surgiram fábricas de várias dimensões, que ocuparam o território de forma mais aleatória do que em outros períodos, sendo isto mais evidente em Olhão do que nos restantes exemplos estudados. Após este período, devido à regulamentação restrita que entra em vigor, o número de novas fábricas que surge, depois deste período, no Algarve, é bastante reduzido, com a maioria das novas empresas a ocupar as instalações já existentes ou a surgir junto das mesmas. Foi impossível localizar todas as fábricas existentes nos centros conserveiros estudados devido à falta de informação publicada sobre o tema, bem como à falta de registos mais completos da atividade industrial no Algarve. Nesse sentido, foi impossível determinar a data exata da atividade conserveira de todos os edifícios localizados, muitas vezes existindo a possibilidade de ter existido atividade antes ou após do que foi possível apurar. Por esse motivo, não é possível ter a certeza do número real de novas fábricas, após 1925, mas a amostra recolhida é suficiente para afirmar que esse número foi bastante reduzido. Esta ideia é ainda suportada pela bibliografia, pois sabemos que depois da crise financeira, a maioria das novas fábricas em Portugal surgem em Matosinhos, que entre os anos 30 e 40, se tornou no centro conserveiro com maior número de fábricas do país. Esta realidade deveu-se à fala de matéria prima a sul do país, o que explica a perda de fulgor dos outros centros conserveiros, onde se incluem os do Algarve. No entanto, a indústria manteve a sua importância para os centros algarvios e para a pesca na região, em alguns dos centros, até à viragem do século.
O aumento do número de fábricas, ao longo do tempo, levou ao crescimento populacional nos centros urbanos, culminando na sobre população das zonas habitacionais existentes, contribuindo para a falta de salubridade e para o surgimento de formas precárias de habitação.
No início do século XX, a população da região do Algarve assumia uma tendência crescente, e as localidades estudas não foram exceção. A industrialização das vilas potenciou o seu desenvolvimento, atraindo população para os centros urbanos, provocando o êxodo rural. Através da análise demográfica da população dos vários concelhos, é perceptível o aumento exponencial nos centros urbanos, em contraste com as zonas rurais. Esta onda de crescimento demográfico duraria até à 1ª Guerra Mundial. Devido ao conflito, à instabilidade económica na maioria dos sectores e à gripe pneumónica, assistindo-se a um grande decréscimo da população algarvia, até 1920.
Nos casos estudados, apesar do conflito ter sido responsável por um dos melhores períodos da indústria conserveira em Portugal, também nestes casos existiu uma diminuição da população. A indústria, apesar da sua importância, não foi capaz de contrariar a tendência populacional negativa que se verificou na região. Para isso, contribuiu a gripe pneumónica e a escassez de alguns produtos alimentares, entre outros. A doença e a escassez de recursos teriam maior impacto na população dos centros urbanos e, especialmente, naqueles cujas condições de habitabilidade se afiguravam mais precárias, como era o caso da população operária nestes centros.
A necessidade de alojar a enorme vaga de população que ocorreu durante e no pós-guerra, levaria muitos industriais a encontrar soluções para alojar os seus operários.
Exemplo disso parece ser a “Aldeia do Feu”, em Portimão, que surge da vontade de alojar operários vindos de zonas rurais próximas.
A maioria das iniciativas habitacionais privadas deste período estão ainda por estudar, sendo o Bairro Operário desenhado por Carlos Ramos, para o industrial Cândido do Ó Ventura, em Olhão, um dos poucos casos divulgados. Nos casos em estudo, foi possível determinar que, em Portimão e Olhão existiam habitações para operários disponibilizadas pelos industriais, pelo menos, a partir dos anos vinte. Ainda assim, pouco se sabe sobre as condições da maioria destas construções, pela falta de documentação e por na sua maioria terem sido demolidas. Outro ponto que se coloca neste período é a relação entre as iniciativas estatais para a construção privada, e o surgimento de algumas filas de casas construídas pelos industriais – que não foi possível determinar.
Após um período conturbado, a indústria iria beneficiar de alguns anos de especulação, até 1925, contribuindo para a recuperação populacional que voltava a mostrar uma tendência bastante positiva, entre 1920 e 1930. No entanto, ao contrário dos restantes casos, a população de Lagos tendeu a estabilizar a partir de 1920, o que poderá estar relacionado com a sua perda de importância, em relação aos outros centros conserveiros da região, ou a outros fatores que não foram possíveis de identificar.
