Os Açorianos e as Pescas, 500 anos de memórias - Claudinos

“Até à última década do passado século, possuiu uma comunidade piscatória muito activa, com mais de meia dúzia de embarcações e cerca de duas dúzias de pescadores efectivos.

No porto existiram tanques de salga. Os Claudinos, três irmãos, José, Tiago e Pedro, com origens na ilha do Faial, foram os mais activos destes pescadores e possuíam três tanques de salga no porto, onde faziam seca para venderem pelas freguesias e nas mercearias de algumas partes da ilha.

Abasteciam de albacoras e bonitos o Iugar da Ponta da Fajã e a própria Faã Grande, pois em muitos anos esta espécie era escassa. Na época das albacoras e dos bonitos, chegavam a fazer duas barcadas de peixe por dia, uma durante a manhã, outra da parte da tarde.

O porto da Fajã Grande das Flores, situado na costa Oeste da ilha, foi um porto de considerável actividade marítima e piscatória nos últimos dois séculos. Esta relevância deveu-se sobretudo ao seu posicionamento geográfico do ponto mais ocidental da Europa, estando situado na rota marítima entre a Europa e a América. Foi escalado por mais de um século, por navios, sobretudo baleeiros americanos, que tomavam refresco, faziam aguada e, ainda que de modo clandestino, recrutavam tripulantes para completarem as suas tripulações.

Até à construção da estrada, a movimentação de cargas e até de pessoas durante o Verão com os restantes portos da ilha e com o próprio Corvo, efectuava-se por via marítima.

Foi um local preferencial para embarques clandestinos para a América, onde muitas vezes as embarcações de pesca faziam disfarçadamente os embarques, em locais encobertos do povoado, ou pela calada da noire. Muitos desses emigrantes que tripularam navios americanos, regressaram à sua terra natal na condição de marítimos, adquiriram embarcações de pesca e até alguns foram baleeiros.

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The most active of the e fishermen were the three Claudino brothers, José, Tiago and Pedro, who came from the island of Faial; they had three tanks in the port, where they dried fish to sell in the villages and groceries around the island.

They supplied albacore and bonito to the hamlet of Ponta da Fajã and Fajã Grande itself. since in many years these species were scarce. In the albacore and bonito season, they caught two boatloads of fish a day, one in the morning and the other in the afternoon.

During the last two centuries, Faja Grande das Flores, on the island’s west coast, was an extremely busy sea and fishing port. This was mainly because of its geographical position at the westernmost point in Europe, on the sea route between Europe and América. For more than a century it was a port of call for ships, mostly American whalers; they used to stop here to revictual, take in fresh water and, albeit clandestinely, to recruit more men for their crews.

During the summer, until the road was built, goods and even people used to be transported by sea to and from the other ports on the island, and to and from the island of Corvo. Fajã Grande was a favourite spot for clandestine embarkations for América, out of sight of the village or at dead of night, often using fishing boats to disguise the boardings.

Many of these emigrants who joined the crews of American ships returned to their native land as seamen and bought fishing boats. Some were even whalers.

in, Os Açorianos e as Pescas, 500 anos de memórias – João A. Gomes Vieira

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