Excerto, "de Setúbal e a Indústria Conservas" - 1950 - Guilherme Faria

Parece que o segundo estabelecimento industrial de Setúbal, por este sistema, deve ter pertencido a portugueses e).

É frequente ouvir citar vagamente ter sido, na nossa cidade, Manuel José Neto o precursor do fabrico de sardinhas enlatadas em azeite.
 
… Manuel José Neto, proprietário da época, e parece que homem de grande iniciativa, teve,  volta de I865-1870, uma fábrica ( 6 ) de peixe enlatado, em azeite, mas onde preparava somente, em latas grandes, peixe do anzol (goraz, pescada, etc.) que exportava principalmente para o Brasil. Pela mesma época existiria outra fabrica do mesmo género (i), de proprietário não identificado.
 
Manuel José Neto só posteriormente fabricou sardinhas, estando estabelecido no local onde é hoje a fábrica Perienes; a ultima fase da sua actividade industrial e assinalada, já empobrecido, numa fabriqueta da Ladeira de S. Sebastião, à esquerda de quem vai de Palhais, com trazeiras para a antiga Rua da Parreira, hoje de Gil Vicente.

Anda ligado ao nome de Manuel José Neto o aspecto um tanto pitoresco do cozimento (digamos assim) do peixe, em forno de padaria. Assinale-se porem que muitos industriais portugueses e durante anos usaram este processo, cozendo, ou antes, estufando as sardinhas em pequenos fornos que tinham nas suas fábricas. Designava-se esta operação por fornear o peixe. Os industriais franceses é que desde a primeira hora devem ter cozido o peixe em cofres, estes não de pressão, como hoje, mas de vapor de água vindo directamente de caldeira que lhe ficava em plano inferior, e aquecida esta a fogo directo.

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