Os novos máximos populacionais, nos anos trinta, corroboram com as descrições de necessidade de habitações para as classes mais pobres, que levariam ao surgimento dos Bairros Operários de Portimão e Olhão. O surgimento destes bairros não foi ocasional, Portimão e Olhão apresentavam quase o dobro da população de outros centros conserveiros algarvios. Se no caso de Portimão o bairro surge depois de uma iniciativa do industrial Feu Caetano, em Olhão existiu uma vontade administrativa de atenuar os problemas urbanos existentes que são, em parte, explicados pela densidade populacional ali registada.
Estes bairros acabaram por não ter um impacto significativo, devido à sua dimensão, comparativamente com a percentagem de população que necessitava de habitação condigna.
Devido ao crescimento contínuo da população, mantinha-se o problema principal que era a sobre ocupação dos centros urbanos. No caso especifico dos bairros comparticipados pelo C.P.C.P., verificou-se ainda que as rendas eram muito altas para a maioria dos operários.
Entre 1940 e 1950, com a população a atingir novos máximos, apesar da 2ª Guerra Mundial e da escassez de peixe que se fez sentir, foram construídos vários bairros para atenuar a falta de habitação para as classes mais pobres. E, assim como na década de 30, Portimão e Olhão foram os centros onde mais se construiu, através dos programas públicos de habitação: Bairros de Casas Económicas, Bairros de Pescadores e Bairros para as Famílias Pobres. Em contraste, Lagos e Vila Real de Santo António viam apenas erguido um Bairro para as Famílias Pobres cada. Tal poderá ser explicado pelo baixo número populacional comparativamente aos outros casos estudados, pela sua estrutura urbana e pela maior dispersão da sua população pelo território, atenuando a maior parte dos problemas que se verificavam noutros locais. Aliadas a estas iniciativas habitacionais, os primeiros planos gerais de urbanização que começariam a ser pensados a partir de 1944, iriam contribuir para uma melhor distribuição da população pelo território, potenciando a resolução dos problemas caudados pela indústria conserveira. O caso mais evidente é o de Olhão, cuja população, entre 1930 a 1950, começa a decrescer, à medida que aumenta a população na periferia. Apesar de não ser uma descida acentuada, esta relação entre a população do centro urbana e a da periferia, poderá ser resultado das alterações impostas pelo anteplano, para promover a salubridade do centro, aliada à ocupação faseada dos novos bairros da periferia.
Através dos anteplanos, temos o diagnóstico dos problemas urbanos das cidades estudadas, nos anos quarenta. Além da confirmação da sobrelotação dos centros urbanos, foi possível identificar em que zonas ocorria esta sobre ocupação exagerada. No caso de Lagos, apesar de não se atingir grandes níveis de densidade populacional na cidade, isso acontecia numa área da cidade. A “Aldeia”, como tinha sido batizada, era a zona onde habitavam a maioria da população operária, criando um problema de salubridade. Apesar de não existir um registo que o suporte, podemos supor que, as habitações deveriam ter fracas condições de habitabilidade. Portimão tinha também um antigo núcleo de habitação operária, a norte do centro urbano, que foi aumentando de densidade populacional, apesar de todas as outras soluções que foram surgindo. Em Vila Real de Santo António não existe registo de qualquer problema de falta de habitação assinalável, ou aglomerados precários de habitação operária, com exceção do pedido que daria origem ao Bairro para as Famílias Pobres.
O Anteplano de Olhão, assim como nos outros casos registou as zonas de maior concentração populacional, que incidiam principalmente nos bairros mais antigos da cidade, no seu centro urbano. Para além disso, foi documentado um conjunto de locais que são identificados como “ilhas” e outras formas de habitação precária espalhadas pela cidade. A sua localização e descrição constam da documentação, sendo um importante registo das formas precárias de habitação paga (arrendada por privados), em que viviam muito trabalhadores das indústrias de conservas e outros que não tinha forma de arranjar um alojamento com melhores condições de habitabilidade. Este tipo de construções improvisadas em armazéns, e em quintais, não foram exclusivos de Olhão, e estão documentados em outros locais do país. Tal leva a crer que, muito provavelmente existiram noutros locais do Algarve, e até nas restantes cidades estudadas neste trabalho. Infelizmente, não foi possível encontrar documentação, registo ou testemunho de mais exemplos, sem ser a “Aldeia do Feu” mas, nesse caso particular, não era cobrada qualquer renda aos operários. Nos outros casos conhecidos em Portimão, como não foi possível determinar as condições das construções, não é possível enquadra-las com os restantes casos. Assim como os “Conventos”, em Olhão, edifícios de alojamento para operárias conserveiras cedidos, pelos industriais, em que não se sabe quais eram as condições habitacionais.
Apesar das melhorias progressivas nos anos quarenta, as construções precárias não desapareceram na sua totalidade, continuando a existir bairros abarracados ou auto construídos.
Em Olhão, um destes bairros é ainda possível de identificar junto à linha de caminho de ferro, apresentando, hoje, condições bastante diferentes. O preço das rendas, a existência de uma habitação própria, mesmo que com parcas condições ou a inexistência de fogos para todos, terá deixado muitos de fora dos bairros de iniciativa estatal, construídos neste período, perpetuando-se o problema. Outros fatores que podem ser relevantes para o surgimento e manutenção destas “ilhas”, em Olhão, ou noutros locais no Algarve, seria a população flutuante que migrava para a região nos meses de verão. Neste período de maior produção, muitos procuravam trabalho na indústria conserveira e, não sendo residentes, teriam de ficar temporariamente alojados em algum lugar. Esta é apenas uma hipótese, pois não existe um estudo sobre a origem da população residente nestas construções precárias. Contudo, o aumento de população num curto período, numa cidade já bastante preenchida, poderá ter contribuído para a necessidade destas tipologias precárias.
É ainda necessário ter em conta que, no período estudado, a maioria dos operários da indústria conserveira tinha uma condição laboral precária, devido a sazonalidade e à variação do volume de trabalho ao longo do ano. Esta realidade conduziu à necessidade de complementar os seus ganhos com outras atividades, como agricultura, pesca (no caso dos homens) e costura (no caso das mulheres). A necessidade de habitação nos centros urbanos foi uma realidade, mas a condição laboral terá sido, também, em muitos casos, um obstáculo, não sendo possível para muitos suportar o compromisso de pagar uma renda fixa, seja nos bairros estatais ou de uma casa alugada. Este será, também, um fator para a constante mobilidade entre as aldeias vizinhas e os centros urbanos. Por essa razão, muitos viviam a quilómetros destes centros, fazendo esse percurso diariamente, mantendo a sua habitação no campo ou em outras vilas piscatórias, o que permitia uma atividade complementar.
190 – Resumo das iniciativas habitacionais nos casos estudados
No espectro oposto a estas construções precárias, estão as vilas e casas dos industriais conserveiros. Neste trabalho não foi possível abordar este tema, mas também estas construções contribuíram para aumentar o tecido urbano, muitas vezes sendo testemunho da prosperidade da indústria. Parte destas construções encontra-se abandonada, mas outra, devido ao seu valor arquitetónico, foi reconvertida, como é o caso do Colégio do Alto em Faro, que pertencia ao industrial Júdice Fialho ou o conservatório Regional de Vila Real de Santo António, que foi habitação do industrial Ângelo Parodi. Estas são apenas referências já conhecidas, de um campo que carece de maior investigação, no sentido de valorizar estes exemplos da arquitetura privada industrial, do século XX, no Algarve.
Nas figuras 189 e 190, podemos estabelecer algumas conclusões entre os vários centros. No início do século XX, Lagos tinha dez fábricas, mais do que qualquer outro centro algarvio, e assim continuou até à 1ª Guerra Mundial. É então que Olhão iria tomar a dianteira, tendo em 1924/1925 (período em que se regista o maior número de fábricas em todos os centros conserveiros), uma diferença de 10 fábricas para Portimão. Podemos ver, ainda, que à medida que Lagos abranda, Portimão tomaria a liderança no Barlavento Algarvio, entre 1920 e 1930, passando a ter mais fábricas e maior número de habitantes. A relevância deste facto torna-se mais significativa ao constatarmos que a população dos dois centros era idêntica no início do século. Através dos dados apresentados (fig.189), podemos afirmar que em Vila Real a indústria teve um maior impacto, devido à dimensão dos edifícios fabris ali instalados, numa malha urbana mais reduzida. Olhão é o centro em destaque, tanto em população como em número de fábricas, o que ajuda a compreender os vários relatos de problemas de salubridade e sobre população no seu centro, bem como de falta de habitação.
Na figura 190 podemos observar como as iniciativas habitacionais foram espelho da existência de problemas nos centro conserveiros. Lagos e Vila Real, com menos população, não teriam tantos problemas de falta de habitação, sendo que apenas se construíram bairros para as Famílias Pobres, e numa fase mais tardia. Por outro lado, nos outros dois centros, surgiram bairros mais cedo, de carácter experimental e únicos, como o Bairro Lucas e Ventura ou os bairros comparticipados pelo C.P.C.P./I.P.C.P., destinados apenas aos operários conserveiros.
Em termos gerais, o estudo efetuado é representativo da indústria conserveira no Algarve. Os casos estudados (Lagos, Portimão, Olhão e Vila Real de Santo António) foram os mais importantes centros conserveiros da região, sendo que todos os outros são de uma escala consideravelmente mais pequena, não deixando, por isso, de serem importantes no panorama regional. Poderão existir casos únicos, do ponto de vista organizacional, arquitetónico e até conserveiro, em outros locais que não foram abordados neste estudo, mas a recolha efetuada apresenta consistência suficiente para retratar o impacto da indústria na região.
A influência inequívoca da indústria na economia local e no desenvolvimento urbano, ficou demonstrada pela análise efetuada, assim como os problemas urbanos que criou levando à intervenção estatal para atenuar os mesmos.
Fica assim, claro, que existiram dois momentos: o primeiro, de crescimento exponencial e de lucros crescentes, onde o desenvolvimento da indústria impulsionou a transformação urbana, bem como das suas infraestruturas. E, um segundo, de maior estabilidade da indústria, no qual os centros urbanos tiveram de dar resposta aos problemas causados pela industrialização e pelo grande aumento de população, resultando em várias iniciativas de habitação.
Estes dois momentos são separados por um período de crise, que transformaria a indústria conserveira e a sua organização, resfriando a multiplicação dos números de fábricas que surgiam nos períodos de maior procura. No que diz respeito à individualidade de cada caso, a estrutura urbana pré industrialização teve influência no desenvolvimento posterior assim como as a topografia e hidrografia envolventes. No Algarve, Olhão destaca-se como o caso mais evidente da influência e do impacto da indústria, não só pelo número de fábricas que laboraram naquela localidade, mas também pela forma como a indústria e a cidade se misturaram. Os problemas ali identificados, assim como as tipologias de habitação precária ou a intervenção estatal, são um retrato dos problemas que surgiram da industrialização nas vilas algarvias, assim como de diversas iniciativas habitacionais ou do planeamento organizativo da cidade, no século XX. Se no que diz respeito à indústria conserveira, o Algarve teve sempre uma posição secundária, face a outros centros do país, quanto às iniciativas públicas de habitação, foi muitas vezes pioneiro, frequentemente um caracter experimental.
Até mesmo nos Anteplanos de urbanização, destaca-se a radicalidade e rapidez do Anteplano de Olhão, elaborado no próprio ano do decreto lei. Ou o caso de Lagos, que demorou mais de dez anos a ser desenvolvido e posto em prática, assumindo um carácter assertivo e transformador de toda a linha de costa da cidade, revelando uma acentuada preocupação com o turismo.
A primeira metade do século XX foi um período de transformação e crescimento urbano no Algarve, motivado pela indústria. A indústria conserveira foi uma das que mais contribuiu para essa transformação, principalmente na zona litoral. Apesar da sua influência ser mais acentuada no primeiro quarto do século, a sua presença levou à necessidade de racionalizar e organizar as vilas, que se tinham tornado cidades.
A sistematização da informação recolhida e presente neste trabalho pretende contribuir para a compreensão da evolução urbana no Algarve, que teve uma relação direta com a industrialização provocada pela instalação de fábricas de conserva, no litoral.
Este trabalho não pretende ser o fim, mas sim parte do conhecimento que temos sobre o nosso território, e que nos permite olhar o passado mas também o presente e o futuro.
Estes centros apresentam, ainda hoje, espaços expectantes, ruínas industriais, chaminés e outras estruturas que resultam do período estudado. Este trabalho pretende, por isso, contribuir para que o debate e a intervenção sobres estes espaços e estruturas seja mais informada, valorizando este património.
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